Borghi luta para se descolar de Hoffmann
Estratégia de defesa da agência é ?separar joio do trigo?
Estratégia de defesa da agência é ?separar joio do trigo?
Felipe Turlao
30 de abril de 2015 - 10h23
Provar que a agência e seus gestores, especialmente o presidente José Henrique Borghi, não estavam envolvidos nas atividades sob investigação do ex-executivo Ricardo Hoffmann, é o caminho da Borghi/Lowe e de seu sócio internacional, o Grupo Interpublic, para tentar minimizar o estrago sofrido com a Operação Lava Jato.
O processo de gerenciamento de crise está a cargo da S2 Publicom, agência de relações públicas também controlada pelo Interpublic. A meta é “separar o joio do trigo”, como definiu uma fonte ligada ao processo. Ou seja: descolar dos fatos Borghi, a agência e demais executivos. Um dos caminhos é provar que a agência demitiu Hoffmann após investigações próprias, uma estratégia que visa demonstrar que ela não compactuava com o pagamento de propinas.
Procurado pela reportagem, o Interpublic confirmou, por meio de comunicado, que, ao ser informado do caso no ano passado, realizou investigação interna com auxílio de uma auditoria e concluiu que houve “transações impróprias” na Borghi/Lowe e na FCB Brasil, ambas com envolvimento de Hoffmann. “Por conta disso, foram tomadas ações disciplinares, incluindo o afastamento de funcionários”, diz o comunicado. Fonte ligada ao Interpublic garante que Hoffmann foi demitido da Borghi/Lowe por conta das primeiras conclusões da investigação interna, que ainda não chegou ao seu final.
“Claro que estamos desapontados com o que está acontecendo no Brasil. Instigamos essa auditoria antes de as notícias saírem. Tomamos ações internas e demitimos funcionários. Foi um caso isolado a um ou dois indivíduos”, afirmou Michael Roth, CEO do Interpublic, ao anunciar os resultados financeiros globais da holding na semana passada.
A Borghi/Lowe avalia ainda fazer um acordo de leniência. Previsto na Lei Anticorrupção, o artífice permite que funcionários passem informações sobre eventuais delitos em troca de benefícios como a imunidade contra processos e a possibilidade de continuar participando de licitações públicas.
A publicidade na Lava Jato
Em 10 de abril, a Operação Lava Jato prendeu Ricardo Hoffmann, ex-vice-presidente da Borghi/Lowe e diretor-geral do escritório da agência em Brasília, sob a suspeita de liderar um esquema de pagamento de propina ao ex-deputado André Vargas (ex-PT, atualmente sem partido), usando comissão de 10% sobre contratos de produção (leia mais sobre a prática do BV de produção).
A combinação, aceita pelas produtoras, era de devolução à agência desse percentual em cada contrato firmado com a Borghi/Lowe. Entretanto, por orientação de Hoffmann, os depósitos foram feitos nas contas da empresa LSI, de Vargas, pelas produtoras Conspiração, Sagaz, Zulu, E-noise e Attack.
Em troca, suspeita a investigação da Lava Jato, o ex-deputado teria influenciado nas vitórias da Borghi/Lowe nas licitações pelas contas de publicidade da Caixa e do Ministério da Saúde. A FCB, que assim como a Borghi pertence ao Grupo Interpublic, também foi envolvida no caso, após ter sido descoberto um depósito de R$ 311 mil da O2 Filmes para a LSI, a pedido de Hoffmann. Embora a produtora assegure que o BV pago tenha origem em projetos para clientes de iniciativa privada, a operação suspeita que o executivo, em troca, influenciou na escolha da FCB na concorrência da Petrobras.
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