Velhos Códigos x Futuro da Marca

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Ponto de vista

Velhos Códigos x Futuro da Marca


24 de maio de 2011 - 6h08

Lendo recentemente as páginas amarelas da Veja, na entrevista em que o maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), Roberto Minczuc, esclarecia seu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos da sua gestão com seus músicos, parei para pensar. Deparei com uma série de questionamentos que, durante minha carreira como profissional e líder de um bom grupo de pessoas, também enfrento diariamente. Temos um grande desafio, implementar uma cultura que fará as pessoas e o negócio prosperarem. E isso significa descobrir o código de cada cultura e de cada empresa pela qual somos responsáveis.

Branding é um conjunto de associações para construção da Personalidade da Marca. A partir deste desafio, temos também que definir visão, missão e valores. Valores que se desdobram em atitudes que os colaboradores devem ter no seu dia a dia para entregarem com excelência a proposta de valor da Marca. E, olhando a OSB como uma empresa que está mudando sua proposta de valor, vemos como o plano é difícil e encontra obstáculos.

O maior obstáculo não foi trazer patrocinadores, melhorar os salários e ter a programação certa para atrair o público de volta. Os maiores desafios do maestro foram os músicos – os que primeiro deveriam ter comprado seu plano de transformar a OSB em uma orquestra de nível internacional. Descaso, além da falta de compromisso, ódio velado e “envenenamento” do ambiente interno foram apenas alguns dos problemas que Roberto Minczuc teve de enfrentar. E acabou optando pela demissão sumária de dezenas de músicos que se recusaram a contribuir com atitudes para reinventar a Marca OSB. Ficaram apenas os que assumiram compromisso real com a Orquestra.

O que vimos na realidade é como é difícil mudar a cultura interna de uma empresa. Promover novos valores, engajar o time em uma nova visão. O maestro veio de uma escola de excelência, de desafios, de saber que para sermos os melhores temos que ser avaliados, termos metas e, principalmente, estarmos sempre nos superando. Isto, na cabeça de um músico que trabalhou em diversos países e conquistou seu lugar no pódio dos melhores do mundo não é utopia. É realidade.

Imagino que ele tenha como verdade que a escolha da profissão de músico seja só para apaixonados. Uma escolha de carreira que exige dedicação e na qual virtuosismo é pré-requisito. Ganhar dinheiro e reconhecimento só acontecerá se esse esforço for verdadeiro. O conflito ficou evidente quando o maestro encontrou profissionais com ambições muito diferentes. Quando as novas metas, planos para o futuro e atitudes de compromisso não foram compreendidas se estabeleceu um hiato tão grande que o time rachou. Natural. Mudar pode ser traumático. Trocar de pele dói. Não é fácil redefinir papéis em modelos de gestão engessados. Mas, o objetivo final justifica o esforço.

Toda mudança tem que ser feita com sinais claros. Isto demanda tempo, muita comunicação e disciplina. Uma transformação de cultura demora em torno de cinco anos para se consolidar, contando com o compromisso do público interno. Só não podemos ter na equipe o maior obstáculo do crescimento: temos que impedir que os velhos códigos triunfem sobre o futuro.

Ana Couto é CEO da Ana Couto Branding & Design

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