Paramount encerrará distribuição de canais no Brasil
Deixarão de ser distribuídos a MTV, MTV Live, Nickelodeon, Nick Jr, Comedy Central e Paramount

Lioness, protagonizada por Nicole Kidman, faz parte do conteúdo exclusivo da Paramount+, streaming da Paramount (Crédito: Reprodução)
A Paramount deixará de distribuir os seis canais lineares que controla no Brasil na TV por assinatura e no streaming a partir de 31 de dezembro deste ano.
Dessa forma, sairão do ar os canais MTV, MTV Live, Nickelodeon, Nick Jr, Comedy Central e Paramount.
A informação, do site NaTelinha, não foi confirmada pela distribuidora, embora tenha sido procurada mais de uma vez pela reportagem de Meio & Mensagem.
Paramount mantém Paramount+ e Pluto TV
Ao encerrar os canais lineares, a Paramount continuará apenas com o streaming Paramount+ e o canal Fast Pluto TV.
Os canais Free Ad-supported Streaming Television (Fast), ou financiados por anúncios, são serviços de streaming que oferecem programação de TV linear e filmes gratuitamente.
A Paramount usa, por ora, a Pluto TV como meio para distribuir seu conteúdo de forma gratuita, sustentada por publicidade.
O modelo da Pluto TV é AVOD (ad-based video on demand, ou vídeo sob demanda baseado em publicidade).
Portanto, a Pluto TV promove o conteúdo da Paramount para um público maior e teoricamente, incentiva a migração dessa audiência para o Paramount+ pago.
Queda de receita
O motivo de a Paramount encerrar a distribuição dos canais lineares, segundo o NaTelinha, tem a ver com queda na receita de publicidade e a queda sucessiva no número de assinantes de TV paga.
Por enquanto, as transmissões esportivas da Copa Conmebol Libertadores e da Copa Sul-Americana, continuam na Paramount+.
Portanto, esses direitos vão até 2026, mas a empresa já comunicou que não os renovará.
Outro motivo alegado pela Paramount para encerrar os canais são os altos custos do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC).
O SeAC é a autorização concedida pela Anatel para empresas prestarem serviço de televisão paga no Brasil que unifica regras e tecnologias de serviços anteriores como TV por cabo e via satélite.
Paramount e SkyDance
Em julho deste ano, a fusão entre a Paramount e Skydance Media foi aprovada pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos.
A Skydance Media é liderada por David Ellison, filho do cofundador da Oracle, Larry Ellison.
Pelo acordo, a Skydance assumiu o controle da Paramount, controladora da CBS, MTV e seu estúdio homônimo de cinema em Hollywood.
Ellison adquiriu uma empresa com dificuldades financeiras.
No ano passado, os três coCEOs da Paramount se comprometeram a cortar custos em US$ 500 milhões.
Além disso, a companhia anunciou que planejava reduzir sua força de trabalho em 15%, ou cerca de 2 mil funcionários. Em junho deste ano, anunciou planos para cortar mais 3,5%.
Embora o negócio de TV tradicional da Paramount tenha perdido espectadores e verbas publicitárias à medida que os consumidores migram para serviços de streaming como a Netflix, a Skydance prometeu injetar novo capital e investir em tecnologia no negócio.
Warner Bros. Discovery
Há um mês, começaram a circular notícias de que a Paramount Skydance prepara oferta majoritária em dinheiro pela aquisição da Warner Bros. Discovery (WBD), com o apoio da família Ellison (proprietária da Oracle), de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.
Em valores de mercado, a WBD está avaliada em US$ 39,8 bilhões e a Paramount em US$ 17,9 bilhões.
Se essa fusão se confirmar, a empresa resultante de ambas seria a 6ª. maior no mundo em venda de publicidade, o que lhe daria robustez para competir com as big techs.
Essa seria a razão principal, de fato, de a Paramount encerrar a distribuição de canais lineares no Brasil e se concentrar no streaming.
Portanto, se concretizado, o negócio uniria algumas das marcas de entretenimento mais conhecidas sob uma única empresa corporativa.
Entre essas marcas estão os super-heróis da DC Comics e duas grandes redes de notícias, CBS News e CNN.
A WBD, por exemplo, controla a HBO Max, que tem séries como The Last of Us, Game of Thrones e Succession.
Aprovação regulatória
“No atual clima político, não seria surpreendente se tal acordo pudesse receber aprovação regulatória e, dado o patrocínio de uma das famílias mais ricas do mundo (os Ellison, que são acionistas majoritários da Oracle), presumivelmente, o financiamento da transação também não seria um problema”, afirma o analista financeiro e editor do boletim informativo Madison and Wall, Brian Wieser, que foi o convidado internacional do Mídia Máster do ano passado, de Meio & Mensagem.
Para Wieser, não faltariam sinergias de custos a serem realizadas e muita duplicação a ser eliminada ou desmembrada, mas, sem dúvida, haveria mais escala. “Globalmente, as duas empresas teriam, aproximadamente, US$ 17 bilhões em receita publicitária no ano passado e, nos Estados Unidos, cerca de US$ 13 bilhões. Em nível global, fora a China, a empresa seria a sexta maior vendedora de publicidade do mundo. Nos EUA, a receita publicitária da empresa equivaleria a cerca de 20% do total da indústria televisiva anualmente, o que a tornaria, de longe, a maior nesse meio. Em nível nacional, as ações pareceriam ainda mais concentradas, já que as duas empresas responderiam por cerca de 35% da receita total do segmento no trimestre mais recente”, disse Wieser em sua análise publicada há um mês.
Ou seja, grupos fortes de mídia teriam como concorrer com as plataformas das big techs citadas.
Reportagem da Reuters sobre a eventual transação entre Paramount e WBD apontou que as redes enfrentam forte concorrência de Apple e Amazon, cujos serviços de streaming (Apple TV+ e Prime Video, respectivamente) competem por talentos e valiosos direitos esportivos. A combinação criaria, ainda, um rival de streaming mais forte para a Netflix, Disney e Comcast.