Ponto de vista

Any, any, any

i 18 de setembro de 2013 - 12h28

Por Jean Scatamachia

Visitei, em Amsterdã, a International Broadcasting Convention (IBC), feira com 14 imensos pavilhões, mais de 50 mil visitantes de 160 países e muitas das principais novidades em relação à mídia eletrônica e digital, equipamentos, distribuição e produção de conteúdo.

Durante dois dias, andei sem compromisso por este mar de gente, estandes e estúdios, me deliciei com as novidades e conheci profissionais até da Eslovênia e da Macedônia, além, é claro, dos muitos europeus e asiáticos.

Nas mais de dezesseis horas de imersão em um mundo tecnológico e futurístico, li e ouvi muitas e muitas vezes o termo “any content, anywhere, anytime, any device”.

Parece óbvio e já foi bastante debatido, inclusive no Brasil, mas aqui as empresas de comunicação e tecnologia trabalham única e exclusivamente para oferecer o conteúdo em todos os lugares, a qualquer hora e em todos os dispositivos possíveis e imagináveis.

É unânime o fato de que não adianta mais estar apenas em uma tela. É preciso estar em todas, ao mesmo tempo, ao vivo e on demand, com conteúdo segmentado ao extremo para que o espectador, o leitor, o ouvinte ou sei lá como será chamado esse novo consumidor de mídia multifacetado e em constante movimento, possa escolher o que quer ver, como quer ver, onde quer ver e quando quer ver.

E aí surgem as perguntas de sempre.

Como vender publicidade e rentabilizar essas novas empresas que farão de tudo por um conteúdo relevante e pela atenção de um público segmentado? Como sobreviver sem as tradicionais mídias de massa? Como fazer com que poucos interessados sejam suficientemente atraentes para os anunciantes?

Muitos aqui também usam um termo bonito para isso: the freedom of multiscreen & monetization.

Eles falam muito, discorrem bem sobre o tema e garantem que o mundo já está preparado para conviver com conteúdo e publicidade nesse novo formato.

Pelo menos no Brasil, ainda estamos longe disso. Sabemos como muitos veículos não tradicionais e segmentados demoram para entender o seu papel e as formas de se posicionar frente a agências e anunciantes para agregar valor às suas campanhas.

Para finalizar, repito aqui o que disse a um britânico bem engomado e com ar de superior. Ele não gostou, mas talvez no Brasil muitos ainda gostem: “Cuidado para que o seu anywhere e o seu anytime não virem acompanhados por any money, any price, any result”.
 

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