Relevância na era da pulverização

24 de outubro de 2023 - 18h14

CazéTV, Podpah e Valor Econômico: desafio de manter a relevância com a super oferta de conteúdo (crédito: divulgação)

Relevância é uma das palavras mais importantes para quem produz conteúdo. A força desse conjunto de letras se amplifica num cenário em que há bombardeio de informações e programações disponíveis a um clique. Se manter relevante e sempre conectado com a audiência é um dos grandes desafios das plataformas da atualidade, uma vez que, nos últimos tempos, várias transformações modificaram a forma como as pessoas consomem conteúdo.

Para acompanhar essa evolução, o Prêmio Caboré passa por alterações. Nesta 44ª edição da premiação, duas categorias tiveram nomes e abrangências atualizados. Uma é a de Plataforma de Conteúdo (antes Veículo de Comunicação — Produtor de Conteúdo), que retrata melhor o que fazem os canais produtores de informação e entretenimento com atuação multiplataforma.

Indicados na categoria Plataforma de Conteúdo, CazéTV, PodPah e Valor Econômico são veículos que refletem o modo como o consumo de conteúdo — seja noticioso ou entretenimento — mudou e abriu novas possibilidades ao mercado. Ao mesmo tempo, essas empresas entendem os desafios de se manterem relevantes para a audiência e marcas.

Com Casimiro Miguel, streamer que conquistou a internet com reacts de assuntos variados, a CazéTV conquistou posição importante no cenário das transmissões esportivas. A parceria com a LiveMode proporcionou ao canal maior abrangência. Isso se deve a dois fatores: à forma pela qual o público, sobretudo os mais jovens, passou a consumir esportes, e também às mudanças na leis de direitos de transmissão.

A CazéTV já teve no portfólio propriedades como Mundial de Clubes, Copa do Mundo feminina e Copa do Mundo do Catar — é o primeiro veículo digital a realizar transmissão da competição da Fifa no Brasil — e é detentora, atualmente, do Campeonato Brasileiro com Athletico Paranaense, da Bundesliga e será a casa dos jogos Panamericanos, que acontecem este mês.

Com a Copa do Mundo feminina, a CazéTV produziu 800 horas de conteúdo ao vivo. Nos três jogos da seleção brasileira, pela fase de grupos, a plataforma ultrapassou a marca de 1 milhão de conexões simultâneas. Sergio Lopes, cofundador da LiveMode, celebra o crescimento da infraestrutura e da equipe. “A CazéTV nasceu em novembro de 2022 e, desde então, estamos construindo nova forma de transmitir esporte ao vivo. A LiveMode tem trabalhado intensamente para levar aos fãs da CazéTV inúmeras novidades que continuem alimentando a grande audiência que tem atraído a atenção do público e de grandes marcas”, diz.

Já o Podpah tem como objetivo inovar a forma de produzir conteúdo. O programa, que começou como evolução do podcast — que se transformou em vídeocast — passou a ser hub de conteúdo e, agora, adapta formatos para o Spotify, que entende o modelo como mais uma oportunidade de negócios. A evolução do veículo, que tem como rosto os apresentadores Igão e Mítico e gestão do CEO Victor Assis, também os aproximou dos fãs e das marcas. Foi assim que o videocast conquistou audiência de 60 milhões de visualizações por mês em seu canal oficial e no canal de cortes.

A conversa entre amigos, promovida pelos apresentadores ao longo do tempo, diversificou a abrangência do veículo. A partir dessa construção de novas narrativas e oportunidades de conexão, nasceram os programas da grade do Hub PodPah. O hub conta com títulos como o Rango Brabo, com Diogo Defante, Quebrada F.C, com Jukanalha, Carona PodPah no Spotify e PodPah Visita.

A cobertura de eventos faz parte da programação de Igão e Mítico. Desde 2021, o PodPah esteve presente em eventos como finais de campeonatos (Copa do Brasil, Libertadores, Paulista e Champions), NBA House, Flórida Cup, Copa do Mundo com o #NossaSeleça, Rio Conquest, desfile das escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro, Lollapalooza, Festa da GQ Brasil, CCXP, Criança Esperança, Festa do Peão de Barretos, Rock in Rio e Carnaval de Salvador.

O CEO do Podpah, Victor Assis, avalia que, diante de todos os desafios da comunicação nos tempos atuais, 2023 foi o melhor ano para a empresa. “Deixamos de ser apenas um podcast para nos tornar hub de conteúdo. Nossa essência continua a mesma, de conversa simples e agradável. A grande evolução se deu como empresa”, diz. Diversificar a programação e participar de um processo de globalização, inclusive com mais audiência fora do Brasil, foram um dos principais desafios para a empresa no ano, afirma Assis.

Na outra ponta da produção de conteúdo, que tem a essência alicerçada no jornalismo, o Valor Econômico tem como foco encontrar formas de inovar e disputar a atenção da audiência em cenário de variadas opções de conteúdo. Na vanguarda do jornalismo econômico e de negócios, o Valor, que pertence o portfólio do Grupo Globo, tem como ambição acompanhar a audiência e seus hábitos de leitura.

Por isso, o veículo especializado em economia investe em diversidade de canais para se encontrar com o seu leitor. A edição impressa, que, no passado, representou a base de toda a produção do jornal, agora compõe, junto com outros produtos, portfólio mais amplo de canais informativos, que procuram atender aos leitores em diversas telas e contextos.

Além da produção de notícias em tempo real, o veículo oferece aos assinantes e leitores análises específicas de cenários econômicos. Entre esses produtos está o Valor Pro, com notícias e cotações em tempo real, voltado a investidores e profissionais do segmento econômico.

Neste ano, em movimento de sinergia com as demais publicações da Editora Globo, o Valor unificou a editoria dedicada ao agronegócio ao Globo Rural, o que deu origem à plataforma Nova Globo Rural, voltada exclusivamente ao noticiário de agricultura, pecuária, tradings multinacionais, startups do campo, crédito rural, sustentabilidade e novas tecnologias.

Este ano, um dos principais desafios do Valor foi se consolidar como hub de informações e análise econômico-financeira e de negócios com canais especializados. Foi assim que o veículo conquistou 8 milhões de visitantes únicos por mês e média de 34 milhões de visualizações de páginas, segundo dados da Comscore. Além disso, o número de circulação já passou as 130 mil assinaturas, segundo o IVC.

A diretora de redação do Valor, Maria Fernanda Delmas, avalia a modernidade que faz parte do conteúdo. “Aos 23 anos, trabalhamos muito para ser o novo, de novo. Para a Faria Lima (que concentra o mercado financeiro), os jovens empreendedores, todos que pensam o Brasil nos lerem no digital e no impresso, nos ouvirem no rádio, nos verem na TV, quererem estar nos nossos eventos, escolherem nosso branded content”, exemplifica. A executiva reforça que o desafio está em integrar as estratégias e unir a tradição com o novo formato de consumir informações.