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Marcas que operam no RS adotam medidas para manutenção da equipe

Chandon, Salton, Riachuelo e Arezzo mantêm unidades fechadas, ao mesmo tempo que buscam assegurar a segurança dos trabalhadores isolados pelas chuvas intensas no Rio Grande do Sul


8 de maio de 2024 - 7h15

Enchente do Rio Taquari, no município de Muçum (RS), é a terceira de proporções catastróficas segundo a prefeitura (Crédito: Prefeitura de Muçum/Instagram)

Enchente do Rio Taquari, no município de Muçum (RS), é a terceira de proporções catastróficas segundo a prefeitura (Crédito: Prefeitura de Muçum/Instagram)

Atualizada em 17:50 

As chuvas do Rio Grande Sul são consideradas um dos eventos climáticos mais extremos ocorridos no Brasil. Dos 497 municípios gaúchos, mais de 360 foram afetados pelas chuvas que destruíram estradas, pontes e rodovias.  Cruzeiro do Sul, Gramado e Santa Maria do Herval estão na lista das cidades mais prejudicadas.

As três cidades integram, assim como outras, o complexo geológico da Serra Gaúcha, região utilizada por vinícolas para produção de vinhos, sucos e espumantes. Para a Chandon, que concentra áreas de cultivo na região, a prioridade tem sido auxiliar os colaboradores e agricultores parceiros. A marca de espumantes tem enviado produtos de primeiras necessidades e estuda futuros desdobramentos para os funcionários, como o fornecimento de abrigos.

A Chandon está na Serra Gaúcha desde 1973 com plantações próprias, como a Casa Chandon, em Garibaldi, e junto a agricultores parceiros. Segundo Catherine Petit, managing director da Chandon Brasil, ainda não foi possível quantificar o impacto das chuvas no cultivo. Além disso, ela destaca que tanto os colaboradores como os centros de distribuição na região estão isolados.  “O aeroporto vai ficar fechado até 30 de maio, esses indicadores mostram que vai ficar complicado”, comenta, referindo-se às projeções dos impactos que o isolamento das operações na região pode causar no negócio. Além disso, durante a Casa Chandon que acontece a partir de 18 de maio vai converter todo dinheiro arrecado para ajudar as famílias do Rio Grande do Sul.

Como as chuvas podem impactar a produção de vinho?

Segundo representantes de associações agrícolas, como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, os deslizamentos de terra afetaram algumas plantações nas regiões de Pinto Bandeira e Bento Gonçalves. Porém, ainda não foi possível estimar o número de hectares perdidos, já que as águas apenas começaram a baixar nesta semana. Além disso, meteorologistas fazem a previsão de descargas elétricas e granizo nos próximos dias.

Como ressaltado pela assessoria do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), as chuvas não vieram em épocas de colheita. Entre períodos de dormência, as parreiras ficam desfolhadas e as gemas não brotam, ou seja, não há flores nem frutos na parreira. Dados do IBGE de 2022 demonstram que a produção no Rio Grande do Sul movimentou mais de R$ 1 bilhão.

A marca de vinhos Valduga disse que, na região do Vale dos Vinhedos, “muitos viticultores viram seus vinhedos serem devastados por grandes avalanches de terra provenientes dos picos mais altos”. Segundo os dados da Emater-RS, em relação aos vinhedos, a estimativa é que tenham sido perdidos 250 hectares em Bento Gonçalves.

Logística comprometida

Outra marca de bebidas alcoólicas, a Salton, que faturou R$ 500 milhões em 2022, possui quatro unidades de negócio, sendo duas no Rio Grande do Sul, nas cidades de Bento Gonçalves e Santana do Livramento. Em comunicado, a empresa disse que não entraria em detalhes sobre os impactos da catástrofe ambiental na região.

