Ouvir o galo cantar sem cozinhá-lo
O consumidor nunca falou tanto. Nunca ofereceu tantas informações gratuitamente. Jamais indicou tão claramente seus desejos, necessidades, intenções e opiniões
O consumidor nunca falou tanto. Nunca ofereceu tantas informações gratuitamente. Jamais indicou tão claramente seus desejos, necessidades, intenções e opiniões
Meio & Mensagem
11 de novembro de 2014 - 11h02
Ouvir o galo cantar e não saber onde é cada dia um problema menos importante. Hoje em dia, tem tanto galo cantando ao mesmo tempo em que a localização do animal importa menos do que identificar, no meio de tanto barulho, qual o galo está cantando o que. Pelo menos este parece ser um sentimento geral.
Desde que a mídia social entrou porta adentro da vida de cada um de nos, o volume de informação, estímulos, opiniões, imagens, e sons não para de crescer. E de confundir.
Às vezes parece mesmo que as redes sociais não vieram para explicar, mas sim para confundir. Felizmente, isto é só aparência. A realidade é mais complexa, mas, ao mesmo tempo, mais benigna.
Mídia social é daquelas coisas que toca tantos aspectos, chega com tanta forca, que é impossível ignorar. “Não dá para ficar fora”, dizem os executivos. Mas esta, também, talvez não seja a melhor maneira de descrever o desafio.
Talvez, a preocupação em não ficar de fora deva ser substituída pelo objetivo de definir o que é ficar dentro. Afinal, como tudo o que é novo, a mídia social tem o seus caprichos.
Quase toda hora, algum artigo sobre mídia social demonstra como a sobrevivência ou crescimento de empresas e marcas pode estar intimamente ligado a seus investimentos em mídia social. Preocupação justificada. De acordo com a USM, a mídia social já ultrapassou a pornografia como a busca online mais solicitada. Mais que isto, mídia social alargou o espectro dos seus usuários dos jovens para os mais velhos. Linkedin, Google +, Twiter, Facebook, e Youtube somados alcançam uma base de dois bilhões de usuários.
Durma-se com um barulho desses. Ou melhor, permaneça acordado. Ficar alerta neste ambiente é provavelmente recomendável e certamente mais lucrativo. Dois bilhões de usuários em social mídia equivalem a trilhões de necessidades, escolhas, comentários, opiniões, discussões, escolhas, e, claro, decisões de compra, baseados em interações aparentemente caóticas entre consumidores. Todos os minutos, dias, ou horas.
Diante deste quadro, o curioso não parece ser a preocupação generalizada, por bons e maus motivos, em incluir mídia social no planejamento de marketing. O interessante é que, quando operando em mídia social, muitas empresas em geral, não percebem que ali os consumidores buscam engajamento, manifestam sentimentos e ideias, buscam intimidade, engajamento e confiança. Em outras palavras, a utilização eficiente de mídia social é pessoal, customizada.
A novidade, é que este tipo de mídia não serve como galeria de exposição de produtos a consumidores passivos. Na mídia social, o consumidor responde claramente. Os galos cantam ao mesmo tempo, não necessariamente em harmonia, e certamente independentemente.
Por isto, talvez toda esta energia seja frequentemente percebida como caos, ruído ou barulho quase insuportável a ser vencido no grito. Agir assim é perseguir a oportunidade através de estratégia cara, limitada e ineficaz.
Aquilo que parece caótico é somente realidade não decodificada. Portanto, o mais logico é, ao invés de contribuir para o ruído, buscar o entendimento da realidade. E, para isto, o melhor recurso custa muito pouco.
É na capacidade de ouvir o consumidor, aprender com ele, e incorporar o aprendizado rapidamente nas rotinas, produtos, mensagens e produtos que está a grande oportunidade e utilidade da mídia social para o marketing
O consumidor nunca falou tanto. Nunca ofereceu tantas informações gratuitamente. Jamais indicou tão claramente seus desejos, necessidades, intenções e opiniões E nunca foi tão ignorado. Empresas que queiram atuar em mídia social precisam de estratégia centrada no consumidor, e não no produto.
A melhor estratégia de marketing na mídia social é o foco nos galos metafóricos. É concentrar a atenção em cada galo. É ouvi-los cantar. Entender seus cantos. Responder a eles rápida, pessoal e eficazmente.
Não interessa mais onde está o galo. Ele deve sempre ser ouvido. E jamais, em hipótese alguma, deve-se cozinhá-lo.
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