O Desafio do Novo

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Ponto de vista

O Desafio do Novo


15 de abril de 2011 - 4h02

Esta é daquelas imagens que valem mesmo mais do que mil palavras. Porque sintetiza, como caricatura, os anacronismos destes tempos de revolução na comunicação. À primeira vista, faz humor com a obsolescência das gerações que foram alfabetizadas na cultura da mídia impressa e da televisão, e hoje são obrigadas a aprender um novo idioma digital. Mas a senhora da foto serve apenas como referência, já que os descompassos causados pelo digital não se resumem, afinal, às pessoas.

Mesmo para quem achava que a Internet era meramente uma nova mídia, já ficou claro que ela representa muito mais: uma força que está reconfigurando radicalmente os mercados, as relações de poder e a vida social. Ou seja, é toda uma civilização, com suas instituições, lógicas de produção, pensamento e interações sociais, que está se tornando anacrônica.

O que dizer, por exemplo, do modelo tradicional de escola, centrado no poder dos professores como detentores e transmissores de informação na sala de aula, quando os alunos podem acessar sozinhos, em qualquer lugar e hora, um repertório cultural quase infinito?

Qual o futuro dos partidos políticos, num mundo em que os cidadãos podem se mobilizar online à margem de lideranças estabelecidas?

Como reinventar as empresas, já que o velho paradigma de gestão hierarquizada – aquele segundo o qual manda quem pode e obedece quem tem juízo – tornou-se desfuncional na era da inovação contínua?

E como ficam, no que nos interessa mais de perto, as marcas, acostumadas a se comunicar quase que exclusivamente pelo monólogo, agora que sua voz tornou-se apenas mais uma na conversação sem fim das redes sociais?

Cada vez mais, como evidenciado na última Digital Conference da Ad Age, as empresas estão transferindo suas verbas das mídias convencionais para um amplo espectro de novas mídias e ações diferenciadas de branding. Mas a maioria dos profissionais de marketing admite que ainda estamos numa curva de experimentação e aprendizado, em que há poucas balizas e certezas.

Poucos pensadores analisam tão bem estes desafios quanto Don Tapscott, o consultor canadense que antecipou em dezenas de livros como a revolução digital iria impactar as empresas e os negócios – e que o Grupo TV1 traz ao Brasil, em maio, para falar sobre o futuro da comunicação e do marketing no evento Agenda do Futuro.

Em entrevista publicada na semana passada em Veja, Tapscott aponta com maestria a essência das transformações geradas pela revolução digital. “Não vivemos mais na era da informação, mas na da colaboração”, diz ele, para quem a Internet terá um impacto democratizante comparável ao do surgimento da imprensa, que abriu as portas para as revoluções liberais do século 18 e o capitalismo.

Agora, é a sociedade industrial, estruturada em cima da produção, da distribuição e da comunicação de massa, que fica para trás, à medida em que o poder, tanto nos mercados quanto na comunicação se transfere dos grandes para os pequenos – os anônimos conectados em rede.

Autor do conceito de wikinomia, a economia baseada na criação de valor pela colaboração, título de um de seus livros obrigatórios (2006), Tapscott atualizou esta visão em Macrowikinomics, publicado no final do ano passado, nos Estados Unidos, e cuja edição brasileira a Campus promete para os próximos meses. Neste, ele aprofunda a análise de como estados, instituições e empresas – e a sua comunicação, em particular, estão tendo que se reinventar para este mundo novo, que apenas começamos a visualizar.

É bom saber que o novo Meio & Mensagem surge em sintonia com o espírito de reinvenção. E, melhor ainda, fazer parte dele.

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