A revolução digital do jornal El País
Título espanhol manteve lucro em meio à crise do mercado investindo na atuação multiplataforma
Título espanhol manteve lucro em meio à crise do mercado investindo na atuação multiplataforma
Fernando Murad
22 de novembro de 2011 - 2h53
Nos últimos três anos o mercado publicitário espanhol caiu 33%, passando de 7,7 milhões de euros para 5,1 milhões de euros. A queda no mercado de jornais foi ainda maior: 44%, indo de 1,9 milhão de euros para 1,1 milhão no mesmo período. A circulação também não passou incólume pela crise econômica e acumula retração de 35%. Diante deste cenário pouco amistoso o jornal El País, fundado em 1976, precisou se reinventar.
“Mudamos o foco e começamos a fazer coisas diferentes. Tivemos que fazer uma grande transição. Deixamos de ser um jornal de papel para ser uma empresa multimídia”, disse Víctor Arbáizar González, diretor de operações do título, durante o painel inicial do segundo dia do INMA Seminário Internacional de Jornais, que acontece em São Paulo.
Para se adaptar à nova realidade do mercado, a empresa promoveu mudanças estruturais. Terceirizou sua área de sistemas, vendeu as operações de impressão e distribuição e passou a dividir com outros veículos do grupo (como os jornais As, de esporte, e CincoDias, de negócios) os departamentos financeiro e de RH. Com isso, o El País focou suas atenções no marketing e na redação.
“A crise gerou queda nas receitas, mas mantivemos margens de lucro. Somos o único jornal da Espanha com lucro”, aponta. Para manter o resultado, o título investiu na realização de eventos (como o Encontros Globais, que teve a participação de líderes latino-americanos como Lula e Felipe Calderón) e na web. Além de mudar a página, o El País passou a comercializar fotos e matérias e a vender assinaturas temáticas.
Além disso, ao lado de outros grandes grupos de mídia do país criou o Kiosko y Más, banca virtual que reúne 42 jornais e 60 revistas. “Implementamos um modelo de assinatura digital e um teste de pagamento por conteúdo. Na Espanha já é clara essa oportunidade de pagamento por conteúdo digital”, afirma, sem citar números.
The New York Times
Enquanto a maioria dos veículos impressos ainda está em busca de um modelo sustentável de operação paga no ambiente digital, o norte-americano The New York Times já comemora o bom desempenho do seu sistema, que mescla conteúdo pago e acesso gratuito. Até meados de outubro, o título acumulou 325 mil assinantes do site, mais 100 mil assinantes patrocinados pela Ford, além dos 800 mil assinantes do papel que também têm acesso ao conteúdo digital.
“Acredito que o modelo de negócio de cobrar pelo conteúdo é o correto, seja ele música ou notícia. As pessoas já estão acostumadas a pagar um dólar por uma música. Por que não pagariam para ler notícias?”, questionou Isabel Sicherle, diretora do The New York Times para a América Latina, México e Caribe.
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