Os segredos da longevidade dos realities na TV
Manutenção de atrações como MasterChef, A Fazenda e BBB exige a busca constante por surpreender o público, segundo Eduargo Gaspar, VP da Endemol
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Bárbara Sacchitiello
18 de novembro de 2021 - 6h02
Em janeiro, o Big Brother Brasil irá estrear sua 22ª edição na Globo. Atualmente, a Record TV vem exibindo a 13ª temporada de A Fazenda, com apresentação de Adriane Galisteu. E todas as terças-feiras, a Band continua exibindo a disputa entre cozinheiros no MasterChef. Considerando as temporadas com amadores e seus spin-offs (Profissionais, Kids e A Revanche), já são 13 temporadas de MasterChef na TV brasileira.
O interesse do público, conversas sobre as atrações nas redes sociais e, principalmente, a procura dos anunciantes por fazer parte desse tipo de conteúdo sinalizam que alguns realities têm uma longevidade maior perante o público do País.
Parte disso se deve ao fato de esse gênero ter permitido ao público se ver na tela, com a possibilidade de, ao assistir, fazer uma autorreflexão a respeito de como agiria ou se comportaria naquela situação. Essa é a opinião de Eduardo Gaspar, VP de criação da Endemol Shine Brasil. A produtora é responsável por alguns dos mais famosos formatos de realities do mundo e o executivo acredita que, para que uma atração consiga permanecer no ar por tantos anos, é necessário sempre observar o movimento da sociedade. “Não podemos nos acomodar. É importante se apoiar nos elementos de formato que caracterizam cada reality show, mas sempre buscar formas de surpreender”, diz.
Veja, abaixo, a entrevista com o VP de Criação da empresa.
Meio & Mensagem: O reality é um gênero que, há anos, caiu na preferência do público brasileiro e gerou diversos formatos e tipos de programa. Por que razão, em sua opinião, o público do País se atrai tanto por esse tipo de conteúdo?
Eduardo Gaspar: Algum tempo atrás, o público buscava nos programas de tv ou novela pessoas para se inspirarem. Porém, o consumo mudou e as pessoas passaram a querer se sentir representadas ao assistir qualquer formato. Os realities abriram as portas para que a audiência pudesse “se ver” na diversidade que um elenco pode trazer. Além disso, acredito que a realidade exposta nesses programas é um convite para autorreflexão de o que cada um faria numa situação específica que ocorre nesses programas. Arrisco a dizer que quase todo mundo já se questionou o que faria se estivesse num show de realidade sendo observado por milhares de pessoas pelo mundo todo. Além disso, as histórias, como não são roteirizadas, costumam evoluir para desfechos jamais esperados. A curva costuma ser sempre ascendente.
M&M: Alguns realities exibidos no Brasil já tem uma longevidade considerável, como BBB, A Fazenda, MasterChef e outros. Quais são os desafios de manter essas marcas ativas e atrativas mesmo depois de tanto tempo no ar?
Gaspar: Acredito que o grande desafio é observar o movimento da sociedade em que vivemos. Desta forma devemos montar um elenco cada vez mais interessante e que seja capaz de referenciar o público de cada programa. Além de criar dinâmicas que sejam capazes de surpreender àquele público fiel e trazer uma nova audiência. Outro ponto que considero extremamente importante é observar as temporadas destes programas pelo mundo. O que um outro país implantou como nova dinâmica pode funcionar muito para o Brasil. Além, claro, de proporcionar total liberdade para que os nossos criativos soltem a imaginação e tragam ideias capazes de entreter e engajar.
M&M: Como é possível para os veículos e criadores do formato, inovar e criar narrativas e conteúdos diferentes dentro daquilo que já é conhecido pelo público?
Gaspar: Devemos, em um primeiro momento, conhecer quem é o nosso público e oferecer exatamente o que eles buscam em cada reality. Quanto mais eu sei sobre quem assiste aos nossos formatos, mais próximo deles ficamos. O consumo de reality show mudou em todos esses anos. Hoje é impossível pensar apenas em uma janela de exibição. A experiência deve ser completa possibilitando que o consumidor nos acompanhe onde ele quiser. Seja na televisão, no streaming, nas redes sociais ou em todos esses lugares ao mesmo tempo. Quando os realities sugiram no Brasil nos anos 2000, as conversas eram geradas somente no dia seguinte, no trabalho na escola, na mesa de jantar ou na imprensa. Agora temos a produção orgânica de conteúdo por uma parcela da audiência mais fanática ligada no pay-per-view gerando conteúdo o tempo todo nas redes sociais, pautando matérias, vivendo os realities quando estão no ar ou mesmo ao longo do dia. Não assistimos a um reality show, vivemos ele 24h por dia.
M&M: De que forma o meio digital contribui para o engajamento do público com os realities shows e como esse meio pode ser utilizado para potencializar o alcance do conteúdo?
Gaspar: As redes sociais definitivamente vieram para nos aproximar ainda mais de quem assiste aos reality shows. Precisamos estar atentos em atender os desejos da nossa audiência. É importante acompanhar o que está sendo dito e transformá-lo em conteúdo. É fundamental olhar para esses meios não como uma réplica do que vemos nos reality shows, mas como uma plataforma com conteúdo complementar que seja capaz de entreter e engajar quem quer ir além do que já foi visto na TV ou nas plataformas de streaming. Hoje a audiência assiste a um reality show conectado com várias telas ao mesmo tempo. Enquanto assiste, tecla, posta e comenta. As redes sociais tornaram-se uma extensão dos acontecimentos da TV justamente porque as pessoas gostam de sentir e comprovar que fazem parte de algo coletivo e querem compartilhar suas impressões em tempo real. Os limites da primeira e segunda telas estão tão misturados que os próprios realities incorporaram a lógica e a narrativa das redes.
M&M: Como evitar que um reality se desgaste e canse a audiência?
Gaspar: Não podemos nos acomodar. É importante se apoiar nos elementos de formato que caracterizam cada reality show, mas sempre buscar formas de surpreender. Pesquisar tendências na TV (brasileira e mundial), streaming, redes sociais é umas das melhores ferramentas para nos inspirar a ir além.
De que maneira as marcas que patrocinam a participam dos realities podem, também, apresentar conteúdos inovadores para conseguir aproveitar o engajamento dos programas?
Gaspar: A audiência de cada reality show é muito fiel. Percebendo isso, as marcas começaram a enxergar grandes possibilidades de integrar seus produtos às dinâmicas desses formatos. O público entende que uma prova, por exemplo, faz parte de uma estrutura proposta daquele programa. Trazer a marca de forma orgânica é o nosso grande desafio. Precisa fazer sentido para quem assiste, para marca e para o conteúdo. É interessante observar também que cada vez mais as marcas também estão nos buscando para criar realities próprios porque os números provam o quão efetivo é comunicar através do conteúdo que o público quer consumir. Reality Show é um gênero que tem um potencial enorme pois possibilita aos anunciantes interações comerciais ao mesmo tempo que surfam no sucesso de audiência e engajamento comum a esses shows.
Crédito imagem do topo: Shutterstock.
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