TikTok reconhece erro em suas políticas de conteúdo
Após alegações de que restringe alcance e veta conteúdo considerado "feio", rede social argumenta que tais diretrizes foram canceladas
Esta semana, uma reportagem do Intercept Brasil revelou documentos da Bytedance, dona do aplicativo TikTok, que apontavam diretrizes sobre o tipo de conteúdo a ser alavancado na rede social chinesa e aqueles que deveriam ter sua entrega diminuída por conta de atributos como considerados “feios ou de mau gosto”. Além de vetar tais publicações de alcançar um maior número de pessoas na rede social, as contas poderiam ser suspensas a depender do conteúdo na tela. De acordo cm o Intercept, nenhuma das regras era disponibilizada ao público geral.

Aplicativo já havia sido acusado de invisibilizar conteúdo de pessoas com deficiência ou com discurso político por outros dois veículos de comunicação (Crédito: Yakubov Alim/iStock)
Eram prejudicados vídeos que difamam funcionários públicos ou ameaçam a segurança nacional, discursos políticos e difamatório contra funcionários públicos ou lideres religiosos, ambientes com decoração considerada de mau gosto, como “favelas, situação de miséria, barrigas de cerveja, sorrisos tortos, forma corporal anormal, aparência facial feia, rugas, problemas nos olhos”. Outro documento obtido pelo jornal aponta que a empresa alimentava o feed de conteúdo com vídeos baixados do Instagram — publicações consideradas de boa aparência e publicados em tags como #BeachGirl —, publicando-os em contas falsas.
Anteriormente ao Intercept Brasil, outros dois veículos já haviam publicado notícias a respeito da moderação do TikTok. Em dezembro de 2019, o Netzpolitik noticiou que a plataforma impedia um maior alcance de vídeos com pessoas portadoras de deficiência, usuários queer e gordos. A reportagem do The Guardian, de setembro de 2019, foca nos esforços da plataforma chinesa em vetar conteúdo político, alguns acontecimentos históricos, como atos terroristas, a Praça da Paz Celestial e a independência do Tibete, tópicos polêmicos e violentos.
Na época, a empresa comunicou que essas eram tentativas de impedir o bullying na plataforma e minimizar conflitos políticos entre os usuários e que tais regras não estariam mais em uso. Em nota oficial enviada ao Meio & Mensagem, o TikTok reafirma que as restrições levantadas pelo The Intercept Brasil são as mesmas publicadas pelo Netzpolitik e The Guardian e que reconhecem que as abordagens foram incorretas e vetaram as atividades ligadas a esse tipo de moderação. Ainda assim, o jornal brasileiro afirma que tais informações obtidas como o julgamento ligado a beleza não consta nas reportagens dos demais veículos e os documentos mostram que essas diretrizes estavam em uso até, pelo menos, o fim de 2019.
Confira o posicionamento oficial do TikTok na íntegra:
“As políticas mencionadas são as mesmas ou semelhantes às publicadas pelo Netzpolitik no final do ano passado e, como dissemos ao Netzpolitik naquele momento, elas representavam uma tentativa incisiva de impedir o bullying. Reconhecemos que essa não foi a abordagem correta e a encerramos.
Como dissemos ao The Guardian e ao Netzpolitik quando publicaram sobre o assunto no ano passado, as diretrizes publicadas pelo The Intercept não são mais usadas e já estavam fora de uso quando o The Intercept as acessou. Mas é correto que, para as transmissões ao vivo, o TikTok é particularmente cuidadoso a manter conteúdos de conotação sexual fora da plataforma”.
**Crédito da imagem no topo: Wachiwit/iStock