Hollywood e as novas práticas em torno do futuro do entretenimento
Compartilho, aqui, algumas das práticas comungadas pelos tomadores de decisão frente às tendências
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Acabo de chegar de duas semanas intensivas de estudo e imersão na Califórnia. Ainda que na contramão da maior parte das lideranças criativas (que partiu em Junho para o Festival de Cannes), fui em busca do que acredito ser o mais completo e irreverente laboratório de pesquisa do mundo do entretenimento audiovisual. Estava ansiosa para entender com profundidade como esse ecossistema se reorganizou em torno de todas as mudanças que eclodiram desde o início da pandemia – da adesão de novas tecnologias a novos modelos de negócio.
Busquei, acima de tudo, pragmatismo nessa imersão. Em Los Angeles, conversei com showrunners, pesquisadores, roteiristas, cientistas de dados, marcas, veículos e tech companies. Em Anaheim, na Vidcon, mergulhei em conversas, dinâmicas e negócios que acontecem nesse encontro fortuito de creators, indústrias, comunidades de fãs e causas.
Compartilho, aqui, algumas das práticas comungadas pelos tomadores de decisão frente às tendências.
1- Mudança de mindset e método urgentes em torno da cocriação de novos formatos. O futuro será ainda mais colaborativo do que conhecemos na construção de propriedade intelectual. A entrada de marcas e fãs no desenvolvimento de formatos veio para ficar – e isso NÃO deve ser encarado como uma ameaça. Falon Fatemi, CEO da Fireside, tem se destacado por liderar a primeira plataforma de “entretenimento colaborativo” para marcas e creators acelerarem seus próprios veículos e criarem um modelo de monetização em comum – que traz retorno financeiro até mesmo antes do lançamento de produtos. “Aposto que essa será a próxima geração das redes entretenimento”, diz.
2 – Web3 e metaverso: momento de colocar a “bola no chão” e decifrar comportamentos. Testemunhei muita intenção de alinhar conceitos, entendimentos e premissas sobre como a indústria do entretenimento vai abraçar a evolução da internet, já que cada player traz uma definição diferente sobre esse novo mundo em que impera a descentralização. Boa parte das lideranças criativas parecem compartilhar também o entendimento de que o metaverso vai possibilitar à audiência não apenas mais controle sobre o entretenimento, mas um grande espaço para sua expressão real. Segundo pesquisa apresentada na própria Vidcon pela Vox Media e UTA, 53% das pessoas dizem se sentir mais confortáveis mostrando quem são no metaverso do que no mundo offline.
3- Torne o fã a estrela do filme, criando uma conexão profunda com a cultura. As estratégias se multiplicam para que os novos formatos encantem uma audiência em busca de engajamento em causas e protagonismo. Da adesão às trends no TikTok para lançar filmes aos memes do Twitter para ativar conversas: o foco deve ser mover o produto na pirâmide cultural. “É importante ser uma ‘presença agradável na festa’ das novas gerações”, como disse Evan Horowitz, fundador de uma das agências criativas mais inovadoras do momento, a Movers+Shakers.
4- Big data deve caminhar junto com o famoso “gut feel” (instinto criativo) e pode ser abraçado por mais elos do mercado. O entretenimento audiovisual B2C, catapultado pela ascensão do streaming, consolidou na indústria a relevância de se entender hábitos de consumo e preferências para nortear as decisões de muitos showrunners. Um movimento perceptível é a adesão de ferramentas que podem transformar big data em insumos também para produtores independentes trabalharem com mais assertividade seus formatos – sem depender apenas do que as plataformas divulgam. A Parrot Analytics, por exemplo, é uma das soluções que ganha cada vez mais escala no mercado, empoderando a indústria do entretenimento na tomada de decisões estratégicas com soluções aplicadas baseadas em dados de demanda por séries de TV, filmes e talentos.
Mas seria factível adotar tais medidas na perspectiva de uma indústria audiovisual com bem mais escassez, como a brasileira? Acredito que sim, até porque inovação surge sob a premissa de endereçar problemas e distorções do sistema. Na falta de recursos para desenvolver projetos, que tal investir no capital intelectual dos fãs para enriquecer o processo criativo? Sem meios para promoção de formatos, por que não apostar nas trends e buscar nas saliências culturais um elemento de amplificação? Aos roteiristas que desconfiam que os dados podem sabotar o desenvolvimento de formato, que tal conhecer de perto as soluções que ajudam a depurar pra onde vai a atenção da audiência? E será que a busca por um status de “especialista em metaverso” não está um tanto precipitada em nosso mercado? Para toda disrupção pode haver, sempre, um melhor começo.
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