A potência criativa de um Brasil Real

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Opinião

A potência criativa de um Brasil Real

Esse país é abundante em ideias, beleza e principalmente oportunidades de negócios, mas passa despercebido por falta de tempo e de vontade de sairmos dos padrões sob os quais fomos treinados e doutrinados


11 de janeiro de 2024 - 6h00

Há alguns anos, tenho me dedicado a jogar luz sobre as narrativas potencializadas pelo Brasil Real, formado por 56% da população, isto é, por pessoas pretas e pardas, e também com outros marcadores e interseções, como gênero, classe social, sexualidade e território, reforçando a ideia de que não há apenas um, mas sim alguns brasis, e que na maioria das vezes, eles não se encontram, são opostos, antagonistas.

Resolvi seguir pelo caminho do qual tenho certa ligação: pela comunicação, entretenimento, negócios e a criatividade, pilares que se relacionam com a diversidade de corpos e narrativas, e seu alto potencial de inventividade. O caminho é rever esse olhar que temos sobre a escassez e sobre a cultura enquanto algo elitista.

O Brasil Real é abundante em ideias, beleza e principalmente oportunidades de negócios. Existe todo um mar de oportunidades que hoje passa despercebido embaixo dos nossos olhos por uma simples falta de tempo e de vontade de sairmos dos padrões sob os quais fomos treinados e doutrinados.

Por muito tempo, esse Brasil que foi construído em muitas mãos e pares, e que é a cara das periferias e comunidades, vistas também por alguns como berços criativos – e eu concordo -, foi invisibilizado, estigmatizado e escondido. Isso, mesmo com um alto potencial de negócio transversal, interseccional, diverso e multicultural, que protagoniza narrativas reais.

No entanto, crescemos tendo apenas uma perspectiva da coisa toda, e ela pouco se parecia comigo, enquanto homem negro, e os meus semelhantes. O audiovisual foi um grande exemplo disso, com a perspectiva das paquitas, Leblon e a tradicional e icônica personagem Helena, escancarando o que hoje chamamos de falta de representatividade.

Dito isso, ver potencial na diversidade e inclusão como pilar de negócio e economia criativa, é totalmente rentável e uma virada de chave e tanto, pois dá abertura à transformação do mercado, com a criação de conteúdos ricos, conectados com as narrativas descentralizadas do Brasil real. Ou seja, livre de estereótipos de raça, classe e gênero.

Algo que caminha lado a lado com uma questão que tenho batido muito na tecla: que histórias diversas quando se juntam criam narrativas incríveis; é sobre ter time com históricos diferentes, que cria uma fricção que é importante para a construção de projetos realmente impactantes e legados.

Há alguns anos, temos visto as premissas e políticas de ESG tomarem holofotes, deixando de ser um diferencial, para tornar-se regra básica. O “S” da sigla caminha paralelamente com as múltiplas brasilidades, nos deixando um recado: “Você vai encontrar o Brasil real por onde for, então, faça dele seu aporte disruptivo para criar histórias diversas, pois elas têm o poder de apontar excelentes projetos e de configurar o mercado”.

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