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Cuidado com os Penetras

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Ponto de vista

Cuidado com os Penetras


10 de dezembro de 2012 - 2h47

O filme Os Penetras (Andrucha Waddington) entre os dias 30 de novembro, sexta-feira, 1 e 2 de dezembro, sábado e domingo, levou aos cinemas 336 mil espectadores e se tornou a maior abertura nacional do ano, com um faturamento de 3,9 milhões de reais no período.

Bom para o cinema e para toda a cadeia produtiva da sétima arte. Ruim para os jornalistas especializados que, por ignorância, desconheciam o potencial do conteúdo que reúne dois expoentes televisivos do humor contemporâneo, Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch.

Isso ocorre com mais freqüência do que se imagina. Encastelados nas redações, frequentadores compulsivos das “bocas livres” que se transformaram as sessões fechadas para os jornalistas, chamadas de cabines, esses profissionais da imprensa estão distantes do dia a dia dos cinemas.

Não precisava conhecer em profundidade dados do cinema internacional, característica dos críticos brasileiros, para perceber a imensa receptividade que o trailer de Os Penetras tinha nas plateias de todo o Brasil quando era exibido antes das sessões em cartaz.

Na frieza das cabines cercados de “comes e bebes” foi difícil para os coleguinhas entenderem a proposta que reúne dois comediantes da “off Broadway” tupiniquim. Um trabalha na MTV e outro na TV Bandeirantes. Está explicado o desprezo.

Fora dos circuitos descolados os dois não se transformaram em pauta, algo que, domesticamente, chamo de fenômeno Bezerra de Menezes, em referência à cine-biografia do médium brasileiro, lançada em 2008, que depois de três semanas em cartaz, com números surpreendentes, conseguiu vencer a resistência da crítica nacional e “cavou” um espaço na mídia especializada.

Com Os Penetras os jornalistas tiveram mais agilidade e já no segundo final de semana da fita ensaiaram o reconhecimento de que o filme é um sucesso de público, mas, para não acusarem a “barriga”, jargão do jornalismo correspondente a uma “mancada”, classificaram o filme como fraco, apesar do inegável talento dos protagonistas.

A propaganda é mais generosa com a ignorância dos penetras da mídia que fazem as suas barrigas na distribuição das verbas publicitárias e insistem em não programar o cinema, amparados por supostas justificativas técnicas. Ao não veicular anúncios antes da exibição de Os Penetras o mercado publicitário perdeu uma excelente oportunidade de diálogo com o consumidor que frequenta os cinemas como legítimo usuário de um dos mais modernos e efetivos meios de comunicação publicitária.  

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