Showrunners são disputados por streamings e grandes estúdios

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Showrunners são disputados por streamings e grandes estúdios

Contratação dos criadores de Game of Thrones pela Netflix acompanha movimentação de players em busca de talentos prestigiados da TV


15 de agosto de 2019 - 6h00

Shonda Rhimes, showrunner por traz de Grey’s Anatomy e Scandal, foi uma das primeiras a transitar da TV para o streaming (Crédito: Dia Dipasupil/Getty Images)

Os showrunners, roteiristas e criadores de conteúdo audiovisual que acumulam também a função de produtores executivos, sempre foram disputados por emissoras de TV e estúdios de Hollywood. Profissionais como Shonda Rhimes, J.J Abrams e Ryan Murphy — nomes por trás de séries como Grey’s Anatomy, Lost e American Horror Story, respectivamente –, hoje estão sob a mira de novos players. A disputa por talentos renomados está mais acirrada e mais cara.

Na semana passada, a Netflix anunciou um contrato de vários anos com os showrunners de Game of Thrones, David Benioff e D.B Weiss. De acordo com o The Hollywood Reporter, o acordo teria valor de US$ 200 milhões. A contratação é mais um indicativo de como streamings vem buscando gerar mais valor em seus catálogos, ao mesmo tempo em que os contratos de exclusividade de estúdios de TV com grandes showrunners estão prestes a vencer.

Nos últimos dois anos, a Netflix fechou outros contratos milionários com showrunners conhecidos. Em 2017, assinou um acordo com Shonda Rhimes, avaliado em mais de US$ 100 milhões. Com duração de quatro anos, o acordo prevê o desenvolvimento de oito séries exclusivas e marcou o rompimento de um longo relacionamento da criadora com a ABC, TV aberta americana que é parte do grupo Disney.

Mais recentemente, a Netflix também fechou um acordo de US$ 300 milhões com Ryan Murphy, considerado o contrato de produção mais caro da história da televisão. O contrato também representou o fim de uma parceria de muitos anos de Murphy com a Fox. A Amazon Prime Video, por sua vez, vem fechando contratos com showrunners e produtores como Jordan Peele (diretor dos filmes Corra! e Nós) e Reese Witherspoon (atriz e produtora de Big Little Lies).

O valor desses profissionais, em um contexto de maior competitividade no mercado de conteúdo, está em gerar propriedade intelectual. “Se os valores pagos são tão altos é porque boa ou toda parte de suas criações são automaticamente cedidas, de forma universal e definitiva, aos canais e plataformas para os quais estão trabalhando”, afirma Felipe Braga, diretor, roteirista e produtor da LosBragas, produtora por trás de séries como Sintonia e Samantha!.

Outra dupla cobiçada é a formada por Jonathan Nolan e Lisa Joy, criadores de Westworld, cujo contrato com a Warner Bros termina no ano que vem. Quem também será disputado muito em breve é J.J. Abrams, também produtor de Westworld e de filmes como episódios recentes das sagas StarTrek e Star Wars. Sua produtora atualmente tem acordos com a Warner Bros e com a Paramount, mas seus contratos expiram ainda este ano. Nomes como Seth MacFarlane (Family Guy) e Howard Gordon (Homeland) também verão seus contratos vencerem ainda este ano.

A resposta dos estúdios
Estúdios de TV, por outro lado, estão se movimentando para manter e atrair talentos, mesmo que para isso tenham que desembolsar valores mais altos do que em outros tempos. A Warner Bros recentemente assinou com Greg Berlanti (Arrow e Riverdale) e Mindy Kaling (da equipe de The Office), enquanto a Universal Content Productions assinou com o produtor e roteirista por trás da série Mr. Robot, Sam Esmail.

Roberto d’Ávila, produtor da Moonshot Pictures, acredita que os grandes conglomerados continuarão a ter poder de negociação diante dos streamings. “O poder de fogo de grupos como CBS, AT&T/Warner e Disney sempre foi e continua muito grande. Veremos brigas grandes de cachorros grandes”, opina. Ao ter controle sobre os showrunners, estúdios de cinema e TV também têm vantagens ao negociar o licenciamento de seus conteúdos a streamings. Se um player SVOD, por exemplo, quiser produzir uma série com um showrunner controlado por um estúdio de TV, precisará pagar o estúdio e dividir os direitos de distribuição da produção com o canal.

Retorno financeiro
Mas até que ponto o investimento em showrunners reflete em retorno financeiro e fidelidade dos assinantes? Para Felipe, o mais importante é a história, independentemente do criador. “Não creio que a audiência se paute tanto por quem é ou não é showrunner de um determinado projeto, embora ela possa se interessar sim pela nova série do ‘criador de ‘X, Y ou Z”, pondera.

Do ponto de vista dos showrunners, criar vínculos exclusivos com streamings pode significar maior liberdade criativa em formatos e gêneros. Porém, se os acordos forem exclusivos, perdem a possibilidade de propor projetos para várias programadoras, além de não terem acesso a dados de audiência.

Na avaliação de Felipe Braga, a concentração de talentos em poucos players deve se aprofundar na medida em que séries sejam renovadas para novas temporadas. “Profissionais disputados podem ficar contratualmente presos a um projeto por vários anos. A tendência é que sejam oferecidos a eles cada vez mais dinheiro e liberdade artística, de forma que, mesmo com o fim de um projeto, eles permaneçam no canal e desenvolvam algo novo em vez de ir para a concorrência”, avalia.

No Brasil, a presença dos showrunners ainda é incipiente, uma vez que as etapas de produção costumam ser bem compartimentadas no universo da televisão. Além disso, o mercado de séries originais nacionais está começando a se formar agora. “A briga por enquanto está mais ligada aos atores, já que serviços de streaming têm buscado famosos da TV para atrair público”, aponta Roberto.

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