Marisa Furtado
15 de abril de 2011 - 12h00
Para começar pelo começo, fiquei pensando o que estava acontecendo na minha vida há 33 anos atrás, quando o M&M foi criado. Eu tinha 10 anos. Estava brincando com o meu coelhinho de estimação, aprendendo a tocar violão, experimentando uns selinhos na escola… Eu também estava debaixo da mesa da cozinha, brincando de casinha, enquanto minha avó preparava o almoço e sim, sim, eu já estava escrevendo, especialmente para ela, portuguesa, analfabeta. Nessa época, era eu quem fazia o link entre o meio do nada no Atlântico – os Açores, Lisboa, Boston e Toronto, na tentativa de “colocar na mesma página” a família desagregada por conta das mazelas de Salazar.
O ritual acontecia aos domingos, à tardinha. Havia uma formalidade incrível entre o azul Bic da caneta e o azul Bic das pautas do bloco de papel de seda. Era um exercício de imaginação traduzir todas aquelas falas em linguagem escrita.
Depois de discorrer sobre os conteúdos tipo nascimentos, óbitos, casamentos, festas, doenças e o “status” de cada membro da família aqui em São Paulo, era a hora de segmentar. Feito castigo, copiava a mesma carta não sei quantas vezes e a gente só mudava o final, dependendo de quem fosse o destinatário.
“Xerox” era uma novidade fora de nosso alcance. Aí chegava a hora de lamber os envelopes, eca! E assim eles iam e vinham: bordinhas amarelas e verdes, eram os nossos.
Bordinhas azuis e vermelhas, América! Verde e vermelho? Portugal. Que encanto receber notícias novas! Ler sobre coisas que aconteciam em outros países, tão diferentes das nossas. Outra missão era responder atentamente às questões de nossos “leitores” e sobretudo surpreender. O encerramento de cada carta era escrito algumas vezes. E a felicidade de quando a gente encontrava “uma frase de efeito” para terminar era tremenda. Enfim, o tempo passou.
Estamos em 2011, neste blog, dando continuidade a nossa vocação para escrever. Aliás, já está ficando longo. Ninguém mais tem tempo para ler uma carta de 5 páginas, nem linhas a mais num post. Então vou abreviar: não há nada mais mágico do que o registro escrito dos tempos, da informação, da cultura, da emoção e do novo. Passaram-se 33 anos, mudou tudo. Parabéns M&M. Obrigada pelo convite, adorei! Até o próximo post, folks!
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