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O céu vai ficar, finalmente, digital. Certo, Mandic?
Não vou apagar o Mandic, nem suas mensagens, do meu Whatsapp, nunca mais. Assim como ele, suas mensagens jamais serão apagadas da história da internet, para sempre
O céu vai ficar, finalmente, digital. Certo, Mandic?
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BuscarNão vou apagar o Mandic, nem suas mensagens, do meu Whatsapp, nunca mais. Assim como ele, suas mensagens jamais serão apagadas da história da internet, para sempre
12 de maio de 2021 - 15h36
Aleksandar Mandic, o descendente sérvio pioneiro da internet no Brasil que, como todos sabem, nos deixou semana passada, costumava me enviar mensagens, sem falta, todo ano, no meu aniversário. A última, no dia 18 de abril passado, era assim … “Meus sinceros prolfaças, pelo teu genetlíaco … Mandic”.
Mandic era craque em mensagens. Criou o primeiro bulletin board system do Brasil (BBS), em 1990. BBS foi, por assim dizer, o tataravô do Whatsapp, por onde o Mandic me enviava suas mensagens. E ele foi pioneiro nisso, como foi em um monte de outras coisas no mundo da comunicação interativa online no País.
Suas mensagens para mim e para o mundo sempre foram como essa aí de cima: irreverentes, hilárias, mas com uma consistência, recorrência e originalidade únicas.
Difícil ter conhecido o Mandic e não ter dado boas risadas com ele. Assim como, quando falando sério, difícil ter estado com ele e não ter tido uma aula de como é que funciona esse mundo da tecnologia web, que dominou tão bem desde antes de termos, efetivamente, internet no Brasil.
O primeiro e pioneiro portal de porte comercialmente significativo no Brasil foi o UOL, que acabou de completar 25 anos. Mandic estava nesse mundo muitos anos antes, já.
Uma BBS é um sistema de telecomunicação no velho modelo dial-up. Mandic conheceu o brinquedo quando trabalhava na Siemens, onde atuou por 18 anos. Conheceu para revolucionar e, através de sua Mandic BBS, tornar-se a primeira gigante do provimento de acesso a internet no País. Revolucionou a internet antes mesmo da internet ser, de fato, a internet como a conhecemos.
Mandic criou uma empresa de e-mail altamente bem sucedida, o mandic:mail, que vendeu por um fortuna para o Redwood Capital. Criou depois um app de wi-fi grátis, igualmente pioneiro.
Terá sido, certamente, por sua contribuição na construção do iG, o primeiro portal e provedor de internet grátis do País, que se tornou notório para um público de negócios mais amplo. Era ele o gênio tecnológico que se alinhava ao lado de nomes como Jorge Paulo Lemann, Nizan Guanaes e Matinas Suzuki no iG.
Bom, a biografia do Mandic está por aí, na internet que ele ajudou a construir, para quem quiser saber mais.
Meu amigo Enor Paiano, ele próprio, igualmente, um nome importante na história da internet no País — história que meu também amigo, Eduardo Vieira, tão preciosamente registrou em seu livro essencial “Os Bastidores da Internet no Brasil”, no qual tenho a honra de ser citado — enviou-me nesta semana a foto em que apareço mediando um debate entre Mandic, Índio Brasileiro Guerra Neto e o Caio Túlio Costa.
O Índio e o Caio foram, antes um pouco do próprio Enor, os caras que ajudaram a botar de pé o UOL. O Caio e o Enor são sócios hoje na Torabit, de monitoramento da internet. Já o Índio foi o primeiro country manager da Starmedia, pioneiro portal latinamericano a fazer IPO na Nasdaq. Tive a honra de sucedê-lo no cargo, para o qual me levaram Cid Torquato e Bob Wollheim, a quem agradecerei sempre por terem mudado minha vida.
Estive com o Mandic naquele palco de debate, ou tomando cerveja, ou entrevistando-o como jornalista, um sem fim de vezes.
Com ele, aprendi muito, e a ele dedico esta mensagem. Não vou apagar o Mandic, nem suas mensagens, do meu Whatsapp, nunca mais. Assim como ele, suas mensagens jamais serão apagadas da história da internet, para sempre.
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