Meio & Mensagem
12 de abril de 2012 - 4h17
Não importa quem tem razão a respeito do filme KONY 2012 , dirigido e narrado pelo diretor Jason Russell, co-fundador da Invisible Children, sua existência, sua mensagem e sua repercussão provam que Russel está certo quando diz que “a regra do jogo mudou”.
Não existe nada de novo em transformar assassinos em celebridades. A mídia faz isso desde o início dos tempos. O novo é fazer isso publicitariamente, de forma consciente, a favor de uma causa social.
KONY 2012 é parte de um mundo onde as regras do jogo são outras de várias formas: o filme mistura ativismo, jornalismo e publicidade em uma mesma estratégia – o que é provocador de diferentes formas. Tem bem mais que os 3 elementos considerados “o segredo” para que um video viralize no YouTube: formadores de opinião, participação de comunidades e imprevisibilidade. Rompe a regra sobre o quanto as pessoas estariam dispostas a assistir videos com mais de 2 minutos no YouTube e coloca por terra a ideia – que pra mim nunca fez sentido – de que videos que viralizam oferecem pouco ou nenhum valor pra ninguém.
É maravilhoso quando coisas assim acontecem.
Eu assisti KONY 2012 antes de ler a respeito e não consegui tirar o olho durante os 29 minutos. O tempo passou sem que eu percebesse, enquanto eu mudava de opinião a respeito do que estava assistindo a cada minuto. A combinação de estímulos do filme é impressionante.
As dezenas de vídeos publicados a partir do filme da Invisible Children, os que ajudam a repercutir a campanha e seus propósitos e os que tentam desacreditar a história e seus promotores, também são parte de um novo tipo de jogo, jogado no campo da plataforma aberta, onde temos a sensação de que todos participam, de que não existem segredos, de que tudo pode ser revelado a qualquer momento e de que nunca sabemos onde está a verdade.
Com 30 minutos, o filme foi postado no último dia 5 e foi visto por mais de 4 milhões de pessoas, de todos os sexos e idades, no mundo todo, em 4 dias.
"Se o mundo souber quem é Joseph Kony, o mundo se unirá para detê-lo". Esta é a crença que moveu a Invisible Children. Em outros tempos eu diria que essa é uma crença que não se baseia na experiência – não faltam histórias de assassinos célebres e impunes para provar – mas desta vez as experiências anteriores não servem como referência.
No final, a gente ainda vai descobrir que não foi a regra que mudou. Foi o jogo. Aconteça o que acontecer a Joseph Kony, ninguém vai ficar impune.
Ana Paula Cortat é vice-presidente de planejamento da Africa
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