As formas de melhorar o ambiente de trabalho para profissionais trans
Empregabilidade trans avança no mercado de trabalho e na indústria da comunicação, mas companhias têm desafios relacionados à retenção de talentos e senso de pertencimento
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Giovana Oréfice
20 de junho de 2023 - 6h05
O Censo de Diversidade das Agências Brasileiras 2023 indica que 24% do quadro de colaboradores das agências publicitárias é composto por profissionais LGBTQIAP+. Por falta de dados, o censo não pôde delinear “os desafios da diversidade sexual no setor publicitário, principalmente quanto às pessoas transgênero (travestis e transexuais)”.
O fato mostra que o recorte é ainda mais desafiador para profissionais transgênero no mercado. Ao todo, 43% dos brasileiros do grupo assumem sua identidade de gênero no trabalho, conforme indica estudo do Boston Consulting Groupe (BCG) com a Harvard Business Review. A pesquisa realizada em diversos países mostra ainda que colaboradores trans relutam temem que isso afete avaliações e até mesmo oportunidades de promoção.
Para Ariel Nobre, comunicador e um dos fundadores do Observatório da Comunicação, a empregabilidade trans e interesse pela causa estão crescendo cada vez mais na comunicação. Por outro lado, as empresas estão vendo desafios em relação a essa aproximação e a efetivação – de pessoas trans trabalhando dentro das agências –, comenta ele. Ariel acredita que o maior desafio de retenção esbarra em questões estruturais.
“Por mais que o que fazemos seja algo visível para os cidadãos, fazemos propaganda e comunicação, ainda assim a comunidade trans – por ser estruturalmente excluída desses espaços – tem uma dificuldade maior até de enxergar a possibilidade [de estar em agências]”, diz. Neste caso, o comunicador chama a atenção para barreiras invisíveis, reforçadas, pela falta de representatividade dentro desses locais, o que acaba por gerar solidão, e que pessoas trans têm cultura, valores e podem contribuir para a cultura corporativa brasileira.
Na pesquisa do BCG, 47% dos entrevistados no Brasil deixaram empresas por falta de cultura organizacional voltada a profissionais do grupo. “A cultura organizacional é um dos fatores que abraça, ou não, todo e qualquer perfil e faz as coisas acontecerem”, declara Fleuri Arruda, sócio do BCG. Para que haja um reforço para tornar o ambiente saudável para profissionais trans, o sócio destaca ações de evolução como treinamentos para construção de ciência, awareness e desconstrução de vieses inconscientes.
Arruda cita ainda a revisão de políticas, como o estabelecimento de benefícios amplos para que o colaborador não se sinta uma exceção. Alguns exemplos são licenças parentais independente de gênero, cirurgias de redesignação sexual patrocinadas pela empresa e, sobretudo, práticas do dia a dia. “Se isso já é um padrão e o que a empresa naturalmente persegue e divulga, pessoas trans que estão considerando trabalhar em determinado emprego já se sentem naturalmente incluídos”, complementa.
O levantamento ainda traz o fato de que os brasileiros costumam ter maiores aberturas com seus pares. Isso revela o senso de comunidade e extensão da vida pessoal que os profissionais trans enxergam no trabalho. Isso evidencia ainda mais a necessidade de uma cultura voltada para a inclusão em todos os níveis.
Para que uma cultura organizacional voltada para a inclusão seja estabelecida, é preciso que haja a articulação de diversos atores. Os recursos humanos aparecem como um fio condutor nessa missão, garantindo que colaboradores trans e GNC sintam segurança física e psicológica nos ambientes corporativos. A área representa o fio condutor para as transformações por meio da liderança intelectual.
Ariel corrobora, apontando que profissionais de RH podem contribuir por meio de uma administração de sentimentos com base em inteligência emocional, exercendo conversas menos formais que incentivem o entendimento de queixas e vulnerabilidades de profissionais trans.
A partir daí, entra a participação ativa das demais áreas de negócios para operar em conjuntura com o RH. Entram também os departamentos voltados para a diversidade e inclusão. 84% dos colaboradores sentem-se valorizados e respeitados em locais em que altas lideranças comprometem-se com a pauta, segundo o BCG.
CEOs são importantes nessa jornada uma vez que personificam os valores da empresa, mas este não está presente no dia a dia dos colaboradores de modo geral. Por isso, as outras camadas de líderes são essenciais.
Do lado da comunicação, Ariel pede que líderes da indústria defendam uma propaganda trans afirmativa. “São essas narrativas que vão despertar esse interesse na aproximação genuína da sociedade com a gente”, finaliza o comunicador, endossando o poder da propaganda em transformar o pensamento e comportamento dos indivíduos. Ademais, ele salienta que medidas são necessárias para que a próxima geração de profissionais possa vislumbrar uma carreira em agências publicitárias.
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