Pyr Marcondes
30 de setembro de 2020 - 8h00
Você e eu temos ouvido muito a expressão Transformação Digital e temos observado como todas as empresas, todas mesmo, estão buscando, de alguma forma, seus próprios modelos para encarar essa transformação, de resto histórica e inevitável. Se você não se transforma, ela cuida de te ignorar e você, no instante seguinte, ficou irrelevante.
Dito dessa forma parece cruel. Pois não se engane: é mesmo.
Temos visto e ouvido também que o desafio da Transformação Digital é pedreira, que não é fácil de encarar e implementar, de fato e no dia a dia, nas companhias. Verdade. É desafiador, necessário e, muitas vezes, complicado pra cacete.
Mas não vai aliviar.
A fase dois desse game já está batendo em nossas portas e não vai pedir licença para entrar: vai chegar, chegando.
Ela é a AI Transformation, ou a transformação digital anabolizada pela Inteligência Artificial.
No mundo da computação digital, programadores criam códigos que ensinam as máquinas a desempenharem determinadas tarefas que obedecem aos códigos estruturados na programação. No caso da computação digital movida pela Inteligência Artificial, os programadores ensinam as máquinas a aprender e a seguirem aprendendo por si próprias.
Esse aprendizado, que podemos chamar de Machine Learning, e que tem outras camadas mais e mais profundas de Deep Learning, em tese e conceitualmente, pode não ter fim e, em algum momento, as máquinas, insisto, conceitualmente, poderão, em algum momento, programarem-se a si mesmas.
Embora isso seja de fato teoria, o que já está acontecendo é que a transformação digital, que nem bem entendemos direito e nem conseguimos ainda, na real, implantar em nossas empresas, já está subindo de patamar e com a Inteligência Artificial vai promover transformações digitais ainda mais impactantes, abrangentes e profundas, a um só tempo.
Em artigo que publiquei no ProXXIma sobre um fantástico estudo da McKsinsey a respeito do AI Bank, ou o banco anabolizado pela Inteligência Artificial, esse impacto fica bastante claro.
Vou usar o estudo como exemplo do que é a Transformação Digital hoje e como ela vai vir a ser com a Inteligência Artificial.
Hoje, a Transformação Digital nos bancos se dá nas áreas de atendimento aos usuários através de personalização de suas experiências e interações com o banco. Isso tem já uma camada de AI rodando, em que dados de perfil são manipulados por algoritmos que entendem quem são esses usuários, seus hábitos, seu rating, etc, e conseguem, assim, personalizar a experiência dele com o banco. Isso vai continuar acontecendo.
Mas no novo ambiente da AI, já a caminho, a Inteligência Artificial vai: integrar-se a redes e devices externos ao banco, promovendo uma experiência omnichannel para o usuário que nem sonhamos hoje … sim é a Internet das Coisas virando banco, ou transformando completamente o que entendemos por banco; incorporar plataformas de computação cognitiva avançada, trazendo para o banco capacidades como biometria, habilidades conversacionais de máquina-gente e máquina-máquina … o banco vai virar uma espécie de … bem … gente; fazer com que toda a infraestrutura digital do banco se interligue para fazer com que a operação como um todo seja, em cada área e em cada etapa, mais e mais eficiente, potencializando sobremaneira sua rentabilidade como negócio. Isso para não irmos mais longe. Você pegou o big picture.
Agora imagine isso acontecendo ao mesmo tempo – e vai acontecer ao mesmo tempo – em todas as indústrias e setores que conhecemos. Power, né?
Bom, muuuuito sintetizadamente, é isso que será a Transformação Digital bombada pela Inteligência Artificial.
Bem-vindo a ela, que está logo ali na esquina. E vindo.