Por que você usa o Twitter?

Meio & Mensagem
7 de agosto de 2012 - 5h56

Embora seja um entusiasta das redes sociais, confesso que tenho acessado pouco meu Twitter. Falta de tempo, mas também um pouco de falta de afinidade com o microblog. Ultimamente, porém, tenho me perguntado: o que move o Twitter?

Para Brian Solis, uma das referências em novas mídias e autor do livro The End of Business as Usual, os dias de “Eu não entendo o Twitter” estão contados. A ferramenta está em alta e crescendo exponencialmente nos Estados Unidos, segundo estudo da Pew Research Center’s Internet & American Life ProjecT Winter 2012 Tracking Survey. Infelizmente, a pesquisa não aborda o motivo da adesão.

As notícias dos Jogos Olímpicos de Londres instigam a minha curiosidade. Além de reportes de desempenhos e ações de marketing, o microblog vem assumindo várias funções e identidades. Virou, por exemplo, praça de protesto. Contrários às regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), atletas norte-americanos criaram a campanha “We Demand Change”, que contava com as hashtags #wedemandchange e #rule40 e até foto com esparadrapo na boca. Querem falar abertamente sobre o que acontece nos bastidores e, claro, sobre os seus patrocinadores.

Teve também cabo de guerra entre organizações e usuários. O correspondente do jornal britânico The Independent nos Estados Unidos, Guy Adams, tuitou o email de um figurão da rede NBC para que telespectadores reclamassem dos atrasos na transmissão. O canal, que tem exclusividade sobre os Jogos Olímpicos, colocou no ar a cerimônia de abertura com seis horas de atraso. Em atitude arbitrária, o Twitter, parceiro comercial da NBC, suspendeu a conta do jornalista britânico, que ganhou o apoio das massas. Após uma enxurrada de reclamações, o Twitter foi obrigado a restaurar o perfil e ainda emitir um pedido de desculpas oficial a Guy e a todos os usuários.

O microblog também parece estimular o lado mais maldoso das pessoas. Após ser eliminada da Olimpíada, a judoca brasileira Rafaela Silva foi alvo de uma série de críticas e até mensagens preconceituosas. Reagiu com agressividade, xingou, retratou-se e assim ganhou a homepage dos principais portais. As críticas, nem sempre construtivas e bem colocadas, também fizeram com que a apresentadora britânica Helen Skelton deixasse o microblog. “Acontece que eu não tenho a pele muito grossa, então estou fechando minha conta no Twitter”, avisou aos seguidores.

Ainda em Londres, o Twitter assumiu até o papel de vilão. Segundo o COI, as mensagens enviadas para o Twitter estão sobrecarregando os satélites e impactando nas transmissões das competições. A interferência pode até atrasar os planos da rede social de se fortalecer como meio de comunicação e atrair mais anunciantes.

Tínhamos a expectativa de que esta seria uma Olimpíada Social, que firmaria de vez uma forma diferente de consumir e gerar conteúdo. Fico um pouco frustrado quando observo que, em vez de uma mídia para acompanhar os jogos, temos aí um canal de protestos, polêmicas e arbitrariedades.

Por isso questiono: E você? O que ainda te leva ao Twitter?

* João Batista Ciaco é diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat e presidente da ABA.