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SXSW cai na real ? e o presente engole o futuro

O SXSW agora quer transformar papo tecnológico de nerds e cientistas malucos em vida cotidiana


16 de abril de 2015 - 10h40

 Por Pyr Marcondes
Direto de Austin, Texas

 

O SXSW passou a conjugar seus verbos no futuro do presente. Explico.

Vir a Austin todo ano tem sido um inigualável momento para furtivamente dar uma olhadinha no buraco da fechadura do futuro e sair entendendo um pouco melhor o que a vida nos reserva ali adiante. Mudou.

Há três anos, quando vim pela primeira vez, os temas mais instigantes eram 3D Printing e o movimento Makers, Wearables, Internet of Things, Robotics, implante de chips, drones, real time, Cloud e Big Data, tudo anabolizado por LoCoMO (Localization/Mobile/Social). Este ano é tudo a mesma coisa (tem talvez uma pitada mais forte de Inteligência Artificial que nos anos anteriores). Mas viabilidade e aplicabilidade de mercado tornaram-se aqui e agora preocupações mais reais, para um mundo real.

O presente engoliu o futuro e o evento mostra clara preocupação em colocar a bola no chão de cada uma dessas grandes tendências. Todos esses temas estão de volta, mas sua abordagem fala de negócios, algo com o que poucos se preocupavam antes no SXSW.

Sem deixar de ser o evento mundial em que se expõe ao limite (800 palestras em seis dias de Interactive) a variedade de caminhos que nós, seres humanos, estamos construindo para nós mesmos no futuro, em uma diversificada variedade de disciplinas e ramos do conhecimento, o SXSW agora quer transformar papo tecnológico de nerds e cientistas malucos em vida cotidiana.

Não é só no palco que isso acontece. Nos auditórios e nas ruas de Austin vemos ainda os mesmo geeks barbudos mega tatuados e de piercing no nariz, mas começamos a ver também uma tribo nova de jovens em busca de algo que não sabem direito ainda o que é, mas que certamente tem a ver mais com carreira e profissão. Acho que essa tribo vai ampliar sua presença aqui nos próximos anos.

Inteligência Artificial não tão artificial assim

Numa das palestras sobre Inteligência Artificial e Big Data, chamada emblematicamente de "Big Data and Artificial Intelligence need each other and you need both" (notaram a preocupação em trazer o tema amarrado com a ideia de aplicabilidade na vida real?), cientistas, pesquisadores e experts nas duas disciplinas, o indiano Manoj Saxena e o paquistanês Amir Husain, ambos ex-contribuintes para o desenvolvimento do maior projeto de Inteligência Artificial do mundo hoje, o Watson, da IBM, teorizaram como empresas reais podem hoje se utilizar do casamento dessas duas tecnologias. No nosso mundo, do marketing e da comunicação, o uso é claro: previsão de comportamento do consumidor no ambiente digital, mídia programática e mídia preditiva, otimização de resultados em campanhas online e no e-commerce – enfim, o universo de possibilidades de uso efetivo da Inteligência Artificial em nossos negócios é não só vasto, como será cada vez mais exata.

Trocando em miúdos, o que poderia parecer uma distante conjectura sobre tecnologia avançada, ganhou dimensões tangíveis, mundanas, chulas: now were talking business.

As discussões sobre wearables nao foram diferente. Assisti a três painéis sobre isso. Mesmo enfoque, mesma preocupação. Entrega.

Por exemplo, porque afinal vou usar um treco no meu corpo que fica me cutucando o tempo todo com informações e dados que interessam mais a ele do que a mim? Porque devo usar uma roupa conectada? Para que serve isso, afinal? E um relógio plugado na internet, afinal, pra que mesmo se o que eu quero é ver as horas?

Todos os palestrantes do tema foram unânimes em dizer que vivemos um momento de tal impacto do avanço dessas novas tecnologias em nossas vidas que não há ainda um Ethos estabelecido. Não existem códigos de boas condutas, ate porque não se sabe ao certo os limites da Internet das Coisas, que estará em todas as coisas, invadindo cada centímetro das nossas vidas.

Estamos na pré-história dessas tecnologias e ninguém neste SXSW 2015 tem de fato a resposta definitiva para nenhuma dessas perguntas e tantas outras que poderiam ser listadas aqui.

É assim mesmo, historia se constrói construindo. Ela nunca nasce pronta.

Wearable é mídia, mas como usar?

Adidas e Hyundai têm produtos conectados com a internet. Ambas participaram de um painel sobre como usar essas novas plataformas como pontos de contato e comunicação com os usuários. Como mídia.

Michael Deitz, responsável pela gestão de projetos de carros conectados da Hyundai Motor America, foi categórico: "Os dados bem como a decisão de serem ou não abordado pelos avanços de conexão em nossos carros são dos nossos consumidores. Não fazemos nada que eles não nos autorizem ou nos solicitem expressamente". Parece justo e inteligente.

Na mesma linha se posicionou Joe Werner, Innovation Explorer da Adidas, que contou como os tênis e roupas da companhia se tornaram hoje uma rede de relacionamento conectada com seus usuários. Perguntado por um midia publisher da plateia quando eles iriam colocar essa rede a disposição de outros anunciantes, Werner foi igualmente categórico: "Provavelmente nunca".

Num mundo com transformações mais velozes do que nossa capacidade de entender ou acompanhar, o SXSW Interactive, um evento que não parou de evoluir desde que começou ha mais de duas décadas atrás, mudou uma vez mais. Acho que ganhamos todos.

 

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