Cooperar de verdade para evoluir
O maior encontro de mobile do mundo, que ocorreu esta semana, tratou de buzzwords obrigatórias: computação quântica, cibersegurança, inteligência artificial, evolução dos padrões 5G e 6G
O maior encontro de mobile do mundo, que ocorreu esta semana, tratou de buzzwords obrigatórias: computação quântica, cibersegurança, inteligência artificial, evolução dos padrões 5G e 6G
3 de março de 2023 - 10h30
Foi em algum dia ensolarado de 1954 que o cientista Russell Ohl utilizou pela primeira vez sua mais conhecida criação: o painel fotovoltaico. De lá para cá, foram necessárias seis a sete décadas para que pequenas cidades na Alemanha se tornassem as primeiras autossuficientes utilizando esse tipo de geração de energia. O hype chegou, mas precisou de mais de dois terços de século para isso.
A reflexão foi feita pela executiva Maria Gross, da Germantech, durante o Mobile World Congress (MWC). E o que essa história tem a ver com transformação digital? Para as discussões do evento, muito. É um exemplo de como precisamos modificar a mentalidade para que a evolução da tecnologia chegue mais rápido — e mude para melhor a humanidade.
O maior encontro de mobile do mundo, que ocorreu esta semana, tratou de buzzwords obrigatórias: computação quântica, cibersegurança, inteligência artificial, evolução dos padrões 5G e 6G. Mas, em todas elas, permeou um único discurso: a necessidade de cooperação em torno desses avanços.
Muito mais do que trazer celeridade, essa atitude é uma condição para que gargalos sejam superados. É a velha história do ovo e da galinha: afinal, quem veio primeiro? A infraestrutura deve vir antes? Mas, para isso, é preciso entender a aplicação dessas tecnologias. No entanto, só saberemos o uso concreto — e os caminhos para monetização — a partir da consolidação da base estrutural.
Para atingirmos um ápice no uso da tecnologia para as pessoas, há um ônus financeiro e material. É preciso botar a mão no bolso. Simples assim, e os agentes envolvidos precisam entender isso, compreendendo que eventuais perdas momentâneas para o negócio representarão um bem maior no futuro. Caso contrário, teremos um delay de aplicação da tecnologia em benefício de toda a humanidade.
Em um mundo que se diz ESG, não basta apenas levar essas intenções ao discurso. É preciso cooperar na prática: compreender como todos os atores do jogo — empresas, governos, órgãos reguladores e profissionais — podem deixar de lado os interesses individuais em favor de uma equação que coloque as pessoas em primeiro lugar.
É o retrato de um mundo perfeito e utópico? Pode ser. Mas precisamos, pelo menos, nos aproximar dele. E isso significa discutir, sentar à mesa com concorrentes, buscar convergências em torno do bem maior. Infelizmente, os representantes das big techs — Apple e Google, principalmente — não estavam no MWC. No entanto, vi boa disposição de todos os participantes. Foi um evento para vislumbrar esse futuro de maior cooperação para reduzir o custo de toda a cadeia, o que será bom para os negócios — e, é claro, para as pessoas.
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