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Pedido direto do SXSW: “Ei, seu robô, por favor, não me mate!”
Aqui no SXSW tem um temão no ar: chegou a hora de construirmos um código emocional para as máquinas. O problema é que elas poderão ter o seu próprio. E aí?
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Pyr Marcondes
11 de março de 2017 - 10h13
O futurista, bioquímico e o maior escritor de ficção científica robótica de todos os tempos, Isaac Azimov, foi o primeiro ser humano a criar regras para o comportamento ético dos robôs. Elas ficaram conhecidas como As 3 Leis da Robótica e são as seguintes:
Ele, portanto, já estava preocupado com uma eventual rebelião de robôs, antes mesmo de eles serem realidade, lá nos idos de 1940, quando criou as suas regrinhas. Seu livro “Eu, Robô” é um clássico da literatura robótica.
Ontem, aqui no SXSW, tivemos um outro momento de preocupação de humanos com a criação de uma ética para a Era dos Robôs, que agora, já chegou.
Foi na palestra Designing Emotionally Intelligent Machines, brilhantemente apresentada por Sophie Kleber, uma alemã de Berlim radicada nos Estados Unidos e trabalhando na área de pesquisa e design de soluções e inovação da Huge, uma agência de propaganda norte-americana.
Foi dela que ouvimos que os robôs começam exatamente agora a se desenvolver para interagir com as emoções dos seres humanos e não mais apenas respondendo a uma programação prévia cuspindo dados.
Portanto, caberá a nós, seres humanos, colocar em prática as leis de Azimov ou criar algumas tão boas quanto elas para que as máquinas que estamos criando não … bem … acabem conosco.
Robôs, alerta Sophie, precisam agora de personalidade, precisam de um desenho de suas afeições e de entenderem as afeições e emoções humanas para poder interpretá-las e corresponder a elas apropriadamente. Sem nos causar mal, como determina Azimov.
Só tem um probleminha: as emoções humanas são um tema altamente complexo. Aliás, põe complexo nisso. Nem nós mesmos nos entendemos, imagine-se os robôs.
Essa lógica de aprendizado deverá obedecer, conta Sophie, a uma linha de raciocínio que nasce na introjeção de códigos e informações sobre as emoções humanas nas máquinas, numa segunda fase ensinando-as que tudo tem seu contexto e que emoções variam de contexto para contexto, aí tudo isso, que é muito, vai pra dentro da Inteligência Artificial da máquina e ela reage.
Veja, leitor (a), como temos falado sobre isso bastante aqui, Inteligência Artificial é um sistema autônomo que aprende e aprende e aprende mais e mais o tempo todo, respondendo a partir de um momento independentemente da vontade humana.
Essas respostas, na classificação de Sophie, são de três espécies: quando um robô responde como uma máquina (exemplo, nos entregando dados preditivos de comportamento de um consumidor ou tomando decisões de trânsito num carro autônomo); quando um robô responde como uma extensão do nosso self, a nossa essência humana (exemplo, quando reage a nossas emoções e usando indicadores como reconhecimento facial, de voz, etc.); e finalmente, quando reage como um ser humano, que é a soma das anteriores mais a sua própria vontade de máquina (ou seria vontade humana?).
E as Marcas?
Bom, diante de tudo isso, Sophie lembra que também as marcas estão diante de um dilema parecido dos seres humanos, ou seja criar um código de ética emocional para os robôs que falam pela marca diante dos seus consumidores.
As dificuldades e desafios são parecidos. Qual o código de intenção da marca que os robôs devem reproduzir? Qual o grau de intimidade que os robôs devem manter com os consumidores? Eles devem contar piadinhas para alegrar o consumidor ou serem isentos de emoção aparente? O que a marca quer dos robôs, afinal? Como lidar com eles?
Sophie comenta que tudo isso está em jogo agora e que estamos arranhando a superfície de uma relação que será cada vez mais profunda entre homens e máquinas.
Caberá a cada um de nós, quando nos depararmos com tarefas de interação com robôs em nossas atividades pessoais e profissionais, zelarmos por nós mesmos e criarmos códigos de conduta emocional que não só obedeçam as 3 Leis da Robótica, como a uma moral humana sobre a qual nem todos concordamos.
Tarefa e tanto.
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