Como promover acessibilidade em eventos como o Carnaval?
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Ana Lúcia Motta, CEO da All Dub, explica quais são as dificuldades em promover acessibilidade para pessoas com deficiência nos eventos
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Amanda Schnaider
9 de fevereiro de 2024 - 7h55
Atualmente, há 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, considerando a população com idade igual ou superior a dois anos. Esses dados são do IBGE, com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022.
Apesar de expressiva, essa população ainda enfrenta barreiras ao executar atividades simples do dia a dia e é esquecida por diversos setores da sociedade. Um setor que enfrenta dificuldades em promover acessibilidade das pessoas com deficiência é o de eventos. Porém, nos últimos anos, algumas empresas têm surgido no mercado com o objetivo de promover essa acessibilidade.
Uma delas é a All Dub, companhia que atua com acessibilidade na comunicação de grandes eventos. “A acessibilidade é obtida eliminando barreiras que dificultam ou mesmo impedem a integração das pessoas com deficiência com as demais pessoas e atividades”, afirma a CEO, Ana Lúcia Motta.
Neste ano, a empresa fará, pela primeira vez, a audiodescrição dos desfiles do Sambódromo do Anhembi, que será transmitida ao vivo pelo canal da Secretaria Municipal de Pessoa com Deficiência no YouTube. Além disso, a All Dub levará, pelo quinto ano consecutivo, tradução em Libras e audiodescrição para deficientes visuais do Carnaval do Rio.
O serviço será prestado diretamente da Marquês de Sapucaí pela empresa, que atua com acessibilidade na comunicação de grandes eventos como Rock in Rio, The Town, Lollapalooza, Mita Festival e Bienal do Livro.
Ao todo, a equipe da empresa contará com profissionais de atendimento, audiodescritores, técnicos e intérpretes de Libras, em todos os dias de desfiles, entre 9 e 12 de fevereiro, e no Desfile das Campeãs, programado para o dia 17. Para cada dia, 300 ingressos são distribuídos para pessoas com deficiência e um acompanhante.
Em área reservada no setor 13 da Marquês de Sapucaí, o público recebe rádio transmissores para ouvir em tempo real o áudio narrado por profissionais que trabalham simultaneamente dentro da cabine. Além disso, os intérpretes de Libras se posicionam próximo ao público para comunicar informes e detalhes do espetáculo.
Na visão de Ana, para promover acessibilidade em eventos, sejam eles quais forem, é preciso oferecer serviços como intérpretes de língua de sinais, disponibilizar informações em formatos acessíveis, como mapas táteis em Braille, QR codecom audiodescrição, garantir espaços acessíveis a cadeirantes e pessoas com mobilidades reduzidas, além de oferecer opções de transporte adaptado, e recursos digitais como a legendagem descritiva para facilitar a participação de pessoas com deficiência.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Ana Lúcia Motta indica ainda quais são as dificuldades em promover acessibilidade para pessoas com deficiência nos eventos, como melhorar essa experiência, e a importância de promover uma experiência boa para essa população.
Meio & Mensagem – Quais são as dificuldades enfrentadas nesse processo?
Ana Lúcia Motta – As dificuldades incluem a falta de conscientização sobre as leis e as necessidades existentes, os custos associados à implementação de recursos acessíveis, desafios na infraestrutura para garantir espaços acessíveis, desafios em encontrar bons profissionais treinados e qualificados e a necessidade de treinar equipes para lidar com diversas necessidades. Além disso, a variedade de deficiências demanda abordagens multifacetadas, o que pode complicar a implementação de medidas abrangentes a cada necessidade.
M&M – O que é preciso para melhorar a acessibilidade nos eventos?
Ana – Para melhorar a acessibilidade em eventos, é crucial promover a conscientização, dos produtores a buscar o que é necessário de acordo com as normas, incorporar feedback de pessoas com deficiência, investir em treinamento para equipes, especializadas em atendimento a PCDs, implementar designs universais, e garantir a presença de recursos como intérpretes simultâneos, tecnologias assistivas e espaços adaptados. Colaboração com especialistas, consultores em acessibilidade e o cumprimento de normas e regulamentações também são fundamentais.
M&M – E qual é a importância de promover acessibilidades nos eventos?
Ana – O acesso à cultura é um direito de todo cidadão. Assim sendo, a Declaração Internacional de Direitos Humanos de 1948 dispõe em seu artigo 27 que todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de usufruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios. Isso quer dizer que todos os indivíduos, independentemente de sua origem, classe social, experiência prévia, condição congênita, deficiência ou quaisquer outros fatores socioeconômicos que os identifiquem como minorias, têm o direito de usufruir das manifestações e bens culturais. Logo, propiciar aos indivíduos com deficiência a promoção da acessibilidade para participação na vida política cultural, inclusive lhes assegurando protagonismo na cena cultural, é assegurar que os direitos e garantias individuais estão sendo buscados por parte do poder público distrital. Portanto, promover a acessibilidade em eventos é crucial para garantir a inclusão de todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas ou cognitivas. Isso não apenas atende a requisitos éticos e legais, mas também amplia a participação, diversidade e experiência positiva de todos os participantes, contribuindo para uma sociedade mais equitativa e consciente.
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