FCC aprova fusão entre Skydance e Paramount Global
Novo negócio terá investimento de mais de US$ 8 bilhões e deverá seguir diretrizes da agência reguladora
*Do Ad Age com informações da Bloomberg News
A fusão da Paramount Global com a Skydance Media foi aprovada pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos, agência reguladora que apoiou o acordo depois que o governo Trump obteve concessões sobre a cobertura política e as práticas de diversidade da empresa de notícias e entretenimento.

Fusão entre a Skydance Media e a Parampunt Global vem sendo articulada desde o ano passado (Crédito: frank_peters/Shutterstock)
Como parte da aprovação, a Skydance prometeu garantir que a programação da nova empresa incorpore uma diversidade de pontos de vista de todo o espectro político e ideológico, conforme afirma o presidente da FCC, Brendan Carr, em um comunicado na última quinta-feira, 24.
A Paramount contratará um ombudsman, uma espécie de representante independente do público, dentro de um jornal por dois anos para avaliar denúncias de parcialidade.
“Acolho com satisfação o compromisso da Skydance em fazer mudanças significativas na outrora histórica emissora CBS”, diz Carr no comunicado. Os membros da FCC votaram por 2 a 1 para aprovar o acordo. A oposição foi da democrata Anna Gomez.
A Skydance Media, liderada por David Ellison, concordou em julho passado em assumir o controle da Paramount, controladora da CBS, MTV e seu estúdio homônimo de cinema em Hollywood, após meses de negociações tumultuadas com Shari Redstone, família que administra o negócio há décadas.
Ellison, filho do cofundador da Oracle, Larry Ellison, superou outros pretendentes, incluindo a Sony Group e o herdeiro do setor de bebidas, Edgar Bronfman Jr.
Como parte da aprovação, a empresa se comprometeu recentemente a eliminar práticas de diversidade, equidade e inclusão. Isso garantirá que “a empresa combinada implementará políticas e práticas consistentes com a lei e o interesse público”, afirma Carr, que foi nomeado pelo presidente Donald Trump.
As ações da Paramount subiram cerca de 1,5% após o anúncio.
A votação conclui uma revisão que se arrastou devido à oposição de outros compradores interessados e do Center for American Rights, um escritório de advocacia sem fins lucrativos que acusou a divisão CBS News da Paramount de distorcer sua cobertura para beneficiar a esquerda política.
O grupo sugeriu que a aprovação exija um ombudsman independente para lidar com denúncias de viés jornalístico — com o que a Paramount concordou voluntariamente — e a alocação de pessoal para as operações editoriais em outras cidades além de Nova York e Los Angeles.
Carr, um defensor declarado de Trump, sugere que sua revisão incluiria uma análise de como a CBS lidou com a entrevista de Kamala Harris, que concorria à presidência dos EUA no ano passado, e que motivou um processo movido pelo presidente. Ele também aponta que deverá analisar formas injustas de discriminação presentes nas políticas de diversidade, equidade e inclusão das empresas de mídia.
Ellison se encontrou pessoalmente com Carr neste mês para apresentar o acordo, argumentando que a transação tem “benefícios significativos para o interesse público”.
A FCC tem jurisdição sobre a fusão porque ela envolve a transferência de licenças de transmissão. Gomez, a única democrata entre os membros da FCC, tem criticado abertamente a posição atual da comissão em relação à mídia e se opôs a quaisquer condições de aprovação que restringissem o jornalismo independente.
A aprovação do governo permite que Ellison prossiga com os planos para a nova empresa, da qual se tornará presidente e CEO. Com o apoio da RedBird Capital Partners, a Skydance será incorporada à Paramount e fará um investimento de mais de US$ 8 bilhões na empresa.
O histórico da empresa
Ellison herda uma empresa com dificuldades financeiras. No ano passado, os três co-CEOs da empresa se comprometeram a cortar custos em US$ 500 milhões. Além disso, a companhia anunciou que planejava reduzir sua força de trabalho em 15%, ou cerca de 2.000 funcionários. No mês passado, anunciou planos para cortar mais 3,5%.
Chris McCarthy, um dos co-CEOs, deixará a empresa. A Bloomberg News havia noticiado anteriormente que ele deveria deixar a empresa, juntamente com o diretor de cinema Brian Robbins.
Embora o negócio de TV tradicional da Paramount tenha perdido espectadores e verbas publicitárias à medida que os consumidores migram para serviços de streaming como a Netflix, a Skydance prometeu injetar novo capital e investir em tecnologia no negócio.
De acordo com Ellison, há o intuito de aumentar a programação de filmes da Paramount para os cinemas, aproveitando o histórico de colaboração da Skydance em franquias de filmes como Top Gun, Star Trek, Transformers e Missão Impossível.
Ele também planeja dar continuidade a títulos populares de TV como Yellowstone e Bob Esponja Calça Quadrada, da Nickelodeon. A nova empresa começará com pelo menos uma franquia popular e lucrativa sob um novo contrato: South Park. Os criadores da sátira animada do Comedy Central fecharam um novo contrato de cinco anos com a Paramount neste mês para continuar a produzir a série.
Ao votar contra o acordo, a comissário da FCC, Gomez, acusou a Paramount de “capitulação covarde” ao governo Trump, dizendo que “é o público americano que, em última análise, pagará o preço”.
Ela também disse que a “antes independente FCC usou seu vasto poder para pressionar a Paramount a negociar um acordo legal privado e erodir ainda mais a liberdade de imprensa”.
Os senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders pediram anteriormente investigações sobre os termos do acordo de US$ 16 milhões da Paramount no processo de Trump, alegando um supostos suborno.
A Paramount também recebeu duras críticas nos últimos dias por sua decisão de cancelar o The Late Show with Stephen Colbert, da CBS. Enquanto observadores da indústria da mídia especulam que as emissoras podem estar sob pressão de empresas controladoras que buscam evitar a ira do governo, a programação noturna vem perdendo espectadores e tem um custo de produção elevado.