Maximídia

Modelos em mutação: como agências repensam operações

Executivas destacam que não existe fórmula única, mas flexibilidade e eficiência são indispensáveis

i 1 de outubro de 2025 - 15h13

A busca por diversificação de receitas, a fim de reduzir qualquer dependência a um tipo específico de serviço, é uma constante no mercado de agências. Nesse sentido, para encontrar maneiras de garantir a sustentabilidade da operação, diferentes modelos de negócio surgiram nas últimas décadas, aumentando a diversidade do setor e oferecendo novos tipos de soluções aos clientes. Assunto foi abordado no palco do Maximídia 2025 nesta quarta-feira, 1.

Líderes de agências Gláucia Montanha, Lica Bueno e Marina Pires no Maximídia 2025

Líderes de agências Gláucia Montanha, Lica Bueno e Marina Pires participaram de painel nesta quarta-feira, 1 (Crédito: Edu Lopes/Máquina da Foto)

Se, por um lado, essa procura pelo melhor modelo nunca mudou, por outro, o que se alterou foi a compreensão de que não existe um Santo Graal, opina Marina Pires, country managing director da Monks Brasil. Para ela, hoje, existe mais flexibilidade para mais tipos de possibilidades. “Saímos um pouco da lógica de achar a bala de prata e sinto que estamos mais abertos para procurar mais de uma resposta”.

A presidente da Talent, Lica Bueno, concordou que a corrida de investimentos voltados às operações é algo perene. Mais do que ampliar a flexibilidade, porém, ela considera que as agências ainda precisam evoluir com foco em aumentar a “produtização” de soluções, extrapolando os tradicionais serviços prestados, como consultoria e criatividade.

“Exemplo disso seria a venda de dados por meio de um produto com uma inteligência proprietária”, exemplificou. Com isso, de acordo com a executiva, seria possível tanto crescer em novos clientes, além daqueles de propagada em si, e, ainda, dentro do escopo dos que já integram as carteiras.

“A questão do modelo de negócio é igual a educar filho. O formato ideal é o que funciona”, acrescentou Gláucia Montanha, CEO da Artplan e Convert Digital Business. A agência, conforme ela, cresce 20% ao ano e representa 30% da receita do Grupo Dreamers, ao qual pertence, o que demonstra o olhar para a diversificação. “Criamos um grande ecossistema de serviços e a maior parte dele não é sobre a agência”.

Agências e clientes

Mesmo que concordem que não existe modelo ideal, as executivas apontam ingredientes que, com base nas demandas de clientes, são indispensáveis. Marina defendeu que a agência cada vez mais deveria servir como uma plataforma leve em que seja possível plugar soluções adequadas ao momento e à cultura.

“Toda vez que tentamos fazer um modelo parrudo demais e empurrar isso goela abaixo do cliente, queremos que o mundo se flexione diante do nosso desejo. Hoje, é justamente o contrário: temos que ser uma plataforma com soluções modulares que se ajudam mutualmente, mas que não são interdependentes, e que as marcas podem trazê-la para perto à medida que as necessidades surgirem”, disse.

De acordo com Gláucia, de fato, a procura urgente e constante é por estruturas mais leves. Por outro lado, os clientes, ainda que demandem agilidade, avaliam qualidade. Então, surge o dilema de conectar as duas coisas. “Como podemos construir plataformas ‘plug and play’ sem perder profundidade? Ou seja, como fazer com que agilidade e qualidade caminhem sempre juntas?”, questionou.

A presidente da Talent complementou que, por fim, o modelo ideal é o que é sustentável. Analisando as opiniões de Marina e Gláucia, Lica pontuou que, por algum tempo, as agências se perderam na velocidade de respostas a todas as necessidades, criando uma grande quantidade de disciplinas. “Atualmente, entendo que as conversas acontecem mais abertamente sobre isso. Precisamos ser sustentáveis, com uma relação “ganha-ganha” com cliente”.

Impacto da IA

No meio de todo esse contexto de eficiência, a inteligência artificial (IA), realidade entre as agências, também promete alto grau de disrupção nos negócios. De cara, de acordo com a country managing director da Monks Brasil, o impacto concreto já é percebido em tempo e produtividade, mesmo que permaneça em aberto a questão: o que será feito com esse suposto tempo que sobra?

Além disso, novas maneiras de monetização de produtos e soluções são desenhadas. Globalmente, por exemplo, a Monks tem feito o esforço para monetizar serviços baseados em agentes de IA, que podem modificação a interação entre cliente e agência.

Por liderar uma agência nacional e parte de um grupo igualmente brasileiro, Gláucia revela a vantagem de testar soluções de maneira mais rápida, o que, segundo ela, facilita o dia a dia. Integralmente, todas as equipes da Artplan utilizam ferramentas de inteligência artificial. “No final do dia, a IA veio agilizar a busca de como deixar a estrutura mais leve”, falou.

Apesar das promessas, Lica, presidente da Talent, uma das agências do Publicis Groupe, salienta para o fato dessas tecnologias também demandarem maior nível de senioridade dos talentos, o que tende a impactar os custos, ainda mais em um cenário de massificação das ferramentas.

“Muito do que era operacional vai ser feito por IA, mas, para que se tire melhor proveito dela, com diferenciação, precisaremos de gente mais sênior, que custa caro. Então, é algo que se volta para senioridade e para a capacidade de gestão”, ressaltou.