ESG no mundo da telefonia móvel
Para que as organizações atinjam suas metas ambientais, elas precisam entender onde estão em suas jornadas de sustentabilidade
Sabemos que o ESG está na pauta de discussão de todas as organizações.
No segundo dia do MWC2024, as empresas de telefonia móvel falaram de seus desafios e oportunidades ao integrarem práticas mais sustentáveis e socialmente responsáveis.
ESG é a sigla em inglês para Environmental, Social and Governance. O termo se refere a um conjunto de critérios que avalia o desempenho das empresas em relação a aspectos como sustentabilidade, responsabilidade social, ética, diversidade, transparência e conformidade legal.
Como o ESG se aplica às empresas de telefonia móvel?
O ESG se aplica às empresas de telefonia móvel de várias formas, tanto nos aspectos ambientais, sociais e de governança, incluindo reduzir o consumo de energia, as emissões de gases de efeito estufa e os resíduos gerados pelas suas operações, infraestruturas e equipamentos, como antenas, torres, cabos, baterias e celulares.
Dentro desse contexto, o que mais tenho visto nesta edição do MWC é o tema da eficiência energética. De acordo com o GSMA Intelligence, atualmente 20% das despesas operacionais das operadoras móveis vêm do custo energético, o que é bastante impactante.
E isso fica mais evidente com a pressão pela redução de custos, o crescimento exponencial do tráfego de dados e o comprometimento com o “net zero”, onde há a necessidade de adoção de medidas de mitigação, adaptação e transição energética, buscando diminuir sua pegada de carbono e contribuir para o Acordo de Paris, que tem como objetivo limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século.
Nesse quesito, várias empresas estão trazendo soluções que vão desde processadores adaptáveis que trabalham com melhor eficiência energética e com maior performance. Vou citar alguns cacos, entre tantos: um exemplo é a Intel que trouxe ao MWC2024 processadores Sierra Forest, com 288 núcleos com um desempenho 2,7x maior por rack – comparado com a geração 2021, com 30% de redução no consumo de energia. Na prática, isso significa que ocupando menos espaço em um Data Center e consumindo menos energia, é possível realizar a mesma tarefa.
Outro exemplo é a MediaTek que demonstrou o uso do PDCCH Skipping – técnica que permite reduzir o consumo de energia dos dispositivos móveis ao utilizar os serviços de voz sobre NR (VoNR). O PDCCH é um canal que transmite as informações de controle para os dispositivos, como a alocação de recursos, o agendamento, o feedback etc.
Normalmente, os dispositivos móveis precisam monitorar constantemente o PDCCH para receber essas informações, o que consome muita energia. No entanto, quando o dispositivo está em uma chamada VoNR, ele pode prever o padrão de alocação de recursos com base nos quadros anteriores e pular o monitoramento do PDCCH em alguns slots, economizando assim a bateria. O PDCCH Skipping é definido no Release 17 do 3GPP, que é a versão mais recente do padrão NR. Na demonstração da MediaTek, vimos um ganho de 16,5% em comparação ao VoNR sem o PDCCH Skipping.
A “cloudificação” das redes móveis, RAN sharing, entre outras, também segue a linha de buscar cada vez mais otimização do uso da infraestrutura e ganho de eficiência energética. O maior desafio que vejo para todas as organizações é que elas têm que se adaptar aos desafios de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, gerenciar o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas.
Para que as organizações atinjam suas metas ambientais, elas precisam entender onde estão em suas jornadas de sustentabilidade e a investir em se tornarem mais orientadas por dados para medir de forma transparente seu progresso e tomar decisões com base em informações confiáveis. Para isso, a parceria com empresas de tecnologia me parece algo fundamental.