Qual o futuro da comunicação?

19 de junho de 2018 - 10h56

Foi uma escolha interessante abrir um festival que tenta se reinventar com o criativo mais premiado de todas as outras edições. David Droga ainda tem muita fé no que faz, apesar de sua agência ter promovido o corte de dezenas de postos de trabalho este ano. Ele, como todos nós, teve que se reinventar. Apesar disso, seu discurso é otimista: não é a publicidade que está morrendo, mas sim a “publicidade de merda”.

Em um festival menor e mais condensado, meu dia prosseguiu com a turma do Burger King discursando sobre “hackvertising”. O brasileiro Fernando Machado, diretor global de marketing da marca, lembrou que o medo é peça fundamental quando você está pensado em algo realmente diferenciado. Tanto que, na sua palestra, um dos últimos passos sugeridos na busca por grandes ideias é “chame os advogados”.

De lá, fui ao Google Beach tentar descobrir como será a agência do futuro. Eles acertaram em convidar para o painel uma das agências mais premiadas dos últimos anos, a BBDO de Melbourne, e uma consultoria que vem roubando clientes de muitas agências, a Accenture. Saiu faísca durante o debate. Enquanto a americana da Accenture defendeu que o papel de uma empresa de comunicação é, cada vez mais, “resolver grandes problemas de negócio”, o australiano da BBDO defendeu as grandes ideias de comunicação e a busca por pessoas que se sejam curiosas e ansiosas sobre o futuro. Fato é que a maneira tradicional de como costumávamos fazer as coisas não funciona mais e cabe a nós encontrar um novo caminho. Se está difícil para a BBDO e para a Accenture, imagina para uma agência de Belo Horizonte como a Pro Brasil. Uma coisa é certa e provavelmente nunca vai mudar: precisamos continuar a busca por grandes ideias e por pessoas que valorizem e lutem por estas grandes ideias.

Meu dia terminou com uma palestra decepcionante da Dentsu sobre inteligência e robôs. Tanto que o ponto alto da palestra foi o androide Totto dando tchauzinho pra plateia. Um tema tão bacana merecia muito mais. E como cheguei na madrugada de segunda, pulei a festa de abertura pra descansar e aproveitar melhor a terça-feira e o resto da semana aqui em Cannes Afinal, a pergunta de como será a agência do futuro ainda está longe de ser respondida. Quem sabe até sexta eu não tenha uma pista?