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O circo dentro do circo da Fórmula 1

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Comunicação

O circo dentro do circo da Fórmula 1

As curiosidades de uma agência responsável pelos pequenos eventos que fazem do GP Brasil o maior acontecimento de São Paulo


22 de novembro de 2012 - 9h36

 A Fórmula 1 é o evento que promove a maior movimentação de dinheiro na cidade de São Paulo, com cerca de R$ 230 milhões ao ano, segundo estimativa da SP Turis, Empresa de Turismo e Eventos da prefeitura da cidade. Mas o lado mais curioso desse grande acontecimento não está necessariamente no que ocorre durante os três dias nas pistas do Autódromo de Interlagos, com transmissão em TV aberta, mas sim nos pequenos eventos que tornam a corrida possível.

Por ser um País fora do circuito europeu de corridas, o Brasil exige algumas peculiaridades em termos de organização. Sem possibilidade de trazer os motor-homes, caminhões gigantescos com toda a estrutura necessária para garantir as ações de relacionamento com seus patrocinadores, as equipes apelam para empresas que, além de organizarem eventos e hospitalities centers durante a semana da corrida, servem praticamente como babás para atender a todas as necessidades de última hora.

Uma dessas agências é a Netza, de Fabiana Schaeffer, que trabalha para McLaren, Sauber, Red Bull, Lotus, Toro Rosso, Mercedes e outras equipes. Há 12 anos no “circo da Fórmula 1”, ela explica sua atuação, que acaba indo além da organização dos hospitalities centers. “Imagine equipes estrangeiras vindo para um País onde poucas pessoas falam a língua e que exigem um alto grau de qualidade nas coisas, incluindo alimentação? Isso não se encontra em qualquer esquina”, exemplifica, explicando que as maiores equipes trazem cerca de 100 pessoas.

Além da barreira da língua, outra dificuldade está na própria localização de Interlagos, distante de fornecedores, por exemplo, dos melhores pães da cidade, estes, uma clássica exigência das equipes. Não foram poucas as vezes que Fabiana precisou deslocar um profissional do bairro da Zona Sul para regiões mais centrais atrás de uma determinada necessidade. “Somos uma espécie de Google da Fórmula 1. Qualquer coisa que eles querem, ligam para a gente. E o grau de exigência é altíssimo”, aponta.

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 Outro exemplo: as equipes trazem seus cozinheiros, mas cabe a Fabiana apontar os melhores fornecedores de alimentos, e as tendências de culinária no Brasil. Ela cuida também dos trâmites de hospedagem. Antes, as equipes ficavam apenas no Hotel Transamérica, mas hoje a facilidade é maior pela multiplicação de estabelecimentos. Fabiana ajudou, por exemplo, a intermediar hospedagens no Hyatt.

Sem contar, claro, com a maior tradição dos membros do circo da Fórmula-1 em São Paulo: as idas às churrascarias, devidamente reservadas pela “babá” das equipes.

Outro desafio de Fabiana é garantir o máximo de conforto aos hospitalities centers dentro da estrutura antiquada do autódromo que, a despeito de promessas de uma grande reforma estrutural para 2013, ainda soma vários problemas. “O espaço é pequeno, com pé direito baixo, não tem instalações boas de banheiros. Além disso, tem difícil acesso para estruturas como o cabeamento de energia e de fibra ótica, que precisam de puxadinhos para funcionar”, aponta. “Para tudo, dá-se um jeito”, relata Fabiana.

Em resumo: São Paulo, embora tenha vantagens enormes como a quantidade e empolgação do público nas corridas, o sempre elogiado traçado da pista e as churrascarias, está longe de ter um circuito com a estrutura estonteante de Abu Dhabi e com facilidades logísticas proporcionadas pelas curtas distâncias na Europa. Ou seja: um terror para qualquer empresa de eventos.

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 E é aí que o trabalho de empresas como a Netza aparece, de fato. Nesses anos todos de Fórmula 1, ela já passou por diversas situações curiosas. Um dos personagens mais peculiares do circo sempre foi Ron Dennis, ex-chefão da McLaren que não está mais no dia-a-dia das provas. Às vésperas da corrida em determinado ano, ele desejou um cortador de charuto. O pedido excêntrico mobilizou diversas pessoas da equipe de Fabiana. “Onde iríamos achar um cortador de charutos?”, brinca, hoje, apesar de relatar a tensão do momento.

O artefato foi encontrado dentro do carro de um dos membros da equipe que, felizmente, teve a ideia de comprar alguns dias antes, sabe-se lá por qual razão.

Também ficou famosa a história da festa de última hora que o circo resolveu fazer para o piloto escocês David Couthard, que se despedia da Fórmula-1. “Foi um grande esforço, porque tinha que ser uma festa privada, sem exposição na mídia. Mas o problema é que todos os pilotos estavam lá”, relembra.

Houve ainda um determinado ano em que a corrida ocorria próxima à Páscoa, que a McLaren pediu para Fabiana providenciar ovos de chocolate para todos os membros da equipe. “Eles queriam da marca Godiva, mas representantes da marca me disseram que a quantidade correspondia quase à Páscoa inteira da marca. Acabei correndo atrás da Chocolat du Jour, que produziu tudo na madrugada anterior à corrida, inclusive com decoração relativa à equipe”, conta Fabiana, que precisou armazenar os ovos em um escritório com ar condicionado e transportá-los com todos os cuidados com a temperatura ao autódromo. Quando a primeira embalagem foi aberta, mostrando um chocolate com a consistência e o sabor intactos, o alívio foi geral.

Em sua 41ª edição, o GP Brasil de Fórmula é promovido pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). A Rede Globo, pelo segundo ano, será a organizadora local (até 2010 a responsabilidade era da International Promotions), ao lado da prefeitura de São Paulo. A corrida terá transmissão ao vivo da Globo, com largada marcada para as 14h do domingo, dia 25 de novembro. Com decisão do título em aberto entre Fernando Alonso e Sebastian Vettel, a corrida promete grandes emoções. Mas o circo montado dentro do circo da Fórmula-1 também terá as suas emoções.

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