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Mark Zuckerberg fala sobre Cambridge Analytica
CEO quebra o silêncio e apresenta três medidas imediatas para proteger melhor os dados de usuários
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21 de março de 2018 - 18h39
Quase cinco dias após as revelações sobre dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook vazados à consultoria Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg veio a público falar sobre o ocorrido e oferecer soluções. O CEO da plataforma social escreveu em sua página na tarde desta quarta-feira, 21. Havia prometido, ainda, uma entrevista à CNN ao fim do dia.
No decorrer da segunda, 19, e terça-feira as ações do Facebook caíram mais de 10% e estavam operando, na abertura do mercado nesta quarta, em cerca de US$ 166. O desenrolar do caso foi acrescentando mais tensão sobre o futuro da plataforma e ganhou contornos ainda mais pesados após um vídeo-flagrante do Channel 4 britânico com depoimentos de executivos da Cambridge Analytica reconhecendo o uso dos dados, a manipulação de informações e até mesmo chantagens envolvendo prostitutas. O CEO da empresa, Alexander Nix, foi afastado após a publicação da reportagem. Nesse ínterim, Zuckerberg ou outros executivos de alto escalão do Facebook, como a diretora de operações Sheryl Sandberg, não haviam se pronunciado.No relato de Mark Zuckerberg, o executivo promete três iniciativas para melhorar a segurança de dados de usuários na plataforma. A primeira é investigar todos os aplicativos que tiveram acesso a essas informações anteriormente às mudanças de políticas da plataforma que já haviam aumentado o rigor sobre o acesso a esses dados, realizadas em 2014. A ideia é auditar todos apps nos quais identificarem alguma atividade suspeita. Descobrindo algo errado, vão banir esses desenvolvedores do Facebook.
I want to share an update on the Cambridge Analytica situation — including the steps we've already taken and our next…
Publicado por Mark Zuckerberg em Quarta-feira, 21 de março de 2018
Em segundo lugar, Zuckerberg prometeu tornar o acesso a dados por parte de desenvolvedores ainda mais rigoroso. Se o usuário não utilizar um app de terceiro por três meses, por exemplo, a respectiva informação seria retirada do banco do parceiro. Também vão restringir a quantidade de informações necessárias a se registrar em um serviço de terceiros na plataforma: agora só será necessário, no máximo, nome, e-mail e foto.
Por fim, prometeu que vai deixar ainda mais explícito na interface da plataforma um link que permite ao usuário identificar o que está compartilhando com aplicativos e tornar fácil o cancelamento desse acesso. Zuckerberg diz que a ferramenta já existe no menu, nas configurações de privacidade, mas vai colocar um ícone ainda mais claro, junto ao News Feed. O CEO do Facebook prometeu outras mudanças futuras para proteger dados, sem detalhar quais seriam.
Um comunicado consequente à do CEO, na página oficial de imprensa da plataforma, afirmou que também vão estimular aos usuários que identifiquem esses problemas e compartilhem com o Facebook esses apps nocivos. “Vamos expandir nosso programa de recompensas para falhas técnicas no Facebook, para que as pessoas também possam reportar a nós se encontrarem mau uso de dados por desenvolvedores de aplicativos”, diz a nota.
A manifestação de Zuckerberg colocou um fim não só ao silêncio de altos executivos da plataforma, mas também acalmou a circulação de boatos. Um dos líderes que têm mais falado publicamente é justamente o chefe de segurança da plataforma, Alex Stamos, que tem postado vários tuítes sobre o assunto. Num deles, tentou desmentir uma informação que circula na imprensa americana sobre seu provável afastamento do Facebook em agosto:
Despite the rumors, I'm still fully engaged with my work at Facebook. It's true that my role did change. I'm currently spending more time exploring emerging security risks and working on election security.
— Alex Stamos (@alexstamos) March 19, 2018
O caso do vazamento do Cambridge Analytica deve ter novos desdobramentos na semana, desde a convocatória de envolvidos para depor em comitês dos governos americano e britânico, até resultados de auditorias nos bancos de dados das empresas envolvidas. Enquanto isso, a publicação do CEO do Facebook serve para esfriar os ânimos de quem ansiava por qualquer posicionamento da liderança da empresa, especialmente investidores que viam suas ações despencarem. “Eu comecei o Facebook e, no fim do dia, sou responsável pelo que acontece na nossa plataforma”, escreveu Zuckerberg, ao fim do comunicado. “Eu prometo que vamos trabalhar nisso e construir um serviço melhor no longo prazo.”
*Atualizado às 19h10, com novas informações de comunicado oficial do Facebook
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