Com professores negros, ESPM quer analisar representatividade

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Com professores negros, ESPM quer analisar representatividade

"Me Representa!" tem o objetivo de discutir as influências africanas na cultura e brasileira e sua importância para os negócios da publicidade


10 de janeiro de 2018 - 7h00

(Crédito: Reprodução)

“Não estamos falando de uma minoria, mas sim de uma maioria que, infelizmente, é tratada como minoria.” É dessa forma que Luciana Cruz, coordenadora de criação da ESPM-Rio, explica o novo curso oferecido pela instituição, que tem como objetivo aprofundar o entendimento sobre a influência negra na sociedade brasileira e debater a importância da representatividade na indústria da comunicação.

Com o nome “Me Representa! Marcas e representatividade”, o curso de extensão terá início em março e terá um diferencial em relação aos outros projetos educativos já ministrados na ESPM: será a primeira extensão a contar com corpo docente 100% composto por professores negros.

“Não poderíamos nos aprofundar em um assunto tão urgente e importante para a sociedade sem trazer a visão de quem realmente sente e vivencia as questões raciais no dia a dia. Claro que poderíamos ter professores brancos, que também possuem vasto conhecimento e estudo sobre o assunto. Mas não seria a mesma coisa do que dar voz a pessoas imersas na questão”, explica Luciana, que também é coordenadora da ESPM Social.

A ideia de criar um curso específico para debater a representatividade dos negros na publicidade e na sociedade brasileira nasceu das experiências de Luciana na área acadêmica. Publicitária, a profissional sempre se interessou por questões sociais e vem procurando, por meio de sua posição na universidade, trazer para o ambiente acadêmico assuntos que pautam o dia a dia das agências e anunciantes. “A profusão de cursos e estudos sobre diversidade e representatividade mostram que o ambiente acadêmico está defasado em relação à realidade. E uma escola como a ESPM, que ajudou a formar o mercado publicitário, tem a missão de observar a sociedade e refletir aquilo que está acontecendo”, comenta.

Embora acredite que a questão racial e a pouca presença de negros nos ambientes de agências e até mesmo no acadêmico ainda são temas a serem encarados pela sociedade, Luciana acredita que o fato de toda a indústria começar a levantar essas questões já é um grande passo. “Temos um passado secular de dívidas em relação à questão racial e à igualdade entre homens e mulheres. O Brasil ainda é um país novo, com questões muito críticas. Além disso vivemos uma polaridade de ideias que acaba atrapalhando a análise independente desses temas que são importantes para a evolução da sociedade”, pontua.

Sobre o curso “Me Representa!”, Luciana explica que o currículo é composto por uma discussão acerca da herança africana na sociedade brasileira e análises de como a representatividade e igualdade racial podem contribuir não apenas para a evolução social, mas também para o incremento da economia nacional. Para levar esses temas aos alunos, a ESPM Rio convidou nomes como Katia Santos, pós-doutorada em Estudos Culturais pelo PACC/UFRJ e doutora em Letras pela Universidade da Geórgia (EUA); Maurício Pestana, jornalista, publicitário, cartunista, escritor e gestor; Monica Francisco, pesquisadora, colunista do Jornal do Brasil e consultora da ong Asplande; Judson Nascimento, doutor em engenharia de produção com ênfase em inovação social e outros profissionais negros de diferentes áreas.

Luciana afirma que o curso é indicado para profissionais de agências, anunciantes, veículos ou qualquer pessoa interessada na questão. A coordenadora antecipa que, no próximo semestre, a ESPM-Rio também deverá abrir cursos sobre outras questões sociais pertinentes à indústria. “Já estamos preparando um sobre a situação atual feminina”, revela.

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