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Opinião

Matrix corporativa: a inteligência artificial vai roubar o meu emprego?

Tecnologias inteligentes de automação já estão presentes em praticamente todas as indústrias; na publicidade isso não é diferente, e até mesmo a criatividade já pode ser replicada por máquinas


13 de julho de 2017 - 9h00

A inteligência artificial (IA) facilita muito a vida dos comerciantes, isso é fato. Como reflexo, hoje já não existem muitas indústrias onde os robôs ainda não estejam presentes. Um anúncio recente da Coca-Cola, por exemplo, indicou que a empresa pretende usar bots para atividades como criar músicas para anúncios, escrever scripts, postar nas redes sociais e comprar mídia. E essa é apenas uma das inúmeras iniciativas tecnológicas que estão em andamento e que nos mostram o quanto a revolução das máquinas está mexendo com a indústria da publicidade. E, nesse cenário de mudança, um questionamento recorrente é: qual será o futuro da força de trabalho humana?

Para se ter uma ideia, um relatório da PwC apontou que 38% dos empregos dos Estados Unidos serão substituídos por robôs ou algum tipo de inteligência artificial até o início de 2030. E, embora possa parecer reconfortante pensarmos que características humanas como a criatividade e a empatia ainda são elementos exclusivamente nossos, experiências reais já nos mostram que a prática não é bem assim. E as máquinas não apenas já competem com os seres humanos, como também os superam em inúmeras funções.

Foto: Reprodução

Analistas de dados ou algoritmos de autoaprendizagem?

Vejamos a indústria de comércio eletrônico, por exemplo. Existem inúmeras tendências que nós, humanos, conseguimos prever facilmente. Sabemos que a Black Friday, por exemplo, traz um crescimento de vendas incrível. De fato, análises nossas mostram que, na Black Friday, as campanhas são mais de 100% melhores do que a média. Além disso, as terças e quartas-feiras possuem conversões mais altas do que outros dias da semana – até 40% a mais do que no sábado.

Mas, apesar de serem informações muito úteis para o planejamento das campanhas, o público real não funciona apenas com base nessas restrições simplistas. Os padrões de compra podem ser extremamente específicos e combinar critérios múltiplos. É por isso que o marketing digital é todo voltado para a segmentação individual, com anúncios moldados com base nos interesses e desejos mais pessoais de cada um. E, infelizmente, os seres humanos não conseguem perceber as mudanças mais sutis no comportamento de um comprador online. Já os robôs não só identificam esses padrões como fazem isso em tempo real e em larga escala.

Dados com foco em retargeting personalizado também indicam que os algoritmos baseados em deep learning – um ramo altamente inovador de métodos de IA que imitam o cérebro humano – podem responder a milhões de pedidos de compra e venda de anúncios por segundo. Isso é, obviamente, muito mais do que qualquer ser humano poderia analisar. Além disso, as máquinas não dormem, o que lhes permite observar o mercado 24 horas por dia, sete dias por semana e ajustar suas atividades sempre que preciso. Assim, fica difícil competir.

O planejamento de mídia subsidiado por máquinas

Ao longo dos últimos anos, o planejamento de mídia mudou pouca coisa em seus fundamentos básicos. Porém, o número de indicadores que precisam ser analisados antes, durante e depois de uma campanha explodiu. Cerca de 2,5 quintilhões de dados são produzidos diariamente e, de acordo com o IDC, menos de 0,5% deles são coletados, analisados e, de fato, utilizados.

Nesse novo cenário, as atividades que formam a espinha dorsal de qualquer processo de compra e venda de mídia, incluindo relatórios, auditoria, verificação periódica etc., já podem ser totalmente automatizadas, permitindo que os especialistas se concentrem puramente na estratégia e na criatividade. Além de obter informações altamente precisas, é possível analisar rapidamente os crescentes conjuntos de dados coletados. No retargeting personalizado, por exemplo, as decisões sobre os produtos que devem ser exibidos nos anúncios geralmente são feitas em menos de 10 milissegundos – e isso é mais rápido do que um piscar de olhos.

Por fim, a incorporação de algoritmos de autoaprendizagem possibilita analisar as pessoas individualmente, e não a partir de uma segmentação ordinária por grupos. Isso permite que os anunciantes comprem mídia considerando um cenário muito mais específico, sem aquela tradicional dúvida sobre onde um anúncio será colocado – agora a discussão é para quem o banner será mostrado.

Diretores de arte versus algoritmos

Por mais incrível que possa parecer, a IA também está se fortalecendo para enfrentar o universo criativo. Recentemente, a agência McCann-Erickson do Japão promoveu uma batalha interessante, colocando o primeiro robô diretor de arte do mundo, chamado AI-CD β, contra um homólogo humano, o diretor criativo Mitsuru Kuramoto. Ambos receberam a tarefa de criar um anúncio que seria julgado por votação popular.

Embora o computador tenha sido capaz de dirigir a peça publicitária com sucesso, analisando um banco de dados tagueado e também comerciais de TV antigos, a humanidade aparentemente triunfou nesse desafio. Kuramoto ganhou 54% dos votos populares em comparação com sua concorrente, a IA, que ficou com 46%. Mas temos que admitir que estamos muito próximos do empate.

Luz no fim do túnel

Somente o tempo nos dirá se a IA poderá se tornar ainda mais criativa e eficaz do que as mentes humanas e como isso irá influenciar os locais de trabalho. Por enquanto, sabemos que a tecnologia felizmente também impulsionará o surgimento e o crescimento de muitos empregos – incluindo algumas categorias inteiramente novas.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças que entram na escola primária hoje acabarão em empregos que atualmente não existem. Alguns papéis se tornarão extintos, outros serão criados. Mas, no fim das contas, pelo menos no setor de marketing, é inegável que, quando os algoritmos são capazes de aprender com os dados, definitivamente fica mais fácil para as marcas entenderem e se comunicarem de forma eficaz com os clientes.

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