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26 de agosto de 2019 - 14h20
Por Cesar Ripari (*)
Muito se fala nas competências necessárias para a conquista de uma boa posição no mercado de trabalho. As inovações vão chegando e por consequência as habilidades requeridas pelas empresas têm de acompanhar essa evolução tecnológica.
Vivemos a era da Quarta Revolução Industrial ou da Indústria 4.0, onde as organizações utilizam a Inteligência Artificial (IA) para muitos de seus processos. Com a aplicação de ferramentas de IA, a análise de dados é muito mais veloz e potencialmente mais eficiente, além de reduzir vieses de entendimento. Por isso, é fundamental que os profissionais consigam avaliar essa imensa quantidade de informação gerada pelos novos instrumentos de IA.
A tecnologia nos leva a um outro patamar, mas sem saber “ler” dados, não é possível extrair insights e gerar melhores resultados para a empresa. Mas então como se preparar para esse novo cenário corporativo? Qual habilidade o profissional deve ter para se destacar e conseguir gerar a informação que fará a diferença para a companhia?
Uma das competências que ainda não faz parte do job description das vagas, mas que será o grande diferencial no currículo do profissional, é exatamente essa capacidade de ler dados. Os dados são considerados o novo petróleo, e assim como o petróleo, devem ser tratados e refinados para que tenham valor.
A geração e consumo de dados cresce de maneira exponencial, ou seja, não tem fim. De acordo com levantamento da consultoria IDC, em 2025 serão quase 5 mil interações diárias orientadas por dados por pessoa. Em 2017 eram 300 contatos por dia. Diante desse cenário, espera-se que até 2020, 80% das organizações iniciem o desenvolvimento de competências no campo da alfabetização em dados.
Quem terá vantagem no mercado de trabalho será quem souber ler, trabalhar, analisar e argumentar com dados. Com o avanço de sistemas cada vez mais inteligentes, algoritmos especialistas, bots, entre outros, a IA deve ser complementada com recursos associativos e cognitivos. Dessa forma, a análise das informações passa a ser muito mais inteligente e contextual. E isso abre inúmeras oportunidades dentro de setores como desenvolvimento, ciência de dados e segurança, se formos olhar por um prisma mais tecnológico.
Por outro lado, a capacidade de contar uma história (storytelling) por meio dos dados possui uma grande relevância – os recursos de visualização estão cada vez mais avançados – e conseguir demonstrar um resultado de uma maneira visual clara, limpa e eficiente se torna um grande diferencial.
Hoje, com a alta democratização da informação dentro das companhias, para todos os níveis hierárquicos, tudo chega muito fácil para qualquer nível da empresa, e é preciso garantir que todos estão lendo as informações de forma correta.
Devemos tratar o estudo dos dados da mesma forma como aprendemos um segundo idioma. Um recente estudo do Gartner, Information as a Second Language, defende essa ideia. Quando aprendemos a ler, passamos pelo vocabulário base, depois vamos aperfeiçoando o conhecimento, criando proficiência até atingir a fluência. Com os dados, o fluxo é o mesmo. Partimos de uma compreensão básica e vamos evoluindo. Obviamente o mercado vai sempre olhar com mais atenção para profissionais que sejam fluentes, nesse caso, fluentes em dados. E assim como no caso do idioma, o estudo e a prática devem ser constantes.
Há iniciativas de empresas globais e entidades com a missão de criar um mundo alfabetizado em dados. Universidades também estão começando a incorporar o tema em suas grades. Saber lidar com a ciência dos dados será inerente a todos os profissionais do futuro, que precisarão ter autonomia para operar dados das suas áreas de atuação.
*Cesar Ripari é diretor de pré-vendas América Latina da Qlik