Paramount e Warner Bros: 6ª. maior em venda de publicidade
União daria poder de fôlego ante Google, Meta, e Amazon Netflix, Apple e Comcast, além de sinergias de custos
Nesta quinta-feira, 11, começaram a circular notícias de que a Paramount Skydance prepara oferta majoritária em dinheiro pela aquisição da Warner Bros. Discovery (WBD), com o apoio da família Ellison (proprietária da Oracle), de acordo com pessoas familiarizadas com a situação. A informação original partiu do jornal The Wall Street Journal, logo replicada por demais veículos e agências de notícias. Ambas as empresas não se pronunciaram. Em valores de mercado, a WBD está avaliada em US$ 39,8 bilhões e a Paramount em US$ 17,9 bilhões.
A oferta ocorre apenas algumas semanas depois que a Skydance comprou a Paramount Global por US $ 8,4 bilhões.
Portanto, se concretizado, o negócio uniria algumas das marcas de entretenimento mais conhecidas sob uma única empresa corporativa.
Entre essas marcas estão os super-heróis da DC Comics e duas grandes redes de notícias, CBS News e CNN.
A WBD, por exemplo, controla a HBO Max, que tem séries como The Last of Us, Game of Thrones e Succession.
Paramount e Warner Bros. têm alta de ações
Imediatamente após as primeiras notícias, as ações da WBD subiram até 30% e as da Paramount tiveram alta de 15%.
O movimento é natural e não surpreende os analistas que acompanham a mídia norte-americana. Até porque a WBD está em fase de reorganização seus negócios de mídia para separar a TV paga de suas unidades de estúdio de cinema e streaming.
Mas a aquisição pela Skydance, se refere a todas as propriedades de mídia da WBD, inclusive o estúdio de cinema Warner Bros. e os canais HBO e CNN.
Assim, se for bem-sucedido, o acordo reunirá dois dos estúdios mais conhecidos de Hollywood, bem como os serviços de streaming HBO Max e Paramount +.
“No atual clima político, não seria surpreendente se tal acordo pudesse receber aprovação regulatória e, dado o patrocínio de uma das famílias mais ricas do mundo (os Ellison, que são acionistas majoritários da Oracle), presumivelmente, o financiamento da transação também não seria um problema”, afirma o analista financeiro e editor do boletim informativo Madison and Wall, Brian Wieser, que foi o convidado internacional do Mídia Máster do ano passado, de Meio & Mensagem.
Para Wieser, não faltariam sinergias de custos a serem realizadas e muita duplicação a ser eliminada ou desmembrada, mas, sem dúvida, haveria mais escala. “Globalmente, as duas empresas teriam, aproximadamente, US$ 17 bilhões em receita publicitária no ano passado e, nos Estados Unidos, cerca de US$ 13 bilhões. Em nível global, fora a China, a empresa seria a sexta maior vendedora de publicidade do mundo. Nos EUA, a receita publicitária da empresa equivaleria a cerca de 20% do total da indústria televisiva anualmente, o que a tornaria, de longe, a maior nesse meio. Em nível nacional, as ações pareceriam ainda mais concentradas, já que as duas empresas responderiam por cerca de 35% da receita total do segmento no trimestre mais recente”, disse Wieser em sua análise publicada nesta quinta-feira, 11.
Paramount e Warner Bros e a batalha com as big techs
Para o analista, isso seria útil no contexto de negociações iniciais e suas vantagens relativas de preço e participação de mercado. No entanto, diz, quando se trata de orçamentos que vão além da televisão, Paramount e WBD e ainda estariam bem atrás de Google, Meta e Amazon (e TikTok e Microsoft, em muitos casos, também).
“Para esses fins, tal combinação faria pouco para mudar diretamente os problemas que a publicidade televisiva enfrenta ou as realidades do declínio secular do meio”, avaliou Wieser.
Por fim, diz, os profissionais de marketing têm, continuamente, transferido seus orçamentos da televisão para plataformas individuais que, frequentemente, representam itens de linha distintos em seus planos de mídia.
“No entanto, uma maior escala poderia facilitar a um grupo combinado de redes a concretização de novos rumos. Acreditamos que os grupos de redes de TV podem encontrar caminhos futuros para o crescimento, evoluir e se tornar mais como plataformas”, afirma Wieser.
Ou seja, grupos fortes de mídia teriam como concorrer com as plataformas das big techs citadas.
Reportagem da Reuters sobre a eventual transação entre Paramount e WBD aponta que as redes enfrentam forte concorrência de Apple e Amazon, cujos serviços de streaming (Apple TV+ e Prime Video, respectivamente) competem por talentos e valiosos direitos esportivos. A combinação criaria, ainda, um rival de streaming mais forte para a Netflix, Disney e Comcast.