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Opinião

Indo além do 5G: algumas conclusões

Poderíamos resumir o MWC 23 com a expressão “banho de realidade e menos sonhos”


2 de março de 2023 - 9h55

(crédito: reprodução)

Depois de tantas promessas, algumas até bombásticas, do 5G e como o mundo iria mudar, teoricamente para melhor, perceberam-se algumas decepções e muitas confirmações.

A primeira grande decepção vem da propalada monetização do 5G, ou seja, que operadoras de telecomunicações e provedores de serviço utilizando essa tecnologia no mundo teriam oportunidade de criar novos serviços, clientes B2B e B2C veriam vantagens e benefícios neles e novas receitas entrariam para o caixa das empresas.

Vimos que existem características técnicas para que novos serviços surjam, raras operadoras no mundo conseguiram desenvolver serviços que aproveitassem essas características e mesmo o universo de desenvolvedores começa realmente a surgir de poucos meses para cá. Como o 6G fica na promessa, ao menos, para após 2030, pode ser que tenhamos novidades nos próximos anos. Por outro lado, a confiança na tecnologia e em aplicações de serviços “mais sensatos” se reforçou.

Vimos também modelos de IoT mais maduros. Temos já no Brasil empresas, como a VirtuEyes (MVNO líder nesse segmento de origem gaúcha). Surgem aplicações de Inteligência Artificial voltadas à eficiência e produtividade, com empresas em todos segmentos se conscientizando da importância dessa tecnologia e aplicando, mesmo que de forma ainda inicial.

Vimos menos Metaverso ao estilo “second life” e mais aplicações de interação real-virtual com ganhos reais de produtividade ou focando na melhora da eficiência operacional do negócio como um todo.

Tivemos também diversos anúncios de avanços tecnológicos ou padronizações, como já comentamos em artigo anterior, como Open Gateway e a maturidade do OpenRAN (nesse caso, com uma liderança indiscutível da Mavenir, na vanguarda dessa tecnologia e apoiada por diversas operadoras como Deutsche Telekom, Dish e Tmobile). Todos esse avanços em direção a reduzir utilização de tecnologias proprietárias de dois ou três fornecedores, que inibem inovação, e o surgimento de um grande ecossistema de desenvolvedores que buscarão, pela tecnologia, otimizar custos de aquisição e adoção.

Felizmente, começamos a reparar em uma estabilização na indústria de semicondutores, responsável por atrasos inimagináveis de equipamentos para as operadoras de telecomunicação e, esperamos, ter maior tranquilidade para os próximos anos.

Inovações e startups também se fizeram presentes, porém com aplicações mais realistas e estruturais, e menos voltadas aos “Jetsons”.

Outro tema super quente foi direcionado a transição e eficiência energética. Discussões variadas foram recorrentes em operadoras e fabricantes, assim como às constantes referências ao foco em verticais de indústria, agro e mineração.

Cidades inteligentes ainda estiveram presentes com força, mas com o foco mais voltado à mobilidade urbana, ou seja, muito mais pés no chão.

Por fim, as preocupações com a mão de obra direta (na indústria) e indireta (nos usuários) parece ter ganho um forte impulso, que inclusive é reforçado por uma ampliação do conceito de redes e interfaces abertas. Esse tema, para mim, senão o mais importante, um dos que pode realmente trazer impactos reais de produtividade e no crescimento das empresas. Se pensarmos ainda em América Latina, educação é o tema mais crítico para mudança de patamar de economia emergente (sub-desenvolvida ainda para diversos países) para economia de “quase” primeiro mundo, com benefícios sociais reais e não demagógicos ou vazios. Mas isso é papo para outro momento.

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