Oportunidades e desafios da música na era da IA
Levantamento da Deezer aponta que novo cenário gera curiosidade e também dúvidas sobre a tecnologia
Brasil se destaca como um dos países com maior curiosidade em relação ao uso da IA na música (Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock)
Um novo estudo global da Deezer, realizado pela Ipsos em oito países, com 9 mil participantes, revelou que 97% das pessoas não conseguem identificar se uma música foi gerada por Inteligência Artificial (IA) ou composta por humanos.
O levantamento mostra que, embora a tecnologia desperte curiosidade, há também desconfiança e uma forte demanda por transparência e remuneração justa aos artistas.
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Segundo o estudo, 98% dos entrevistados já ouviram falar de IA e 72% afirmam ter usado ferramentas baseadas na tecnologia. Ainda assim, apenas 19% dizem confiar nela.
A pesquisa aponta que 55% das pessoas sentem curiosidade em relação à IA, mas uma parcela expressiva (64%) teme que a automação leve à perda de criatividade na produção musical, enquanto 51% acreditam que o uso da tecnologia pode resultar em músicas mais genéricas e de menor qualidade.
Quando se trata do futuro da criação, metade dos entrevistados (51%) acredita que a IA terá papel significativo na composição musical nos próximos dez anos, e 46% enxergam na tecnologia um potencial para descobrir novas músicas.
Transparência e impacto na indústria
O estudo indica que 80% dos entrevistados defendem a identificação clara de músicas 100% produzidas por IA nas plataformas de streaming, e 73% querem saber quando o serviço está recomendando esse tipo de conteúdo.
Além disso, 52% acreditam que músicas geradas por IA não deveriam concorrer nas paradas musicais ao lado de produções humanas, e apenas 11% acham que devem ser tratadas da mesma forma.
Entre os usuários de streaming, 45% afirmam que gostariam de filtrar completamente músicas criadas por IA, enquanto 40% pulariam esse tipo de faixa se ela aparecesse na plataforma.
A pesquisa também revela um dilema ético e financeiro: 70% dos participantes acreditam que a IA ameaça a remuneração de músicos e compositores, 65% são contra o uso de material protegido por direitos autorais no treinamento de modelos e 73% consideram antiético que empresas usem obras sem aprovação dos artistas originais.
Para 69%, as faixas criadas por IA deveriam receber pagamentos menores do que as compostas por humanos.
A empresa defende que o avanço da IA na música exige regras de transparência e valorização do trabalho humano, em linha com um estudo da CISAC e PMP Strategy, que alerta que quase 25% da receita dos criadores pode estar em risco até 2028, o equivalente a 4 bilhões de euros.
Brasil: curiosidade e otimismo
No Brasil, o público se mostra mais aberto à inovação. Assim como no cenário global, 97% dos brasileiros não conseguiram diferenciar músicas feitas por IA das compostas por humanos, mas o País lidera em curiosidade e entusiasmo com a tecnologia.
O levantamento aponta que 65% dos brasileiros têm curiosidade sobre IA, enquanto apenas 28% afirmam confiar nela.
Quatro em cada dez (42%) já utilizam ferramentas de IA semanalmente ou com mais frequência.
Além disso, 62% acreditam que a tecnologia pode ajudá-los a descobrir novas músicas, e 59% preveem que ela terá um papel importante na criação musical.
Por outro lado, 60% dos entrevistados demonstram preocupação com a perda de criatividade na produção musical, e 52% acreditam que a IA pode gerar faixas mais genéricas.
Quase metade dos brasileiros (46%) relatou desconforto ao não conseguir distinguir músicas criadas por humanos das produzidas por IA.
Mesmo assim, 76% afirmam que ouviriam músicas geradas por IA por curiosidade, o maior índice entre os países pesquisados.
O Brasil também aparece, ao lado do Japão, como um dos que mais percebem impactos positivos da IA na música (54%).
No que diz respeito à transparência, 77% dos brasileiros defendem que as músicas criadas por IA sejam claramente rotuladas, e 76% gostariam de saber se a plataforma está recomendando esse tipo de conteúdo.
Já 52% aprovam que músicas feitas por IA apareçam nas paradas musicais, desde que estejam devidamente identificadas, uma posição mais flexível do que a média global.
Quando o tema é a valorização dos artistas, 65% dos brasileiros acreditam que a IA ameaça a remuneração de músicos e compositores, 56% defendem que material protegido por direitos autorais não deve ser usado para treinar modelos de IA, e 67% consideram antiético o uso de obras sem autorização do autor original.
Metodologia
A pesquisa online foi conduzida pela Ipsos Digital entre 6 e 10 de outubro de 2025, em oito países (Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Holanda, Alemanha e Japão), com 9 mil adultos com mais de 18 anos. As amostras seguiram cotas proporcionais à população de cada país.