Sobre amor, paixão e plataformas

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Opinião

Sobre amor, paixão e plataformas

Como, para o mercado publicitário, o futebol se tornou muito mais que um esporte


5 de setembro de 2017 - 12h51

O coração humano não aceita analytics. Tags que controlam sístoles e diástoles podem evidenciar arritmias, mas passam longe da gênese do amor. Isso porque a base emocional de dados de cada indivíduo tem métricas próprias e, não raro, únicas — seriam necessários bilhões de versões de uma mesma plataforma para se ter uma cobertura real e completa do assunto. Tudo bem — todos já vimos dashboards categorizando sentimentos e expressões emocionais aqui. Só que não é disso que estamos tratando: o ponto central é entender o que faz cada ser se apaixonar, com motivos e razões. Mais do que uma bela questão, essa é uma questão bela em todos os sentidos: torna a vida mais saborosa e segue, mesmo em meio à revolução dos dados, dispensando algoritmos.

No país do futebol, o que explicaria (ou tentaria explicar) a paixão por esse esporte? Nelson Rodrigues, quando ia ao Maracanã, deixava claro que a bola era um “reles e ridículo detalhe”.  O drama, a tragédia e o êxtase que o esporte provocava nas massas era o que fazia o espetáculo. Bem, de Nelson para cá uma infinidade de estudos envolvendo historiadores, antropólogos, geógrafos e estatísticos se propuseram a explicar os motivos dessa paixão que se tornou sinônimo de Brasil mundo afora. Independentemente de vertentes explicativas, um padrão de comportamento é extraído disso tudo: o engajamento do público com o universo da bola.

Estar engajado em algo — alinhado a um propósito ou causa, disponibilizando tempo e energia para o alcance de um objetivo — faz toda a diferença, qualquer que seja o cenário. Em termos profissionais, pessoais, em causas sociais ou mesmo no esporte, o engajamento é o grito interno que transforma vontade em ação — é o diferencial que move as engrenagens de processos e torna práticas as ideias e intenções. A torcida, no caso do futebol, é o exemplo clássico de um grupo engajado. Chuva ou sol, frio ou calor são preocupações secundárias quando o assunto é ver um bom jogo. Distância a percorrer, filas e trânsito passam a ter menor grau de importância. O fenômeno é tamanho que mesmo comportamentos sociais, como a união de amigos e familiares para acompanhar os jogos juntos se tornam aspectos culturais do País.

É exatamente por isso que, em termos midiáticos, surfar a “onda futebolística” rende muito. Quanto mais o tempo passa, mais a mídia se assemelha a uma aplicação financeira: o ROI é inquestionavelmente o ponto a ser examinado e não existe mais espaço, em um cenário de concorrência abrupta pela atenção do consumidor, para inserções que não gerem o impacto e o engajamento necessários no público-alvo.

Dentro desse contexto, o futebol pode ser considerado muito mais que um esporte: é, de fato, uma plataforma dentro da qual se torna possível mais do que somente anunciar. Com o conteúdo cada vez mais diversificado entre diferentes dispositivos, com câmeras por todos os ângulos e aplicativos convidando o público a criar times próprios, conversar com clusters específicos explorando diferentes temas se torna muito mais fácil. Falar com todos e ao mesmo tempo com cada um são ações hoje práticas e reais — e, já que o assunto é tão interessante, o nível de engajamento se mantém bastante alto.

Em meio a um cenário macroeconômico peculiar, entrar em campo para ganhar é mandatório — e essa é a direção ideal para o awareness com retorno, numa via em que muitos ainda se questionam para onde ir.

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