O Pior Design de Embalagem do Mundo

Meio & Mensagem
18 de novembro de 2013 - 12h49

De tudo que não temos de “padrão FIFA”, nada supera o design.

Lamento pelos jogadores portugueses (caso o selecionado lusitano se classifique para a Copa do Mundo) ao tentarem abrir uma embalagem de azeitonas; pelos franceses ao se depararem com o desafio de abrir uma embalagem de geléia ou pelos americanos que queiram matar a sede com um singelo suco de laranja.

Todas essas atividades corriqueiras e cotidianas na vida de qualquer povo se tornam, no Brasil, um exercício de paciência diante do descaso da indústria de alimentação com o design das embalagens tupiniquins.

O pior design de embalagens do mundo entra na lista do “contra tudo que está aí”, que motiva multidões a invadirem as ruas. As embalagens brasileiras nos fazem de trouxas e gravitam imunes às críticas e aos boicotes.

Quando havia ração na ponte aérea Rio-São Paulo, éramos capazes de chegar ao destino sem conseguir abrir a embalagem da manteiga. Até hoje é mais fácil pescar uma sardinha do que se submeter à humilhação de abrir a lata em que elas foram aprisionadas.

Em prol de uma suposta preocupação ambiental, garrafas de água se transformaram numa garantia de banho, tamanha a desproporcionalidade entre o tamanho da tampa e o material da embalagem.

O curioso é que quando se encontra um designer brasileiro (além de poucos, eles se escondem, e com razão) o discurso é elaborado, quase pernóstico, absolutamente desassociado da realidade.

A mediocridade da atividade em terras brasileiras não corresponde ao número de cursos superiores dedicados ao tema. De duas, uma: ou os cursos são muito ruins, com professores e recursos limitados, ou decidimos voluntariosamente apostar no péssimo design de embalagens alimentícias como um traço cultural. Assim como o caótico trânsito em Nápoles.

Só me lembro do coco entre os produtos nacionais com um bom design. Ele mantém esse traço cultural e, convenhamos, é bem difícil de abrir, mas é mais fácil aceitar essa dificuldade como obra da natureza e não da genialidade (SIC) dos designers nacionais.

Há segmentos do mercado e áreas do conhecimento em que ainda estamos na pré-história. Portanto, inclua no seu índice de críticas ao Brasil o péssimo design de embalagens, em particular na indústria da alimentação.