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Após onipresença, Alexa almeja onisciência

Automóveis, panelas, chuveiros e vasos sanitários: a assistente de voz da Amazon já está em mais de 100 milhões de equipamentos, o que eleva a discussão sobre privacidade

Luiz Gustavo Pacete
8 de janeiro de 2020 - 6h00

Serviço de entrega do Prime, serviço do ecossistema Amazon (Crédito: Reprodução)

A cada CES, a quantidade de dispositivos que respondem à pronúncia do comando “Hey Alexa” aumenta. Até o ano passado, o assistente de voz da Amazon já ultrapassava o funcionamento em mais de 100 milhões de dispositivos no mundo. Durante esta edição, este número só cresce. Nesta segunda-feira, 6, por exemplo, a empresa anunciou uma parceria que envolve a área automotiva. A tecnologia de voz da Alexa passa a estar em sistemas de veículos como Lamborghini e Rivian, isso inclui várias funções que transformam o carro em uma extensão conectada por meio do Echo Auto que já mantinha parceria com Chrysler e General Motors.

Alexa no microondas…

Também nesta semana, a Amazon aumentou sua presença no segmento de equipamentos para banhos com o chuveiro inteligente da startup Kohler. O equipamento permite que a pessoa acione músicas e até serviços disponibilizados pela Alexa durante o uso. No ano passado, um vaso sanitário inteligente da mesma marca, que possuía a tecnologia da Alexa embarcada, já havia feito sucesso na CES. Na lista também estão luminárias, panelas e microondas.

…na luminária…

…no vaso sanitário…

A CES é estratégica para a Amazon, e em especial para a Alexa. É nela que a empresa se relaciona com desenvolvedores e empresas de eletroeletrônicos. O objetivo deste contato é ampliar ainda mais a base de equipamentos com uso da assistente de voz. O evento também é importante para o Google que, por anos consecutivos, reserva espaço de destaque em frente ao Las Vegas Convention Center com sua casa inteligente.

Alessandro Cauduro. sócio e CEO do estúdio de design e tecnologia Huia, que está presente na CES, lembra que a Alexa foi criada com o objetivo de melhorar a experiência do consumidor ante ao ecossistema Amazon e que sua interação com as outras plataformas da empresa é vital. “A experiência ainda não é perfeita, pois muitas vezes ela não entende o que falamos e ainda está longe de criar uma inteligência de verdade. Mesmo assim, é uma jogada estratégica da empresa para conhecer tudo sobre o seu consumidor, o que ele gosta, seus hábitos e preferências”, explica.

“Segundo a StatistaCharts, a Siri, assistente virtual da Apple, é o assistente de voz mais utilizado nos Estados Unidos 45,6% de participação. Ela é seguida pelo Google Assistant, com 28,7% de participação e da Alexa, da Amazon, com 13,2%. Em quarto lugar está o sistema Bixby, da Samsung, com 6,2%; a Cortana, da Microsoft, com 4,8%, seguida por outros com 1,3%”

 

Cauduro destaca que quanto mais dados ela processar, melhor será seu nível de assertividade. “Em muitos casos, a Alexa sabe muito mais sobre nossas vidas do que os governos ou, em alguns casos, até que nossos amigos. Já consegue prever coisas que vamos querer comprar que nem nós sabemos e nos enviar antes que a gente peça. As facilidades são ótimas, mas o risco para o consumidor disso tudo, é que a Amazon está com uma grande concentração do mercado (tem mais de 50% do e-commerce nos EUA) e possui uma enorme economia de escala.”

…e no banho.

Independentemente da presença que a Alexa e outros assistentes de voz alcancem em número de equipamentos elas esbarram em desafios maiores. O primeiro é a inteligência. O aprimoramento da linguagem e dos comandos ainda é um desafio e é dessa experiência que depende a adesão dos consumidores à tecnologia ou não. Outro desafio é a privacidade. Em julho do ano passado, o Google esteve envolvido em denúncias de que vazava informações em áudio para terceiros. Em janeiro do ano passado, reportagem da Bloomberg mostrava que a Amazon também possuía equipes que analisavam mensagens geradas através das interações da Alexa, a empresa admitiu que possui várias equipes dedicadas a analisar áudios de usuários. Na ocasião, um porta-voz da Amazon explicou que a empresa identifica uma amostra pequena de gravações para analisar e melhorar seus padrões de linguagem natural”.

“O digital facilitou muito as nossas vidas, mas ao mesmo tempo a sua grande escalabilidade está concentrando o mercado em poucas empresas de tecnologia que precisamos confiar. Até mesmo empresas tradicionais gigantescas como Walmart já não conseguem concorrer de frente com ela. Os nossos dados estão sendo usados para a empresa ter uma liderança cada vez mais poderosa e são uma grande blindagem para a entrada de novos concorrentes e não tem tanta informação ou tecnologias. A concorrência é fundamental existir para manter a relação de oferta saudável, mas está cada vez difícil competir com ela”, diz Cauduro. De acordo com a consultoria Tractica, os devices com suporte a assistentes de voz já somam 710 milhões em todo o mundo e devem chegar a 1,8 bilhão em 2021.

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