Amir Somoggi
19 de maio de 2011 - 9h49
Os diferentes dados de pesquisas realizadas com os brasileiros demonstram que uma parte muito representativa dos torcedores tem no futebol uma de suas mais importantes atividades de entretenimento, tanto pelo público que pratica futebol como pelo número de pessoas que acompanham futebol pela mídia, impressa, eletrônica e digital.
Por outro lado, o mercado do futebol ainda sofre de sérios problemas estruturais que afetam diretamente os negócios gerados pelos clubes, especialmente em seus estádios e vendas de produtos. A pesquisa publicada em 2010 pelo Diário Lance! apresenta dados muito interessantes sobre o consumo do torcedor de futebol no Brasil.
As principais conclusões estão relacionadas a um mercado potencial gigantesco, mas ainda pouco maximizado pelos clubes e seus patrocinadores, sobretudo na relação com seus milhões de torcedores, comercialização de seus jogos, ações de marketing e vendas de produtos.
Um dado extremamente preocupante na pesquisa foi a constatação que somente 1% dos torcedores brasileiros acima de 16 anos foi ao estádio nos últimos 2 anos, em comparação com os 93% de homens que acompanham futebol pela mídia e 75% entre as mulheres.
A pesquisa mostrou a baixa participação em projetos de sócio-torcedor 1% dos torcedores e o baixo consumo de produtos oficiais dos clubes e das marcas patrocinadoras das equipes.
Com relação à compra de produtos licenciados a pesquisa apontou que somente 28% dos torcedores acima de 16 anos compram produtos oficiais, 35% entre os homens, 39% entre os jovens de 25 a 34 anos e 32% entre os adultos de 35 a 44 anos, já que nesse grupo há um grande número de pessoas com filhos pequenos. O consumo é mais representativo para os torcedores das classes A/B.
Indiscutivelmente há um número muito baixo de torcedores brasileiros que consomem produtos oficiais dos times, provando que os clubes e as empresas têm um amplo trabalho de marketing a ser realizado nos próximos anos. O ideal é pensar em linhas de produtos segmentadas para torcedores de diferentes classes sociais.
Esses dados comprovam que uma atitude mais ativa e criativa do mercado do futebol como um todo, nas estratégias de marketing esportivo, pode ampliar muito o consumo futuro de diferentes produtos oficiais dos clubes, impactando as receitas geradas pelas entidades e de seus parceiros.
O papel do departamento de marketing dos clubes brasileiros deve passar obrigatoriamente por criar um canal estreito e contínuo de relacionamento com seus milhões de torcedores e também auxiliar os patrocinadores em posicionar e lançar marcas, relacionar-se com diferentes públicos e vender produtos e serviços.
O torcedor é indispensável para os negócios dos clubes de futebol e isso fica muito claro na realidade dos clubes europeus. Os grandes times da Europa criaram uma relação muito próxima com seus torcedores. Esse apaixonado público é diretamente responsável pelo investimento no futebol profissional. Esse fato faz com que o torcedor seja o principal fator para que seus times tenham equipes cada vez mais fortes e competitivas.
Os grandes clubes europeus arrecadam cada vez mais dinheiro com o torcedor que vai ao estádio, que compra produtos licenciados e que se relaciona com seus patrocinadores, provando que o melhor combustível para seus negócios é tratar o torcedor como um verdadeiro cliente. Essa conversão de torcedores em clientes faz com que os clubes gerem mais receitas, não só do torcedor, mas também com empresas patrocinadoras. Isso fez com que os times pudessem investir em melhores salários para seus jogadores e na contratação de grandes ídolos, fazendo com que o torcedor fique ainda mais feliz e motivado.
* Amir Somoggi é diretor de consultoria em gestão esportiva da BDO
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