O que levou Ana Paula Padrão a assumir a Claudia
Oficialmente como diretora de redação, a jornalista, que estreia nova temporada do MasterChef Profissionais, fala de sua identificação com a revista da Editora Abril
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Luiz Gustavo Pacete
5 de setembro de 2017 - 7h14
Na manhã da última quarta-feira, 30 de agosto, a jornalista e apresentadora Ana Paula Padrão reuniu, em São Paulo, dezenas de executivas e profissionais de marcas e agências. Na ocasião, Ana Paula oficializou sua chegada à Claudia como diretora de redação. Entre várias novidades apresentadas por Ana estava o novo posicionamento da revista: #eutenhodireito que, segundo a própria diretora, busca dar voz e visibilidade aos direitos já conquistados pelas mulheres.
“Não há apenas um feminismo, mas diversas causas femininas. Cada mulher pode escolher a sua”, disse Ana Paula durante a apresentação. Em entrevista ao Meio & Mensagem, ela explica por que aceitou o convite de Claudia e comenta o desafio de falar a linguagem da mulher moderna que, atualmente, se vê representada por vários movimentos. Ela também comenta o que aprendeu conduzindo o MasterChef, cuja nova temporada com cozinheiros profissionais estreia nesta terça-feira, 5.
Meio & Mensagem – Para qual mulher a Claudia pretende falar?
Ana Paula Padrão – A mulher brasileira passou por algumas fases até chegar aqui. No fim dos anos 1990, foi a fase de pressão, onde a mulher vivia a dupla jornada. Vivia exausta atendendo a agenda do outro. No começo dos anos 2000, foi uma fase de revisão dos valores que combinavam com ela, uma conexão com ela mesma. Entender que ela estava exausta de rever tantos papeis diferentes em sua jornada. Em seguida, vem a fase que eu acho linda, a das escolhas. Ela passou a optar pela felicidade sem ter que abrir mão de alguma coisa. Ela não precisava desistir de algo para ter algo. Ela podia se olhar no espelho e escolher o que a deixava mais feliz. E hoje vivemos o que eu chamo de fase 4: de afirmação. Ela já fez suas escolhas, Nada a impede de ser mãe e profissional ao mesmo tempo, nada a impede de assumir sua orientação sexual, a afirmação racial, casar ou não casar. Ela não vive mais em função da expectativa do mundo em relação a ela. Você não precisa dizer para a mulher “faça o que você quiser”. Ela já faz o que ela quer. E, neste contexto, queremos ter debaixo da hashtag #eutenhodireito um guarda-chuva que represente toda essa evolução e que seja capaz de reverberar isso em várias plataformas.
“Quando você tem um grau de pulverização de movimentos femininos que existe no Brasil, hoje, as marcas se perguntam: para qual mulher eu falo?”
M&M – O que te fez aceitar o convite da revista?
Ana Paula Padrão – Sempre foi um veículo que antecipou ou corroborou determinados movimentos muito importantes para a história da mulher. O que precisamos atualmente, é reposicionar Claudia como marca. O conteúdo é muito bom e muito adequado, mas ela precisa ter a linguagem que as mulheres falam hoje. Quando falo em reposicionar é dar uma guinadinha neste ponto. E quando digo linguagem, me refiro, principalmente à questão de plataformas. Para dar a força de marca à Claudia. Quando eu fui anunciada na Claudia, disse que para mim era como estar em um lugar seguro. Estudo a história dos movimentos femininos no Brasil há mais de quinze anos. Esse assunto me apaixona. E, no contexto dessas discussões, eu enxergo Claudia como uma marca poderosa. Nunca vivemos um movimento de tamanha pulverização de movimentos femininos e Claudia tem que dar voz a todos eles. Não é mais questão de plataforma. Ela não é mais uma revista de nicho para determinado tipo de mulher com tal idade. A gente fala com todas as mulheres, independentemente da idade ou momento na pirâmide social.
“Não há mais cluster, existem filhas, mães, negras, brancas, heterossexuais, homossexuais”
M&M – Neste contexto, qual o desafio das marcas?
Ana Paula Padrão – Quando você tem um grau de pulverização de movimentos femininos que existe no Brasil, hoje, as marcas se perguntam: para qual mulher eu falo? Para qual mulher eu dirijo meu discurso? Qual mulher eu quero atingir? Essas perguntas, no entanto, talvez não sejam as mais importantes e nem tão simples de ser respondidas porque já não existe um canal único de comunicação para falar com essa mulher. Não é uma questão de cluster, de idade, cultura, renda, é uma questão de respeitar todas as mulheres. Vivenciamos uma transformação forte na questão do consumo. O direito de usar o cabelo, a maquiagem e ser respeitada. Quando eu falo dessa questão do guarda chuva #eutenhodireito é pensando nisso, de abranger todos os movimentos e entender a mulher que fez escolhas. Não é um diálogo de Claudia para elas, mas é o inverso. O anunciante tem o desafio hoje de saber representar os anseios dessa mulher que sabe que tem direito. E isso precisa ser feito no digital, no presencial, na revista. Não há mais cluster, existem filhas, mães, negras, brancas, heterossexuais, homossexuais. E Claudia não é nicho, Claudia é maioria. Isso, naturalmente, implica vários cuidados.
“O MasterChef é uma experiência que vai além do conteúdo. Isso me ensinou muita coisa”
M&M – O que o MasterChef agregou a sua carreira?
Ana Paula Padrão – O Masterchef é uma experiência que vai além do conteúdo. E isso me ensinou muita coisa do ponto de vista pessoal. Outro aprendizado foi de entender como as plataformas podem trabalhar juntas para que um produto seja bem-sucedido. Já na primeira temporada entendemos que as redes sociais seriam uma alavanca muito importante para o programa. Demos as mãos e desenvolvemos maneiras de conversar com quem estava interessado. Seja a pessoa sentada na frente da TV, quem quisesse assistir no dia seguinte. Quem quisesse acompanhar tuitando. A Band foi feliz e muito rápida ao entender esse papel e sem nenhum tabu. Isso me ensinou muita coisa, hoje eu não consigo assistir ao programa sem estar na rede social. E isso eu trago para minha experiência com Claudia. Aprendi a entender o protagonismo do consumidor de conteúdo seja na TV, na internet, na revista, no digital.
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