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Opinião

Na toada da economia

Confiança do mercado financeiro em dias melhores não foi afetada pela escalada nas contradições do novo governo


21 de janeiro de 2019 - 12h15

Jair Bolsonaro recebe Maurício Macri em Brasília (Crédito: Pedro Ladeira/Folhapress)

Quem tem estrada na cobertura de início de mandatos em Brasília, seja como repórter, seja como audiência, não tem dúvida em cravar os primeiros dias da atual administração como os mais férteis em termos de desencontros e os mais intensos em termos de repercussão para um novo governo, ao menos ao longo dos últimos 24 anos.

Se, em outros tempos, as informações controversas emitidas por representantes de confiança do presidente teriam reflexo direto nas projeções de seu sucesso, quem acompanha os mercados financeiros e os cadernos de economia tampouco se lembra de um começo tão otimista quanto ao potencial de melhoria no ambiente para os negócios no País — e, consequentemente, da retomada de um crescimento sustentável para a produção de riquezas e a geração de empregos.

O relatório do mês de janeiro da XP Investimentos definiu bem o cenário político-econômico que embala os primeiros dias de Jair Bolsonaro como chefe de Estado até aqui.

“Seja pelo acentuado ativismo em redes sociais de uma equipe formada por fortes personalidades ou pela inexperiência de boa parte das autoridades, que precisam passar por uma curva de aprendizagem para administrar de maneira eficiente a máquina pública, o fato é que há evidências para esperarmos um governo mais ‘ruidoso’ que o normal. O que não necessariamente é negativo, desde que os mercados continuem entendendo que os sinais seguem sólidos na direção de reformar a economia e colocar o Brasil em uma rota sustentável de crescimento”, diz o documento da instituição financeira.

A confiança do mercado não foi afetada pela escalada nas contradições relativas ao novo governo, como no caso envolvendo o assessor do primogênito da família Bolsonaro, ou a viagem de parlamentares do partido do presidente à China. Com o ânimo revigorado pela aproximação entre o executivo e o atual presidente da Câmara dos Deputados, investidores apostam que dias melhores virão, na esteira da aprovação da reforma da Previdência. A Bolsa de Valores segue rapidamente para superar a barreira dos 100 mil pontos. Pesquisa do Bank of America, com gestores de fundos e clientes, indicou que mais de 60% dos entrevistados acreditam que o Brasil recupera, nos próximos quatro anos, o grau de investimento das agências internacionais que avaliam risco — o País deixou de ser considerado um bom pagador há aproximadamente três anos. Estimativas de crescimento para o PIB em 2019 já são revistas para cima e começam a rondar a casa dos 3%.

O ritmo que embala os mercados encontra eco na chamada economia real e em indicadores diretamente ligados ao desempenho cotidiano das marcas, como os índices de consumo — uma variável que pode não ser mais o motor do crescimento, mas segue um dos mais acurados termômetros da atividade econômica e da confiança das pessoas. Na semana passada, o IBGE divulgou que em novembro de 2018 as vendas no varejo cresceram 2,9% na comparação com outubro — ritmo mais forte de alta para o mês desde o início da série histórica, em 2000. Na comparação com novembro de 2017, o incremento nas vendas foi ainda mais expressivo: 4,4%.

O varejo também é tema da edição impressa desta semana, sob a influência da tecnologia e a partir do olhar de nossos jornalistas responsáveis pela cobertura da CES. O gigantesco evento em Las Vegas foi apenas a primeira parada do projeto 100 Dias de Inovação, de Meio & Mensagem, que aterrissará em fevereiro no Mobile World Congress, em Barcelona; em março no SXSW, em Austin; e em abril, no Rio2C, no Rio de Janeiro. A reportagem é assinada pela jornalista Roseani Rocha. Acompanhe também em nossas plataformas online e embarque com a gente nessa viagem de conhecimento e possibilidades — que promete ser tão dinâmica quanto os cem primeiros dias de um novo governo.

 

*Crédito da imagem no topo: Alf Ribeiro/Folhapress

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