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A saga de Bento Carneiro

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Ponto de vista

A saga de Bento Carneiro


27 de novembro de 2012 - 10h58

O filme Amanhecer – Parte 2, em duas semanas de exibição totalizou 6,2 milhões de ingressos vendidos. Para efeito de comparação o filme Gonzaga, de Pai para Filho, em cinco semanas, fez 1,3 milhão de ingressos. No Brasil vampiros fazem mais sucesso que sanfoneiros.

Sempre me pergunto se a denominação “saga”, imposta pelos produtores aos filmes da série Crepúsculo, é sobre a perspectiva dos protagonistas que sofrem em proporções desumanas, ou sobre a perspectiva do público que humanamente sofre, principalmente nesse último episódio vivenciando a realidade de um hemocentro tamanha a profusão de sangue que jorra da tela.

Mas não deixa de ser esclarecedor saber que vampiros morrem. Sim, a imortalidade não é uma condição absoluta para os dentuços que ao serem decapitados por semelhantes e imediatamente incinerados conhecem, finalmente, a morte.

É tanta história sobre a existência desses sanguessugas que tendo a acreditar na real possibilidade deles estarem entre nós. Pois agora Hollywood decretou que até o presidente americano Abraham Lincoln (1809-1865) era um deles, o que sugere que a próxima cine biografia de um artista brasileiro encare o fato “de frente” e com a sinceridade necessária.

Imaginem se Bento Carneiro, O Vampiro Brasileiro, do humorista Chico Anysio (1931 – 2012), não fosse uma alegoria, uma caricatura da realidade nacional e da dificuldade de sobrevivência da espécie por essas bandas e tivéssemos que realmente conviver com o tipo estranho assim como fazem os personagens dos filmes.

Como o que sabemos é o que nos contam, por enquanto vale o registro da profusão de marcas de luxo usadas pelos vampiros americanos da saga Crepúsculo. Manolo Blahnik (sapatos), Carolina Herrera (vestido de noiva), BMW, Volvo, Anichini (roupas de cama), J Brand (jeans), Apple (computador) e até um jato Bombardier, por que essa história de sair voando por conta própria não está com nada. Sem contar a rara, Rainer, a cerveja preferida do pai da Bella que, por enquanto, não é vampiro, mas também tem bom gosto.

Segundo Samantha Ettus, co-criadora, produtora e apresentadora da TV Obsessed de Los Angeles “A maioria das pessoas absorvem as mensagens publicitárias, em vez de questioná-las, a menos que sejam muito mal feitas. Os profissionais de marketing precisam manter a simetria natural em mente. Certifique-se de que os personagens trabalham com o produto ou se o produto está em linha com o target” – Luxury Daily, novembro de 2011.

Assista novamente Amanhecer – Parte 1 e veja a ação da pré-vampira Bella praticando usar saltos altos com um sapato Manolo Blahnik (aqueles de Sex in the City) para entender o que é “simetria natural em mente” e para deixarmos de nos comportar como Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, no product placement do cinema nacional. 

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