Mídia
Quando a interação vira briga
Depois de estimularem a interação, veículos lidam com a missão de moderar as conversas cada vez mais exaltados dos leitores em seus portais e nas redes sociais
Depois de estimularem a interação, veículos lidam com a missão de moderar as conversas cada vez mais exaltados dos leitores em seus portais e nas redes sociais
Bárbara Sacchitiello
15 de abril de 2015 - 8h42
Se por muito tempo o grande anseio dos veículos era criar um diálogo com a audiência e ouvir aquilo que o público tinha a dizer, hoje essa missão pode ser considerada mais do que cumprida. As áreas de comentários dos grandes portais e seus perfis nas redes sociais são os termômetros da evolução dessa relação. A maior interatividade, contudo, trouxe complicadas consequências.
Lidar com opiniões divergentes que, não raro, extrapolam o limites de bom-senso é um dos maiores desafios dos portais atualmente. O espaço de comentários, muitas vezes, transforma-se num ringue verborrágico, em que leitores se ofendem na tentativa de provar quem está correto. Diante deste cenário, os veículos encaram um dilema: como dar liberdade para as interações sem perder o controle daquilo que está sendo discutido?
A Folha de S.Paulo já sentiu na pele esse problema. “Fomos muito permissivos em relação aos comentários por um tempo, o que nos trouxe problemas diversos, até mesmo jurídicos”, relembra Roberto Dias, secretário assistente de redação da Folha. Após a implementação do paywall, em 2012, o jornal limitou as notícias que poderiam ser comentadas. “Nem de longe acabamos com os problemas, mas já está bem melhor do que antes”, conta Dias.
O UOL confirma a percepção de que os ânimos são mais exaltados no ambiente digital. “Quem se dispõe a usar seu tempo para comentar um assunto o faz porque se sentiu impactado a ponto de reagir aquilo. Temos a impressão de que o tom dos comentários variam de exaltado a muito exaltado”, exemplifica Rodrigo Flores, diretor de conteúdo do UOL.
Para Beth Saad, pesquisadora e professora titular de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), há razões antropológicas para essa exaltação coletiva. “Além da proteção que o indivíduo sente por estar atrás da tela do computador, ele também é mais agressivo de acordo com o termômetro da situação. Ao ver um comentário raivoso, a pessoa também se inflama e tende a ser agressivo em sua postagem”, analisa.
A íntegra desta matéria está na edição 1655 de Meio & Mensagem, com data de 13 de Abril de 2015, disponível exclusivamente para assinantes nas versões impressa e para tablets com sistema iOS e Android.
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