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O autoral e o corporativo

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Ponto de vista

O autoral e o corporativo


9 de maio de 2011 - 7h58

A primeira vez que ouvi a palavra “authorship” foi no mestrado, há 10 anos. E junto com ela vinham os portfolios de escritórios como a Tomato, em Londres, Bruce Mau, em Toronto, e Tilbor Kalman, em Nova Iorque. Era impressionante a quantidade de trabalhos autorais que eles eram capazes de tocar junto com projetos corporativos. E mais: como era evidente no trabalho corporativo deles uma linguagem particular, uma voz, quase um manifesto em relação a nossa própria missão dentro do design.

Quem se interessar sobre esse assunto, não pode deixar de ler Designing Design, de Kenya Hara. Logo no início ele pontua: “verbalizing design is another act of design”. E daí pra frente você se delicia com a postura ética e a profundidade conceitual em cada job, transitando com facilidade entre o gráfico e o produto, como se não houvesse fronteira entre as duas disciplinas.

Kenya Hara toca o próprio estúdio em Tokyo, além de ser diretor de arte da Muji, a famosa loja japonesa de produtos minimalistas. E gasta páginas no livro para discutir o confronto entre o racionalismo do Ocidente e o aspecto holístico do Oriente. Em um mundo em que vivemos a máxima da produtividade, da otimização e do downsizing, é inspirador se deparar com clientes como o Umeda Hospital, apostando em uma sinalização leve com tecidos brancos. Aqui tipografia, textura e informação se transformam em conforto, poesia e limpeza para os andares do prédio. Se as placas de pano nas paredes são limpas e esterilizadas diariamente, os pacientes podem ter a certeza de que os lençóis de suas camas também.

Tudo a nossa volta é uma oportunidade. O país nunca viu tanta oportunidade. É uma boa hora do design brasileiro aprofundar a sua missão e seu compromisso com o dia a dia das pessoas.

Ricardo Saint-Clair é sócio-fundador e diretor de criação da Dialogo Design
 

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