Fabiana Zanelato
8 de setembro de 2011 - 11h59
Terça-feira, véspera do feriado de 7 de setembro, frio em São Paulo… Resolvi assistir ao Prêmio Multishow. Antes tivesse ficado na agência fazendo hora extra.
A ideia do cenário era reproduzir, em 2011, um misto de programas de auditório, em homenagem a Chacrinha e Silvio Santos. O resultado não deu certo, a “homenagem” não foi de bom gosto – e fazia tempo que eu não via algo tão esquisito. Mas como gosto não se discute – lamenta-se, apenas – vamos ao prêmio.
O ator Bruno Mazzeo foi o mestre de cerimônias escalado para compensar os defeitos enumerados até aqui. A ideia era satirizar quadros consagrados de programas de auditório dos anos 1980. De “Qual é a música?” a “Porta dos Desesperados” (esta, com participação de Serginho Malandro), ninguém foi poupado. Ficou pior, afinal falta carisma de Chacrinha e Silvio Santos a Bruno Mazzeo – que, ainda assim, segurou as pontas como pode, emplacando algumas (poucas) boas piadas durante a cerimônia.
O saldo de micos é extenso. Para ficar em alguns: um ator desajeitado, dentro de uma banheira de espuma, “auxiliado” por uma garota de biquíni, tenta pegar um sabonete, e de lá sai o nome do vencedor da categoria (referência à Banheira do Gugu); Mazzeo fantasiado de Pablo, de “Qual é a Música?”, estava maquiado de forma sofrível; uma garota cantando “sim” e “não” de dentro de uma cabine – mas tentando ler os indicados a uma das categorias do prêmio.
E para coroar a sucessão de equívocos artísticos, tivemos a pavorosa participação dos indicados. A começar que nomes de peso, de Ivete Sangalo a Marcelo Camelo, não apareceram para receber prêmio (Ivete mandou um colegiado de lideres de seus fã-clubes para receber o prêmio, imagine só). E da turma que apareceu para receber seu prêmio, ouvimos discursos como o do NX Zero, que agradeceu com um “Valeu, tamo junto, é nóis”. Como dizem uns amigos, cada geração tem os Beatles que merece…
Os momentos-salvação? Os prêmios para Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci e João Barone, músicos notadamente talentosos. Ufa! Pena que, depois deles terem sido premiados, a Pitty tentou cantar com Odair José. Só não foi pior que a combinação de NX Zero, Paula Fernandes, Fiuk e Leo Jaime… Foram medleys de dar medo.
Tanta decepção explicava as palmas arrastadas da plateia. O prêmio parece ter se inspirado numa estética retrô oitentista. O resultado foi uma atração de fazer inveja ao mais tosco programa de auditório dos anos 80. O jeito foi torcer para a apresentação acabar logo e chegar sábado, para assistir o rei Roberto Carlos cantando em Jerusalém.
Fabiana Zanelato é diretora artística de eventos
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