Como inovar de forma funcional?

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Opinião

Como inovar de forma funcional?

Ecossistema plural e com diversos pontos de contato


1 de julho de 2021 - 6h00

(crédito: Chaiyapruek2520/istock)

Não é de hoje que falamos sobre cultura de inovação e transformação digital. E, claro, com a chegada da pandemia em 2020, diversos setores da economia se viram obrigados a adotar ou acelerar ainda mais estes processos. Mas a provocação que quero fazer aqui é: inovação digital é simplesmente um processo de inclusão de tecnologia ou uma vertente de cultura?

Há 10 anos trabalhando com comunicação e, especificamente nos últimos meses focada em Growth e Inovação, fica cada vez mais evidente que inovação é muito mais um reflexo direto da cultura do que adoção da tecnologia em si. A inovação digital não acontece de forma espontânea e aqui não importa se estamos olhando para uma marca, uma empresa ou um serviço. A inovação é um processo que nasce a partir de uma orientação cultural, cresce, se desenvolve e evolui ao longo do tempo para responder necessidades e problemas, sejam eles pontuais ou perenes.

No último ano, tivemos diversos exemplos primorosos que nos ajudam a ilustrar essa evolução de cultura em várias empresas. Vimos muitas marcas do varejo apostando em novas soluções para manter suas portas “abertas”. Vendas via Whatsapp, consultores on-line, vendas via lojas em Facebook e Instagram Shop, chatbots para tirar dúvidas dentro das plataformas de e-commerce, a volta do atendimento e venda por telefone para consumidores que nunca haviam realizado uma compra online. Tudo foi levado em consideração para manter a roda do varejo ativa.

Mas onde está a inovação? Realmente, as ferramentas e meios podem não ser novos, mas a sua aplicação dentro da estratégia destas marcas foi uma inovação digital. E aqui levanto um novo ponto importante sobre o tema e que, muitas vezes, é ignorado: a inovação precisa ser funcional para o negócio.

Na busca para corrigir ou adaptar uma rota que muda repentinamente e que precisa atingir resultados quase que imediatamente, a inovação precisa chegar para ajudar a construir esse resultado. E, para entender como chegar nessa inovação funcional, muitos steps são construídos ao longo do caminho: entendimento do negócio, canais potenciais e novos pontos de contato, entendimento do shopper e da sua jornada, entendimento de comportamento, etc.

Mais do que pensar na adoção de uma tecnologia mirabolante, o que os players que mais inovaram têm em comum é que todos eles tinham uma parcela de entendimento do seu ecossistema e já estavam, de alguma forma, inseridos dentro da cultura de inovação tentando tatear novos caminhos e aplicações para as ferramentas que já estavam disponíveis, e que eles já conheciam.

O que quero dizer é: não é a tecnologia aplicada que mostra o quanto a sua empresa é inovadora, mas sim como ela entende o macro e microcenário a sua volta e utiliza da melhor forma os recursos que estão ao seu alcance hoje para trazer as melhores soluções para os problemas. Não adianta pensar em inovação digital para as marcas nos próximos 10 anos se hoje mesmo não se executa o básico.

Empresas pautadas por uma cultura de inovação digital já olhavam para o potencial de cada meio de contato antes mesmo da pandemia e já tentavam explorar caminhos para consolidar estratégias mais efetiva.

Bom, a transformação aconteceu e a inovação chegou para muitos, mas e agora? Agora é nesse ponto que provavelmente mora o próximo maior desafio: como inovar de forma funcional em um ecossistema plural e com diversos pontos de contato?

Um bom caminho, talvez, seja manter um pensamento como norte: estamos falando de um ecossistema interligado. A inovação dentro de cada ponto de contato é importante, mas mais do que olhar para o resultado que ela traz para aquele fragmento onde queremos chegar com um todo?

E, então, de novo, voltamos à provocação inicial: aqui não sobre a tecnologia aplicada, mas sim entender o que funciona e ajuda a construir um resultado integrado para o ecossistema. Inovação digital: um movimento que fala mais sobre cultura do que sobre tecnologia.

**Crédito da imagem no topo: RAPEEPON BOONSONGSUWAN/iStock

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