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Opinião

Indo além do 5G, parte 3: valor de mercado do Digital

As disputas entre teles e as empresas de Internet desse ano vai para novo patamar, com posicionamentos novos e relevantes da Netflix e da Deutsche Telekom


1 de março de 2023 - 14h07

Conectividade 5G

Crédito: Shutterstock

No MWC, todos anos, sempre existe o momento “choradeira”. As operadoras de telecomunicações reclamam que investem bilhões de dólares anualmente na pavimentação da infra-estrutura, ampliando significativamente a banda larga para usuários e a performance em suas redes, e os provedores de conteúdo (leia-se Netflix, Disney+, HBO Plus, Meta etc) e de nuvem (principalmente, AWS, Microsoft Azure e Google GCP) não tem a mesma contrapartida, nem obrigações regulatórias e capturam quase todo valor de mercado da economia Digital.

Dessa discussão, dois aspectos novos e relevantes surgiram esse ano. O primeiro, veio do CEO da Netflix, tendo pela primeira vez na história um provedor de conteúdo rechaçando a choradeira das operadoras de telecomunicações. Ele alegou que a Netflix investiu nos últimos anos mais de 60 bilhões de dólares em desenvolvimento de conteúdo, trazendo também a necessidade de mais utilização da banda larga pelo usuário final, então, retoricamente coloca a questão se os provedores de conteúdo não deveriam cobrar das operadoras também por esse investimento.

O segundo aspecto veio do CEO da Deutsche Telekom, Tim Hottges, dizendo que a Europa está ficando para trás em relação aos investimentos que permitirão protagonismo no ecossistema digital, colocando em risco inclusive a liderança das operadoras da região na liderança do desenvolvimento das futuras gerações de serviços móveis. Para Hottges, em média, segundo ele, países com relevância na inovação tecnológica digital investem 4% do PIB, mas na média, a Europa não investe nem 1%. “Não estamos investindo suficientemente em 5G. Estamos atrás em investimentos e isso não é por conta das decisões de negócio, mas do excesso de regulação, do acesso a espectro” .

Ainda nisso, outro ponto que ele chamou atenção foi para a ínfima porção das empresas de telecomunicações europeias no ecossistema digital. Em valor de mercado, todas as operadoras de telecomunicações estão bem atrás das empresas digitais, mas ainda assim a parcela de valor de mercado das operadoras dos EUA é muito maior do que as operadoras na Europa. Ele aponta que a T-Mobile, braço da Deutsche nos EUA, já representa 67% dos negócios do grupo, e lá o investimento da empresa é da ordem de 26% das receitas. Para ele, as operadoras de telecomunicações têm como única chance de ganhar força se trabalharem em conjunto. Ele defendeu que os operadores abracem a busca de colaboração e parcerias, especialmente em novas tecnologias como OpenRAN (“precisamos abrir a caixa preta dos fornecedores”, disse Hottges).

Nós aqui da Mavenir apoiamos integralmente essa posição do CEO da Deutsche Telekom e vamos um pouquinho além. Não acreditamos que inovação tecnológica e aumento de valor das operadoras de telecomunicação se dê seguindo modelo tradicional de investimentos, tendo 2 ou 3 fornecedores que, na melhor das hipóteses garantem um bom funcionamento das redes. Inovação só se dá possibilitando essas operadoras terem acesso as melhores soluções para cada parte de sua rede, tendo uma miríade de opções de fornecedores, trabalhando com padrões de mercado, sem tecnologias proprietárias, e selecionando o que mais se adequa e trará valor de mercado aos serviços que elas prestam, sem ter que seguir a opção do que 2 ou 3 fornecedores oferecem. Como dizia Einstein, fazer a mesma coisa, da mesma forma, com as mesmas pessoas e esperar resultado diferente é uma coisa de louco.

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