Mídia

Oportunidades e desafios da música na era da IA

Levantamento da Deezer aponta que novo cenário gera curiosidade e também dúvidas sobre a tecnologia

i 12 de novembro de 2025 - 6h01

Brasil se destaca como um dos países com maior curiosidade em relação ao uso da IA na música

Brasil se destaca como um dos países com maior curiosidade em relação ao uso da IA na música (Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock)

Um novo estudo global da Deezer, realizado pela Ipsos em oito países, com 9 mil participantes, revelou que 97% das pessoas não conseguem identificar se uma música foi gerada por Inteligência Artificial (IA) ou composta por humanos.

O levantamento mostra que, embora a tecnologia desperte curiosidade, há também desconfiança e uma forte demanda por transparência e remuneração justa aos artistas.

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Segundo o estudo, 98% dos entrevistados já ouviram falar de IA e 72% afirmam ter usado ferramentas baseadas na tecnologia. Ainda assim, apenas 19% dizem confiar nela.

A pesquisa aponta que 55% das pessoas sentem curiosidade em relação à IA, mas uma parcela expressiva (64%) teme que a automação leve à perda de criatividade na produção musical, enquanto 51% acreditam que o uso da tecnologia pode resultar em músicas mais genéricas e de menor qualidade.

Quando se trata do futuro da criação, metade dos entrevistados (51%) acredita que a IA terá papel significativo na composição musical nos próximos dez anos, e 46% enxergam na tecnologia um potencial para descobrir novas músicas.

Transparência e impacto na indústria

O estudo indica que 80% dos entrevistados defendem a identificação clara de músicas 100% produzidas por IA nas plataformas de streaming, e 73% querem saber quando o serviço está recomendando esse tipo de conteúdo.

Além disso, 52% acreditam que músicas geradas por IA não deveriam concorrer nas paradas musicais ao lado de produções humanas, e apenas 11% acham que devem ser tratadas da mesma forma.

Entre os usuários de streaming, 45% afirmam que gostariam de filtrar completamente músicas criadas por IA, enquanto 40% pulariam esse tipo de faixa se ela aparecesse na plataforma.

A pesquisa também revela um dilema ético e financeiro: 70% dos participantes acreditam que a IA ameaça a remuneração de músicos e compositores, 65% são contra o uso de material protegido por direitos autorais no treinamento de modelos e 73% consideram antiético que empresas usem obras sem aprovação dos artistas originais.

Para 69%, as faixas criadas por IA deveriam receber pagamentos menores do que as compostas por humanos.

A Deezer afirma que cerca de 50 mil músicas totalmente geradas por IA são carregadas na plataforma todos os dias, o que representa 34% de todas as entregas diárias.

A empresa defende que o avanço da IA na música exige regras de transparência e valorização do trabalho humano, em linha com um estudo da CISAC e PMP Strategy, que alerta que quase 25% da receita dos criadores pode estar em risco até 2028, o equivalente a 4 bilhões de euros.

Brasil: curiosidade e otimismo

No Brasil, o público se mostra mais aberto à inovação. Assim como no cenário global, 97% dos brasileiros não conseguiram diferenciar músicas feitas por IA das compostas por humanos, mas o País lidera em curiosidade e entusiasmo com a tecnologia.

O levantamento aponta que 65% dos brasileiros têm curiosidade sobre IA, enquanto apenas 28% afirmam confiar nela.

Quatro em cada dez (42%) já utilizam ferramentas de IA semanalmente ou com mais frequência.

Além disso, 62% acreditam que a tecnologia pode ajudá-los a descobrir novas músicas, e 59% preveem que ela terá um papel importante na criação musical.

Por outro lado, 60% dos entrevistados demonstram preocupação com a perda de criatividade na produção musical, e 52% acreditam que a IA pode gerar faixas mais genéricas.

Quase metade dos brasileiros (46%) relatou desconforto ao não conseguir distinguir músicas criadas por humanos das produzidas por IA.

Mesmo assim, 76% afirmam que ouviriam músicas geradas por IA por curiosidade, o maior índice entre os países pesquisados.

O Brasil também aparece, ao lado do Japão, como um dos que mais percebem impactos positivos da IA na música (54%).

No que diz respeito à transparência, 77% dos brasileiros defendem que as músicas criadas por IA sejam claramente rotuladas, e 76% gostariam de saber se a plataforma está recomendando esse tipo de conteúdo.

Já 52% aprovam que músicas feitas por IA apareçam nas paradas musicais, desde que estejam devidamente identificadas, uma posição mais flexível do que a média global.

Quando o tema é a valorização dos artistas, 65% dos brasileiros acreditam que a IA ameaça a remuneração de músicos e compositores, 56% defendem que material protegido por direitos autorais não deve ser usado para treinar modelos de IA, e 67% consideram antiético o uso de obras sem autorização do autor original.

Metodologia

A pesquisa online foi conduzida pela Ipsos Digital entre 6 e 10 de outubro de 2025, em oito países (Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Holanda, Alemanha e Japão), com 9 mil adultos com mais de 18 anos. As amostras seguiram cotas proporcionais à população de cada país.