Com bloqueios em quase 180 trechos em 68 rodovias, a logística do estado foi afetada, sobretudo, para empresas dependentes do modal para distribuição dos produtos. No caso de Salton, por exemplo, existem mais duas outras unidades de negócio em São Paulo que podem auxiliar neste momento. Além disso, o comunicado destaca a parceria da empresa com as entidades regionais, que têm contribuído para que ações ajudem no resgate de famílias afetadas pela chuva. O Ministério da Agricultura e da Fazenda, em anúncio feito pelo presidente Lula, decretou medidas para a renegociação de dívidas de crédito rural.

Mobilização regional

Na esteira do caos desencadeado pelo dilúvio, empresas e pessoas físicas começaram a mobilizar ajuda humanitária para as famílias do Rio Grande do Sul. A Riachuelo, por exemplo, fez a doação de quase 15 mil peças de vestuário, cama e banho. O objetivo é ampliar para 70 mil itens nas próximas semanas. Além disso, a Riachuelo afirmou seu comprometimento com a segurança financeira e bem-estar psicológico dos 60 colaboradores e familiares diretamente afetados. Com isso,  a marca fará o abono no ponto para que os colaboradores não tenham perda salarial no período. Além disso, eles já podem optar por receber o adiantamento do 13º salário.

Segundo informações da empresa, 80% dos times estão sem luz ou sem água, além de 60% habitarem regiões que estão inoperantes e inacessíveis. Além disso, cerca de 330 unidades estão servindo de coleta de itens para a doação em parceria com a Cruz Vermelha. Na região afetada pelas chuvas, oito unidades estão fechadas, sendo que três passaram a voltar a funcionar nos próximos dias.

Já o posto Graal em Gravataí – localizado na Rodovia BR 290 – adquiriu a função de centro de coletas para doações. Em Porto Alegre, a Ambev suspendeu a operação de cervejas para envasar água potável e doar para população afetada. Para produção de  850 mil latas foram levados equipamentos de São Paulo para adaptação das unidades fabris.

Outros setores também se mobilizaram, como a M.Dias Branco. Por meio da marca de biscoitos e massas, Isabela, a empresa fez a doação de 21 mil toneladas de alimentos aos gaúchos. Apesar da promessa feita, como as vias que ligam o centro de distribuição da empresa foram comprometida pelas chuvas, as doações ainda não foram concluídas. Ainda que esteja com sua estrutura física preservada, a unidade fabril de Bento Gonçalves também está interditada, porém, a empresa diz estar comprometida com o apoio financeiro, físico e mental dos trabalhadores afetados.

Quais são os impactos da chuva no consumo?

Em matéria publicada pelo Valor Econômico, o economista da G5 Partners, Luis Otavio Leal, estima que o impacto na economia será significativo. Sobretudo na produção de alimentos, como arroz, carnes e outros produtos in natura. Segundo a reportagem, é possível prever aumento de 5% nos preços do arroz em maio. O Rio Grande do Sul concentra quase 70% da produção nacional de arroz, com 2,4 milhões de toneladas de arroz comercializados durante o primeiro trimestre de 2023.

A Camil Alimentos, por exemplo, está entre as maiores beneficiadoras de arroz do Brasil. Em 2022, o Rio Grande do Sul correspondeu a 17,8% do total industrializado pela empresa. Em resposta as questões da reportagem, a marca disse que apesar das limitações logísticas que se apresentam, “estamos mantendo o abastecimento do arroz e do feijão no varejo do estado e das demais regiões do país”.

Além dos grãos, o estado também possui uma tradicional cultura calçadista com polos no Vale do Rio dos Sinos e na encosta da Serra Gaúcha, como Santa Maria do Herval. No ano passado, a Arezzo, que está há 30 anos no estado, empregava cerca de 2,6 mil funcionários na região, com produção de 138 milhões de calçados por ano.

À reportagem, a marca emitiu o seguinte posicionamento: “De hoje em diante, com entendimento mais concreto em relação aos impactos, atuaremos estrategicamente para fomentar a reestruturação do ecossistema de produção de calçados da região”. Uma das ações da Arezzo é a flexibilização do vencimento dos títulos de franqueados e multimarcas, assim como a antecipação dos recursos financeiros e auxílios aos funcionários.

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