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Opinião

É o que tem pra hoje

A pequena melhora no cenário econômico deve ser o bastante para aquecer os negócios da indústria da comunicação na reta final do ano


11 de setembro de 2017 - 16h27

Entender os possíveis desdobramentos de tudo o que aconteceu no cenário político nacional, na terça-feira 5 de setembro, exigiu adentrar as vésperas do feriado da Independência ainda mergulhado nos programas jornalísticos da TV e na internet — e acordar horas mais tarde já buscando nos jornais a opinião e as análises dos principais articulistas e os editoriais.

A contagem do dinheiro encontrado em apartamento supostamente ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, ao final de 14 horas de trabalho, superou os R$ 50 milhões. Novas revelações relativas ao acordo de delação premiada envolvendo a JBS colocaram a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal sob os holofotes. Lula e Dilma Rousseff foram denunciados juntos com outros companheiros de partido por organização criminosa. A homologação da delação do doleiro Lúcio Funaro botou mais uma vez o governo Temer sob grande tensão, diante da expectativa do chumbo grosso que pode vir por aí.

Diante desses fatos, quem acompanha cotidianamente o noticiário de Brasília tem mais dificuldade para acreditar, mas parece que, enfim, está acontecendo: ainda que a passos de fazer corar uma tartaruga, os ponteiros de alguns indicadores da saúde da economia do País começam a se mover para o lado certo — o dos números positivos. Nas conversas de bastidores do mercado, já se ouve aqui e ali que “está melhorando”. O tom baixo nas vozes pode ser fruto da desconfiança de quem cansou de se iludir com essa sensação de “agora vai”. Ou de uma incômoda dicotomia de sentir certa esperança no momento em que nossos políticos nunca estiveram tão desconectados dos anseios da sociedade — e sem indício nenhum de que isso vá mudar.

Na quarta-feira 6, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixou mais uma vez a taxa de juros, para 8,25%. Foi o oitavo corte seguido no índice, uma série iniciada em outubro do ano passado. A divulgação do PIB do segundo trimestre, na semana anterior, com alta de 0,2%, mostrou que o consumo das famílias cresceu em patamar significativo, impulsionado pela injeção de dinheiro na economia pela liberação do saldo do FGTS de contas inativas e a queda brusca na inflação. No índice IPCA, divulgado pelo IBGE também na quarta-feira 6, o acumulado nos últimos 12 meses ficou em 2,46%, abaixo do piso da meta estipulada pelo governo e o menor patamar desde fevereiro de 1999. A queda lenta, mas gradual, do desemprego vai se mostrando um movimento sólido. Instituições financeiras e economistas respeitados, como Alexandre Schwartsman e Maílson da Nóbrega, já trabalham com uma previsão de crescimento de, no mínimo, 2,5% para o ano que vem, como revelaram em entrevistas recentes para O Estado de S. Paulo.

São sinais importantes não apenas para o mercado interno, mas também para os investidores estrangeiros, ávidos por oportunidades de ganhos maiores do que os propiciados internacionalmente no momento, dados os níveis baixíssimos dos juros praticados mundo afora — ainda que isso implique correr obviamente maiores riscos. Em contrapartida, há o agravamento do desequilíbrio fiscal, com o aumento aprovado pelo Congresso no rombo do orçamento federal, e a bomba relógio da Previdência, que, enquanto não for desarmada, seguirá tanto uma ameaça às contas públicas quanto um inibidor implacável do crescimento consistente no médio prazo. Essas, no entanto, parecem questões cada vez menos prováveis de serem resolvidas ainda neste governo.

Se ainda não é motivo para grandes celebrações, a pequena melhora no cenário econômico deve ser o bastante para aquecer os negócios da indústria da comunicação nesse último terço do ano, com empresas tentando recuperar terreno perdido e assumindo um posicionamento mais agressivo de mercado para encerrar 2017 de forma positiva.

É o que temos para hoje — mas, convenhamos, já está melhor do que ontem.

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